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A maldita beleza interior [Tiago Morini]

Tatiana Noya
A maldita beleza interior

Hoje, enquanto caminhava no shopping,passei por uma moça de cabelos invisíveis. Divinamente linda. Naqueles segundos que pude admirá-la, seus ausentes cabelos disseram-me não só da beleza física que esbanjava aos olhos, mas também do seu interior. Continuei olhando-a com o desconforto da cabeça mal voltada e pensei:seria feliz se pudesse sentar e conversar e conhecer e rir e, ao menos uma vez, confessar o quanto a entendo estranhamente bela.  

A maioria das pessoas reclama que os outros não lhes sabem ver a beleza interior, mas eu, quando as olho fundo em sua alma, através das máscaras que usam, vejo alguém triste, deprimido, que não se aceita e não se ama. Pior: que espera que os outros lhe deem algum valor para só então valorizar a si mesmo. Nelas não há beleza, só uma tristeza amarga, distante e vazia, maquiada por alguma auto piedade.

Amar-se é essencial - clichê, sei - mas ninguém se ama com frases bonitas nas redes sociais. Faz-se isso sendo sua melhor companhia, dedicando-se àquilo que você gosta e se sente bem fazendo. Nunca pelos outros, sempre só por você.  

Eu amo minha barba. Uso-a a despeito da maioria dizente que feia, ou que nojenta, ou que suja, ou que mendicante, ou que infinitamente mais bonito – acentuam – sem ela. Sempre respondo: Eu não quero ficar bonito, quero usar barba.

Estranhamente, ao fazer o que eu gosto, e demonstrar completa indiferença pelo que os outros apreciam ou não em mim, passei a, não apenas ter o respeito das pessoas, mas, também, ser admirado, tal qual eu mesmo admirei aquela moça de cabelos invisíveis. E o segredo é tão simples de ridículo que é absurdo as pessoas apenas ignorarem-no: faça o que ama.

A beleza interior começa com amor próprio, e só acredito que alguém realmente se ama, quando se permite fazer aquilo que ama, mesmo que os padrões ditos belos sejam outros. Você obrigaria seu amor, apenas exemplo, a trabalhar a vida inteira numa lugar que ele odeia? Acredito que não. Então, porque você faria isso consigo mesmo? Melhor: você sabe o que ama? O que gosta? O que precisa? Espero que sim, se não souber, jamais conseguirá amor próprio numa sociedade de padrões irreais.

Não é fácil amar-se quando o mundo está contra, mas vale a pena tentar.


Tiago Morini, mas algumas pessoas me chamam de Morini e outras mais próximas (por preguiça talvez) de apenas Ti. Tenho 27 anos, moro em Joinville/SC, sou um leitor compulsivo e aspirante a escritor.  Eu gosto de passear em livrarias e sebos mesmo que só para olhar, sentar no chão e folhear livros. Então, se um dia você estiver passeando numa livraria, e encontrar um sujeito barbudo e estranho sentado no chão com algum livro em mãos, talvez seja eu. Além de livros eu gosto de música, teatro, parques, animais, tomates, e um monte de outras coisas. Enfim, este sou eu...

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