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Professor dos EUA desvenda mistério de livro escrito por escrava afroamericana [Revista Biografia]

Professor dos EUA desvenda mistério de livro escrito por escrava afroamericana

Publicado no África 21 Digital 

Para o professor, a descoberta da identidade da escritora vai revolucionar a compreensão mundial sobre a qualidade da literatura produzida por mulheres negras, conforme publicado no The New York Times. 

Nova York - Nova York - Em meados de 1850, uma escrava fugitiva escreveu de próprio punho uma novela autobiográfica. Em 2002, a novela "The Bondwoman's Narrative" ("A narrativa de uma serva", em português), primeira escrita por uma escrava afroamericana, foi publicada e se tornou um sucesso de vendas nos Estados Unidos.

O livro foi assinado por Hannah Crafts, um nome que muitos acreditavam tratar-se de um pseudônimo, tornando a identidade real do autor um mistério. Mas só até agora.

Isso por que, o professor de inglês da Universidade de Winthrop na Carolina do Sul, Gregg Hecimovich, assegurou nesta semana que descobriu o nome da autora: é Hannah Bond, conforme publicado no The New York Times.

Ele explica que Hannah era escrava em uma plantação da Carolina do Norte pertencente a John Hill Wheeler, político e historiador que exerceu o cargo de Tesoureiro do Estado da Carolina do Norte entre 1855-56.

O professor levou uma década para descobrir a identidade da escritora, segundo explica o jornal, tempo em que entrevistou familiares de Wheeler e consultou diários, registos e testamentos.

Os dados recolhidos por Hecimovich indicam que Hannah conseguiu fugir da escravidão disfarçada de homem, com a ajuda de um dos familiares de Wheeler.

Toda essa descoberta resolve outro mistério do livro: como uma escrava com limitada educação teria sido tão influenciada por Charles Dickens?

De acordo com Hecimovich, a plantação onde ela trabalhava rotineiramente fazia divisa com uma escola para garotas, onde as alunas tinham que recitar trechos da novela "Bleak House" ("Casa desolada").

Assim, Hannah poderia ter escutado, enquanto eles estudavam, ou arrebatados uma cópia para ler, secretamente formando seu próprio romance.

Os estudos de Hecimovich tem sido revista por vários estudiosos que atestam a sua autenticidade, incluindo Henry Louis Gates Jr., um dos proeminentes estudiosos da história afro-americana.

"Palavras não podem expressar o quão significativa é a descoberta para os estudos da literatura afro-americana", disse em entrevista ao The New York Times. "Ela revoluciona a nossa compreensão da literatura das mulheres negras".

Professor Gates, que comprou o manuscrito do livro em um leilão em 2001, disse que a descoberta do professor Hecimovich responde a uma das grandes e persistentes questões sobre o autor que o tem perseguido por mais de uma década.

Hecimovich, de 44 anos, afirmou que pretende publicar seus resultados completos em um livro, intitulado provisoriamente de "A vida e os tempos de Hannah Crafts".

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