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TODOS OS DIAS DE ONTEM, DE NEWTON EMEDIATO FILHO [ Isabela Lapa e Kellen Pavão]

TODOS OS DIAS DE ONTEM, DE NEWTON EMEDIATO FILHO

No livro Todos os dias de ontem, o escritor Newton Emediato Filho reuniu 20 contos sobre pessoas simples que vivem na região centro-sul de Minas: o alto do Paraopeba.

De forma leve e repleta de sentimento, o escritor narra o cotidiano de um povo que parece viver em um universo diferente do nosso. Enquanto nós nos preocupamos com questões tecnológicas, com política, ciência, globalização, dinheiro etc, os personagens do livro, que foram criados a partir da convivência do escritor na referida comunidade, levam uma vida humilde e trabalham em contato com a natureza e com os animais. São pessoas com uma cultura rica, repleta de tradições e costumes, mas bem diferente da que vivenciamos atualmente.

Em cada conto ele apresenta um personagem e todos nos encantam de uma maneira diferente. A forma detalhada com que cada um é descrito, nos permite imaginar o que seria viver em um local onde o desenvolvimento aparentemente não chegou.

Um destaque do livro é a forma sensível e ao mesmo tempo intensa com que o escritor narra as tradições que estão praticamente esquecidas hoje em dia. Ele nos apresenta um linguajar sertanejo e valoriza as raízes culturais dos mineiros.

Separei, em alguns contos, passagens que me chamaram a atenção:

Mas quando sai da cidade com aquela pasta cheia de cartas, faz um ar de felicidade e rapidamente, pega o caminho de volta. As guloseimas da padaria, o Felício vai comendo pela estrada. Abre espaços e sorrisos. Nem sempre há cartas para seus amigos perto de onde mora. Então ele campeia pela estrada ou atalhos ciliares, lacustres, aproveitando áreas refrescantes das árvores. Assim, o mundo interior de Felício se enche de fascínio nesse amplo espaço natural. (Notícias que navegam, p. 28/29)

Após se servir, ele cedeu lugar aos outros, sempre atento à pequena Graciela e ao cenário ao redor. Parecia querer enxergar o que não podia ver os outros homens. Antes de sair da cozinha, lançou olhos compridos à barra do morro, sentindo-se bem perto do céu. Pudesse ele, permanecia ali por muito tempo, mas tinha ânsia. Sua mente navegava nestas paisagens tão próximas, impregnadas de som e cor. Tudo ele guardava para sim, em silêncio... Que rezasse ele? – Podia ser e com sofreguidão. (Um prato muito especial, p. 39)

Tanta beleza que a natureza respingara por ali fazia com que ele se sentisse em completo êxtase! Sentia-se naquela paisagem como se fosse dono absoluto do mundo e todas as suas quizílias se distanciavam naqueles momentos. (Paroba, p. 52)

Finalmente a fogueira! Todos os meninos em roda, agora conversavam e riam, aqueciam as mãos bem próximas às chamas do fogo. O tempo passava rápido e a chuva, nada de estio. O barulho da chuva nas telhas da cobertura aumentava. Com a lanterna apagada Pelão enxergava os rostos dos meninos pelejados, cabreiros, à luz das chamas da fogueira. (Viajantes noturnos, p. 66)

O rapaz trabalhava em silêncio, mas sua mente estava em ebulição com mil idéias. Há muito não frequentava a escola, pois cabulava as aulas. O que se ensinava por lá, de modo algum lhe fazia qualquer sentido. As muitas astúcias que aprendera, foi mesmo fora do colégio. (Máquina de descascar arroz, p. 87)

- A saudade é um sentimento nobre e quando se torna forte é porque no passado houve um grande amor - Estas são palavras circunspectas do astuto Chico do Antônio. (Os tropeiros de água limpa, p. 120)


Sem dúvida trata-se de uma leitura leve e prazerosa. Cabe salientar que o livro foi premiado pelo programa + Cultura bacia do rio São Francisco - Funarte e Ministério da Cultura.

Para adquirir o livro e acompanhar as novidades sobre os eventos de lançamento do mesmo, basta acessar o facebook.




Isabela Lapa e Kellen Pavão – Administradoras do blog Universo dos Leitores, que fala de livros e de tudo que estiver relacionado a estes pequenos pedaços de papel que nos transferem do mundo real para o universo dos sonhos, das palavras e da felicidade!

Um comentário

Cinthia Kriemler disse...

Cada trecho dá vontade de ler mais. Uma prosa com cara de Minas mesmo. Muito bom.