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Melancolia [Dy Eiterer]

Melancolia
 

Já havia se acostumado com o frio das tardes outonais. Sentia esse frio mesmo se fosse verão. Sentia-se vazio mesmo quando estava cheio. Sentia-se sozinho mesmo quando acompanhado.

Sentia a falta daquela que por algum tempo havia se transformado em todo o seu tempo. Em todos os seus pensamentos. Agora já não sabia mais caminhar pelos mesmos lugares de antes sem sentir a sua presença naquela ausência. 

Tudo tinha sido muito rápido, quase um piscar de olhos. Uma mudança de estação. Tempo contado no relógio. Prazo de validade curto. E ela não lhe saia da memória...

Enquanto olhava para a paisagem com árvores desfalecendo e perdendo as suas folhas, típico da estação, pensava nela. Em como ela vinha sempre leve, sorridente. Era uma calma em forma de agitação. Vê-la se mover entre todos e ocupando todos os espaços cansava os olhos que precisavam busca-la incessantemente, mas enchia o ar com uma alegria imensurável. Como poderia uma pessoa como outra qualquer ocupar todos os espaços que o rodeava e fazer tanta falta? Como poderia ela ser tão presente mesmo em sua ausência? 

Aquele vento frio o fez lembrar de um dia em que ela cogitou não sorrir e ele a repreendeu terminantemente. O sorriso dela era impagável. Era combustível.

Era um renovo de caminhada, de planos e de esperança. Ele precisava dela. Precisava do sorriso, quase como um pássaro é dependente do céu.

O som do vento fazia com que ele se lembrasse dela sussurrando uma canção em uma língua desconhecida. Ela adorava cantar mesmo que não soubesse as palavras. Ela dizia que sentia a música, a melodia, independente das palavras. Classificava as músicas pelas sensações que sentia e quase nunca pelo ritmo. Para ela, a música preferida era o tum-tum: aquele que se ouve toda vez que encosta a cabeça no peito do amado. O coração sabe fazer declaração de amor silenciosa. Ele não erra nas palavras. 

Por um momento ele desejou chorar de saudade, mas estava estagnado em suas emoções. A paisagem o levava para longe, para minutos passados que poderiam ter durado uma eternidade. A claridade do dia iluminava a sua solidão. Ele desejava ouvi-la. Sabia que nesse momento, por algum motivo, ela falava com todos, menos com ele. E aquele silêncio enchia toda a sua alma. Ela falava mesmo em silêncio. Ela era presente, mesmo passado.




Dy Eiterer. Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. Edylane é Edylane desde 20 de novembro de 1984. Não ia ter esse nome, mas sua mãe, na última hora, escreveu desse jeito, com "y", e disse que assim seria. Foi feito. Essa mocinha que ama História, música e poesia hoje tem um príncipe só seu, seu filho Heitor. Ela canta o dia todo, gosta de dançar - dança do ventre - e escreve pra aliviar a alma. Ama a vida e não gosta de nada morno, porque a vida deve ser intensa. Site:Dy Vagando

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