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A Minha Casa de Campo [Lúcia Helena Pereira]

Seria pretensão morar numa casa de campo na Áustria? Essa casa existe e vou me hospedar por lá, por uns tempos...através dos meus sonhos.

Sempre acalentei o sonho de passar uma boa temporada numa casa de campo, tipo chalé, em algum lugar da Áustria, com janelas adornadas de flores! Pretensão? Apenas um sonho que a poesia da vida me emprestou e eu guardei comigo, para poder compor mais poemas e ouvir, ao cair da tarde, a música das esferas, em noites de encantamento e de poesia, quando os anjos cantam à minha alma e tocam as suas harmonias em cítaras astrais! 

A Minha Casa de Campo

Lembro-me dos slides que um cunhado (de saudosa memória), passava em sua residência da Marinha, tanto em Natal, como em Nova Friburgo e no Rio de Janeiro. Vistas fascinantes do Brasil e de outros países. Uma noite, enquanto ele passava slides de várias paisagens, uma, em particular, prendeu minha atenção. Dentro de mim, a minha voz interior falou: essa é a sua casa de campo tão sonhada!´

O fato é que jamais tive grandes ambições. Menina do interior, convivendo entre familiares e as "crias da casa"; vendo e revendo cotidianos cheios de amenidades como as feiras de todo sábado; as festas juninas; as procissões; os cortejos dos "anjinhos" (crianças falecidas) em ataúdes cobertos com jasmim vapor (flor de aroma forte) e minhas lágrimas rolando pelos rios dos meus olhos. A cidadezinha pacata só entrava em rebuliço em época de política, nos festejos pelo dia da padroeira - N.Sra. da Conceição - em Ceará-Mirim (terra onde nasci e simboliza o meu poema de amor).

Lembro-me, com grata emoção, das idas constantes com meu pai, aos engenhos Guaporé, Oiteiro, Mucuripe, à Usina São Francisco e à nossa Fazenda Santa Águeda... Ainda ouço o apito dos engenhos anunciando a moenda e o cheiro do melaço exlaando dos grandes bueiros.

Recordo, com nostalgia, que já vai longe o tempo em que os familiares recebiam e retribuíam visitas. Um tempo proustiano, diria Nilo Pereira, o fato é que todos os dias a nossa calçada da casa-grande, na Rua Grande, ficava cheia de gente e aos olhos de uma menina que despertava para a sensibilidade das coisas, era algo notável. Esse tempo ficou pregado na moldura de luz do meu coração e, quantas saudades sinto, até hoje!

Em Natal, na maturidade, numa de minhas idas ao Sul, conheci um sítio no Rio Grande do Sul, onde havia um chalé maravilhoso, pelo qual me apaixonei e o seu dono, apaixonou-se por mim. Santo Deus, o homem era viúvo e pai de seis filhos e eu não tinha o menor talento, àquele tempo, para ser mãe de tão grande prole. Esse sítio, maravilhoso, perto da linda praia de Torres/RS, era o próprio paraíso: o chalé - bem no estilo europeu - arrodeado de flores, sobretudo hortênsias de cores variadas, os ricos pés de frutas (peras, maçãs, uvas e os morangos perfilando os caminhos e muitos dos seus galhos beijando os parapeitos das janelas). Havia a poética lareira, na sala principal; a chaminé, com sua fumaça formando desenhos exóticos no ar, devido a densidade do ar (o frio era intenso)...

Uma paisagem para sonhos e para os que sabem sonhar. Lembro-me do córrego deslizando pelas pedras e a vegetação perfumada. Esse cenário enchia meus olhos de uma luz como jamais vi, como se fosse uma grande concha aparando as águas dos olheiros de minha infância no Vale Verde.

Queria uma casa no campo. Uma lareira, jarros de flores, o chocolate quente ou chá, colher morangos e peras, ouvir a música dos riachos, o canto dos galos, e a sinfonia dos pássaros festejando suas harmonias, sob um céu de anil.

O meu sonho concretizou-se nas belas viagens que a vida me permitiu e pela internet, como uma grande e escancarada janela, co vislumbrando meus olhos. E eu ganhei essa casa de campo, de algum lugar da Áustria, junto com belas e inesquecíveis valsas, quem sabe? talvez um Capitão Von Trapp, da "Noviça Rebelde", me convide para minha velhice naquela casa de Salsburg, junto ao grande e rio e me ofereça um anoitecer feliz, onde andaremos de mãos dadas, tomaremos sopas de legumes, degustaremos frutas colhidas por nós e eu, feliz, recebendo o meu neto nas férias e vendo-o correr por aquele verde-azulado, e eu, correndo sobre suas pegadas. Sonhar faz a poesia da vida. E hoje o meu sonho sorriu, abracei-o, amei-o e ele correspondeu com ares de felicidade.

Escritora e poetisa do Rio Grande do Norte realizou um dos seus sonhos:conhecer a poetisa goiana Cora Coralina. Conheça mais sobre Lúcia Helena Pereira clicando AQUI

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