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Não a perdi, perdi a mim mesmo [Ronaldo Magella]


Não a perdi, perdi a mim mesmo

Ninguém gosta de perder, sejam coisas, dinheiro, jogo, tempo, qualquer coisa, menos ainda quando perdemos alguém, aqui é pior, pois não perdemos a outrem, mas a nós mesmos, perdemos o que somos quando estamos com a outra pessoa, perdemos a vida que tínhamos com o outro, a outra, com outrem, nos perdemos, deixamos de ser quem somos, éramos, poderíamos ser.

Como disse Carpinejar, “sentir saudade agora é sentir saudade da minha vida com ela”, no livro Ai meu Deus, ai meu Jesus. Custa pra gente entender e perceber que a gente não perde a alguém, a gente perde a nós próprios, a nós mesmos, pois perdemos o nosso sorriso com a outra pessoa, a forma como conversávamos, como a olhávamos, como a sentíamos, uma vez que cada pessoa provoca em nós um sentimento, desperta em nós uma emoção, uma sensação, um sentido de vida, mas isso quando estamos com ela, junto a ela, junto dela.

Agora, já sem o outro, outra, perdemos o sorriso que ela nos provocava, até mesmo a raiva, perdemos o bom de estarmos juntos e o quanto aquilo nos fazia bem, as conversas a esmo, os planos para o futuro, a juras de amor que fazíamos a ela, mas era a nós mesmo a quem prometíamos, pois queríamos mesmo viver aquilo, ser aquilo, daquela forma, e agora, sem ela, nós não somos mais os mesmos, somos apenas vazio, saudade e perda. 

Sem outro agora, a outra, a pessoa, lamentamos a nossa própria ausência, pois era mais fácil viver sabendo que iríamos a qualquer momento, dia, hora nos encontrar e esse encontro, nesse encontro teríamos tantas coisas pra dizer, sabíamos que haveríamos de sorrir, e que sim, ela também iria sorrir dos meus programas de tv, reclamar dos meus filmes, da minha série Sobrenatural, mas também iria me encher de perguntas sobre o mundo, a vida, o destino, a dor, a morte, a angustia de ser e viver quem somos, e agora, agora já não nos resta nada, só a saudade, a dor, o vazio, as lembranças.

E quando não nos resta mais nada lembramos que não resta mais nada de nós, pois só éramos o que éramos com ela, perto de dela, ao lado dela, junto a ela, com ela, por ela, dela. Sim, éramos dela e só agora é que conseguimos perceber isso, como afirmou Paulo de Tarso, já não sou quem vive, é Cristo quem vive em mim, poderíamos então dizer, já não era eu quem vivia, mas era por ela que seguia.

Seguia, sim, pois por ela entregava meus primeiros pensamentos, minha primeira mensagem de celular, por ela pensava e sonhava os planos meus mais doces de amor e ventura de um futuro bom como cantou o Jotaquest, pra ela, por ela vivia os dias, contava as horas, prosseguir sem medo, temor ou tremor, por ela tinha a certeza de que sim, tudo iria vale mesmo a pena, tudo seria verdadeiro, sincero, bom, simples e profundo, por ela, pra ela, com ela, dela pra sempre. 


Jornalista e Professor - Blog - http://www.ronaldo-magella.blogspot.com/

Ronaldo Magella é professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista, cronista, tem 33 anos, é do signo de peixes, não gosta de futebol, prefere livros, é formado em Letras e Jornalismo pela UEPB, tem especialização em linguística, e agora é acadêmico de Pedagogia pela UFPB, adora MPB, Rock, café, romance, paixão e café, não nessa ordem, trabalha hoje com internet, rádio, assessoria de imprensa, leciona, sonha e vive, mas sonha do que vive, afinal, enfim.

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