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Simone Moura e Mendes [Colunista e Poeta Brasileira]

Simone Moura e Mendes, casada, nascida em 14/10/67, em Maceió/AL. Formou-se em Administração de Empresas e Direito, além de haver cursado metade do curso de Psicologia.

Publicou dois livros de poesias: Incógnita (1997) e Eu mesma... nua (2001).

É Analista Judiciário do TRT da 19ª Região, onde, além de seus misteres institucionais, vem realizando, ao lado dos colegas de Unidade Jurisdicional, e com o apoio da Juíza Titular e da Presidente do Regional, o Projeto “Justiça à poesia”.

Nos idos dos seus 43 anos de idade, resolveu fazer incursões nas crônicas do cotidiano, com vária delas publicadas por jornais de grande circulação do Estado.

É colunista do blog www.luizberto.com (Jornal da Besta Fubana) e publica suas poesias e crônicas em seu blog pessoal: www.simonemouramendes.com , no Recanto das Letras, Escritores Alagoanos e Overmundo.



Alguns poemas de Simone Moura e Mendes

A TI, CLÁUDIO!

Faço-te uma canção, com esmero
clamo-te em oração, por desvelo
Cláudio, amor meu!
minha sandice, meu desmantelo
meu limite, meu horizonte

Amo-te tão intensamente que dói
uma dor gostosa e salutar
que não me faz saciar
meu ímpeto de mais e mais
e sempre mais querer-te amar

Ao conhecer-te, aflorou-me o medo
já incrustado por outros desassossegos
mas, não sem razão
minha intuição de mulher
guiou-me inelutavelmente a ti
e nosso idílio foi abençoado
por anjos, arcanjos e serafins

Cláudio, amor meu!
sábia emanação de Deus
celebração de ternura
o precursor és das minhas venturas

Portanto, amar-te-ei em vida,
e antes e após me abater a morte
é o teu nome que chamarei

 (Poesia do livro Eu mesma... nua)


AH! POETA

Ah! Poeta, pobre poeta
profetizas, deliras,
satirizas o mundo
fazes exaltação da vida
desdenhas tuas próprias feridas

Ah! Poeta, nobre poeta
navegas no mar, no amar
degustas os corais, o sal
cavalgas no dorso
de um cavalo-marinho
alimentas-te das algas
acalentas-te no marulhar
no misterioso torvelinho do mar

Ah! Poeta...
um louco sem asilo, inválido
um cego sem guia, incompreendido
um gigante desvalido
tua vida deve ser mais além
do que simplesmente versejar

Oh! poeta!
por que fazes da dor o teu gáudio?
é a eclosão de uma elegia, talvez
mas da alegria, fazes teu cadafalso
pois sabes, pobre e fausto poeta
que sem tristeza não te vem a poesia
e tua vida torna-se um dia-após-dia

(Poesia do livro Eu mesma...nua)


DA LUZ OU DAS TREVAS

Atrás de nós, toda a eternidade
e nada nos foi revelado
viemos da luz ou das trevas?

Inócuo nascemos
despidos e límpidos
sem indícios de pecados

Covarde, bandido, ímpio, campeão, herói...
que será de nós?
por onde caminharemos?
não, nada sabemos...
se iremos à luz ou ao encontro das trevas

Sentimentos difusos nos dividem
em mil criaturas inconvictas
hospedeiras de amor, ódio, lirismo, poesia...
ora criança terna, ora animal irracional

Nessa esfera global que nos aprisiona
e não limita nossos pensamentos
formamos uma multidão infinita de errantes
e cada um de nós, síntese
um ser ser individual

Deus, incomensurável grandeza
inconteste sabedoria
fez-nos senhor do livre arbítrio
e encontra-se à paisana
nalgum lugar de nossa consciência

 (Poesia do livro Incógnita)


EM BUSCA DO QUARTO CRESCENTE

Lua, lua!
com essa história de mudar de fases
é um tal de engorda e emagrece
que inspira cá embaixo as pobres criaturas
- principalmente as mulheres -
a viverem sempre penando
em busca de uma melhor escultura

Deixa disso, amiga lua!
sabes bem que quanto mais Cheia
mais exalas formosura

Já as pobres criaturas cá embaixo
submissas à tua luminosidade
embora alcancem seu Quarto Crescente
não terão jamais o brilho etéreo do teu prateado


