“QUE VERGONHA DO COMPADRE!"
Faltando poucos dias para
a Copa do Mundo, nós, brasileiros, nos sentimos envergonhados com o que se tem
dito no noticiário internacional a respeito das nossas estradas esburacadas,
aeroportos superlotados, falta de segurança, telefonia saturada, internet
lenta, hospitais insalubres e tudo o mais que contrasta com os impostos
recordes que pagamos...
Isso me lembra a piada do
sujeito que, desconfiando da traição da esposa, se esconde no armário para
flagrá-la com o amante. Acontece que para sua surpresa, quem entra no quarto é
o seu compadre e melhor amigo. A cada peça de roupa que ela tira, revelando seu
corpo caído e judiado, o marido se encolhe um pouco mais dentro do armário.
Peito murcho, nádegas flácidas, pernas cheias de varizes... Um horror!
Constrangido, o marido traído geme baixinho para não ser ouvido: “ai que
vergonha do compadre!”
Pois bem, entregamos a
“chave do Brasil” para o compadre fazer a festa. Gastamos dinheiro que nos
falta para hospitais e escolas construindo elefantes brancos para seus jogos...
Criamos uma legislação temporária específica, com penas mais severas, para crimes
que já existiam, mas que porventura possam afetar o seu negócio... Permitimos
as bebidas nos estádios, no período da Copa, para agradar seus anunciantes...
Concordamos que registrasse como suas, mais de 200 expressões genéricas
(futebol, Brasil 2014, etc.) que só poderão ser utilizadas por eles durante
esse período... “Natal”, por exemplo, é uma das expressões proibidas, pois pode
ser confundida com uma das cidades sede... Proibimos que ocorra qualquer outra
festa, sem a sua permissão. As tradicionais festas juninas, promovidas pelas
prefeituras do nordeste, por exemplo, dependem da sua autorização expressa para
acontecerem... E agora, ao ouvirmos gritar, indignado, suas queixas a respeito
da nossas mazelas, problemas com os quais sempre convivemos, gememos baixinho:
“- AI QUE VERGONHA DO COMPADRE!”
Jean Marcel-
Escritor, professor universitário, palestrante. É pai de dois
adolescentes. Um leitor voraz. Eclético, escreve contos, crônicas,
romances e infanto-juvenil. Possui o blog brisaliteraria.com
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