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Impressão em prosa quase erótica [Paulo Ras]

Impressão em prosa quase erótica

A prosa poética é um estilo diferente. Não é poesia. Não é prosa. São os dois. E nesta sexta-feira fria, nada melhor que falar em prosa a dois, de calor mútuo, de corpos acalentados. Tudo em prosa. Tudo em poesia. Leia, se esquente, tenha sua impressão, compartilhe e comente.
Sua voz de adeus noturno resmunga aos meus afagos. Suas mãos famintas devoram meus dedos que a procuram em meus toques sonâmbulos. Enrola-se em minhas cobertas e me abandona ao sabor do relento. E me sorri, me seduz, faz descer meus olhos por seus ombros, pelos braços e, sorrateira, sobe a blusa que gentilmente a oferecia para o meu deleite quase sagrado. E no meio das nossas noites de amor intenso, fita-me com os olhos de quem vai me pedir o universo - Já sabendo que eu darei – e em um ronronar quase sussurrado, fala de uma fome implacável que se abateu repentinamente e, hipnotizado, levanto, e atravesso a sala, perambulo por entre as panelas, quebro alguns ovos, salpico sal, temperinhos e, do nada, um quitute, junto com o seu novo murmurar: “E não esquece o suquinho, meu amor. Seeeede!”. E sai um suco gelado, uma omelete apetitosa e um sorriso de servo feliz. E, nua, se empapuça com o alimento. Os seios repousando delicados, as nádegas, as coxas... tudo tão harmônico, tão sublime. Que omelete maravilhoso. E este suco... hummmm.. dos deuses. E me pavoneio, sorrio. Jogo o prato na pia e o meu corpo na cama. E a olho aninhada. E a observo dormindo. E adormeço, pereço ao teu lado, corpo domado, e a tua voz de adeus noturno torna a resmungar aos meus afagos. Adoráveis, doces, ternos resmungos, de um amor que me engole, me goza, me joga insano para querer adormecer por tanto de vida que ainda me resta, ao sabor de todos os seus desejos inconstantes.


Paulo Roberto Anastacio da Silva (Ras por abreviação.). É publicitário, jornalista e escritor. Nasceu em Curitiba, em 1970. Formado na PUC Paraná em Publicidade em 1993 e trabalhando na área jornalística desde 1997. Trabalhou nos extintos Diário do Litoral e Jornal Expressão. Editor do Jornal Gazeta Paranaguara desde 1997. Na TV Serra do Mar (atual TVCI) atuou como repórter e editor-chefe do programa Voz do Litoral. Em 2012 lançou o livro de poesias “Sussurros, Desamores e Colibris.”.

   

Um comentário

problemasaovento disse...

Bom texto... Escrevo coisas nessa linha também... Pequenos contos, ou prosas, não sei ao bem dizer rs.

E pretendo poder lançar um livrinho também em breve. Mas tem tanta burocracia envolvida, da até preguiça de tentar.