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Nova vida para a casa de Clarice Lispector [Anamaria Nascimento]

Foto: Debora Rosa/Esp.DP/D.A Press
Nova vida para a casa de Clarice Lispector


Projeto pretende transformar o imóvel de dois pavimentos onde viveu a escritora num espaço cultural

Anamaria Nascimento 

Artista viveu no sobrado dos cinco aos 14 anos de idade. Memórias da cidade do Recife são uma constante em suas obras.

O sobrado colonial de número 387 na Rua do Aragão, com vista privilegiada da Praça Maciel Pinheiro, na Boa Vista, quase não é percebido pelos transeuntes que caminham apressados pela rua ou por quem passa a tarde sentado procurando a sombra das árvores na praça. Um projeto realizado em parceria com a Santa Casa de Misercórdia pretende resgatar a memória do imóvel e fazer com que os olhos dos recifenses e de turistas se voltem para a casa. Foi lá onde a escritora Clarice Lispector viveu dos 5 aos 14 anos, entre as décadas de 1920 e 1930. O objetivo é transformar o imóvel de dois pavimentos num espaço cultural, com oficinas de arte e leitura, acervo da família Lispector, café e livraria.

A sobrinha-neta da escritora, Nicole Algranti, está à frente do projeto há quase quatro anos. Ela tenta arrecadar recursos com financiadores de ações culturais em São Paulo e no Rio de Janeiro, onde mora. A Santa Casa de Misericórdia cedeu o imóvel a ela, em comodato por tempo indeterminado. “Quando ela conseguir os recursos financeiros, o que está perto de acontecer, precisaremos iniciar uma reforma no sobrado”, explicou a diretora da Santa Casa, Rilane Dueire. Segundo ela, a casa está fechada desde junho do ano passado, quando foi invadida e depredada. Procurada pelo Diario, a sobrinha-neta da escritora não atendeu as ligações.


O sobrado, hoje pintado de ocre e alaranjado, faz parte do conjunto arquitetônico de imóveis protegidos do bairro da Boa Vista. “A importância arquitetônica se dá não apenas pela unidade, ou seja, pela casa, mas por todo o conjunto de imóveis. São casas do século 18. Aquela área era totalmente desabitada até os anos 1870. A partir da década de 1920, muitos judeus se instalaram naquela região”, esclareceu o arquiteto e urbanista Fernando Diniz.

O professor do Departamento de Letras da Universidade Federal de Pernambuco Lourival Holanda estudou a obra da escritora e destacou que ela passou pouco tempo no Recife, mas que o período foi fundamental. “A mãe de Clarice morreu nesta casa. Foi lá onde ela viveu momentos marcantes de sua história”, explicou. Segundo ele, a cidade aparece claramente em quatro textos, presentes no livro Felicidade Clandestina.


Escritora nascida na Ucrânia mudou-se para o Recife ainda criança e também passou grande parte de sua vida no Rio. Foto: Internet/Reprodução

Para Clarice, o Recife foi a referência mais importante, o local ao qual sentia que pertencia. Em entrevista concedida em 1977, a escritora confirmou a importância e influência da capital pernambucana em sua obra. “Pernambuco marca tanto a gente que basta dizer que nada, mas nada mesmo nas viagens que fiz por este mundo contribuiu para o que escrevo. Mas Recife continua firme”, afirmou.

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