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Ao que está por vir [Dy Eiterer]

Ao que está por vir

Não, eu não sou tão apressada quanto pareço. Tenho tempo pra você. E sempre terei. Minha agenda parece lotada, mas na verdade não passam de vãos, esperando que você apareça com esse sorriso, com essa cara de quem tem saudade, com essa voz que faz o coração tremer. Meus vãos esperam por suas mãos para os preencher.

Sim, eu espero por você. Todos os dias. Às vezes sem dar conta, como país que estás prestes a ser invadido, mas crê que o inimigo dorme à noite. Outras vezes, eu espero muito, como a criança na janela, olhando para o céu, desejando ver o trenó do senhor Noel.

Desejo sua chegada em minha vida de várias formas: delicada como uma flor, surpreendente e leve, deixando o seu cheiro no meu casaco depois daquele abraço. Pode ser uma chegada meio morna, com seu hálito quente no meu pescoço, na tarde dourada de um outono ou pode ser uma chegada festiva, com balões e música, de parar o trânsito e me tirar o fôlego. O que precisa entender é que eu desejo a sua chegada, seja lá como ela for, seja lá quando ela for, mas não demore. Sou inquieta de natureza e posso me distrair com outras coisas e deixará de ser tão desejado, poderá ser tarde demais.

Quero que me traga flores de vez em quando, mas que me afague sempre. Quero que esteja sempre em uma distância segura: nem tão perto que eu possa lhe machucar com meus espinhos – naturais em todas as rosas, mas chamados de defeitos nos humanos – e nem tão longe que possa cortar meu coração com as lâminas afiadas da saudade. Quero sentir a sua ausência de modo suave, para que ela possa ser aplacada em um abraço que pare o mundo e que nos desligue de todos os problemas lá de fora, que insistem em nos atormentar.

Vamos rir juntos. Você deve ser bom nisso. Faça piada de meu cabelo desgrenhado pelo vento, do esmalte descascado nas unhas, das buzinas enlouquecedoras do trânsito. Presenteie-me com o seu bom humor assim como eu lhe entrego o meu. Deixe as carrancas para os artesãos e as tradições populares.

Cante. Pode desafinar. Eu também não sou uma diva pop. Mas temos que ter uma música para cada momento, construindo o filme de nossas vidas. Elas nortearão nossas lembranças se um dia nos perdermos no tempo, no vento, na vida, de nós mesmos.

Faça de mim a sua companhia mais agradável em dias de chuva. Mas aceito passar algumas horas de longe, sentada, lendo um livro, tomando um bom café e ouvindo um blues enquanto você se contorce vendo o seu (com sorte o nosso) time jogando na TV. É que eu não gosto da TV, mas um filme, um vinho, um cobertor e você já será o melhor programa da semana, desses de horário nobre.

Diga-me algumas mentiras, dessas que os homens contam, do tipo: “não, não vamos nos atrasar se resolver trocar de roupa pela quinta vez” ou ainda “sim, ela é linda, mas você é mais!” eu vou saber que é mentira, mas ficarei feliz em saber que tenta me agradar e tranquilizar.

Dê-me seu ombro quando eu quiser chorar, sua mão pra eu segurar e seus pés pra eu seguir. Quero fazer de seus olhos os meus faróis e de seu colo o meu alento e segurança. Não me deixe sozinha. Não me deixe no escuro. Não me deixe na madrugada. Eu tenho medo das criaturas que habitam as noites roubando nosso sono, nossos sonhos, nosso sossego.

Não seja sempre certinho: adoro flores roubadas do jardim do vizinho, um leve porrezinho, uma fugidinha no meio da tarde. Deixemos para ser politicamente corretos com os outros. Podemos nos dar ao luxo de sermos divertidos de vez em sempre em nós.
Sejamos sinceros, eu, você, nós. Que nossas palavras sejam medidas, certeiras, firmes e verdadeiras. Não gosto de rodeios. Não gosto de círculos que não nos levam a lugar nenhum e me perco em labirintos, então, sejamos lisos.

Ah, e não demore a chegar. O coração já anda aos pulos, ele não sabe esperar, e a cada dia põe-se à janela, a espiar por onde andas. Ele ainda não sabe de onde vem, quando vem ou que cheiro tem, mas está pronto para reconhecê-lo no meio da multidão e o aguarda, quente como um vulcão, aberto em emoção.


Dy Eiterer. Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. Edylane é Edylane desde 20 de novembro de 1984. Não ia ter esse nome, mas sua mãe, na última hora, escreveu desse jeito, com "y", e disse que assim seria. Foi feito. Essa mocinha que ama História, música e poesia hoje tem um príncipe só seu, seu filho Heitor. Ela canta o dia todo, gosta de dançar - dança do ventre - e escreve pra aliviar a alma. Ama a vida e não gosta de nada morno, porque a vida deve ser intensa. Site:Dy Vagando

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