FRAGMENTOS DE UMA POETA

E a poeta se personificou
animou imagens mortas
viu beleza em mãos sulcadas
saiu do casulo e voou
poetizou a Justiça
fez justiça à poesia
E a poeta se personificou
excomungou as querelas do coração
entendeu os contornos da vida
sentiu a integração do multiverso
revirou os seus reversos
E a poeta se personificou
não deixou sua nau submergir
entregou-se às paixões... amou
sobreviveu, incólume, às desolações
fotografou-se em pele de felina
E a poeta se personificou
decifrou as impressões do escuro
despiu-se das certezas
remontou seu quebra-cabeça
em terreno árido versejou
tocou o desabrochar da flor
E a poeta se personificou
não concebeu o amor sem saudade
amadureceu meio sã, meio louca
o sol da Pajuçara se enamorou
acertou-se no tamanho do desacerto
E a poeta se personificou
buscou focalizar seus ângulos
resgatou memórias de 1985
acalentou seu menino
 hoje, cidadão do mundo
penando as dores de um idealista
E a poeta se personificou
refletiu-se através das amigas
teceu novas teias para seu viver
empinou sua própria pipa
em vento que sopra lucidez

E a poeta se personificou
fugiu de si e se encontrou
refez alicerces à prova da erosão
deu as mãos à poesia
e dançou em todos os ritmos
de um novo ponto de partida
 

FRUTA DA ESTAÇÃO

Tenho a arte da manha
minhas artimanhas
e seduzo-me nas manhãs
compacta como maçã
Não sou maçã, porém
sou romã
fracionada por dentro
rija por fora
limão, às vezes
De vez em quando, uva
doce sedução
às vezes exótica como kiwi
ou sensual como caqui
O espelho capta-me
impiedoso, fala mudo
e desnuda-me o medo
que a idade maracujá
 furte-me a arte da manha
e o sorriso das manhãs
Sou mulher,
onda hormonal
humor elipsal
sou fruta da estação
com valor nutricional


LIRISMO SAGRADO

Na noite...
os meus olhos não viajam
se voltam para mim
então, a lírica me possui
e deixa-me em harmonia

É o prenúncio de um rito sagrado
onde não reside a inocência,
nem mesmo o pecado
nua, vejo-me só a mim

Encontro a alegria, o sofrimento
o prazer, o encantamento...
sinto todos os sabores
enxergo todas as cores
que a minha solidão for capaz de possuir

Nem humano, nem deus
sou um cavalo alado,
um viajor do tempo,
desbravador de mundos e dimensões
enterradas deixo as dissensões
sob a terra limitada

É o cheiro de mar, o gosto de sal
o doce das frutas, colheita divina
são visões insólitas multicoloridas
euforias irrefletidas...
é tudo quanto quero ver e sentir

Quando me farto de inebriantes emoções
enxugo as lágrimas
apago os sorrisos
cerro os olhos lassos
e em sonho... tudo resgato

(Poesia do livro Eu mesma... nua)


POEMA ALAGOANO

Como Adélia Prado, “nasci um anjo esbelto”
e “de vez em quando Deus me tira a poesia”.
É a tal pedra de Drummond de Andrade no meu caminho.
Porém, “nada a temer senão o correr da luta”,
como lecionado pelo grande Milton Nascimento
Se no verso de Camões o “amor é fogo que arde sem se ver”,
“quero vivê-lo em cada vão momento”, como fez  Vinícius de Moraes,
fazendo louvação à poesia – expressa maior da alma-
eis que “quem faz um poema abre uma janela”,
como sentenciado pelo inolvidável Mário Quintana
Adolescida, regressei da Terra do Maracatu,
para reencontrar a poética na Maceió dos meus tempos primevos
sonho em conhecer a França, a Itália, a Grécia...
até mesmo a maravilhosa Passárgada de Manuel Bandeira.
Mas, tal como o “Acendedor de Lampiões” de Jorge de Lima,
sou alagoana e do Velho Graciliano Ramos sou fã.
É, pois, dos ares dos alagoanos mares de onde emana minha inspiração.


Simone Moura e Mendes
Todos os direitos autorais reservados a autora.

Um comentário

Poesia Sem Limites disse...

Gostei do poema que fala da lua. Poderia até falado das fases dela. É que eu viajo nas rimas e na lua, sabe e não posso adimitir o "principalmente as mulheres" rsrs. Adorei, viu? Beijinhos poetisa.