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Raduan Nassar [Escritor Brasileiro]

Raduan Nassar
"Conversar é muito importante, meu filho,toda palavra, sim, é uma semente"

Raduan Nassar nasceu em Pindorama, cidade do interior do Estado de São Paulo, filho de João Nassar e Chafika Cassis. Seus pais haviam se casado em 1919 na aldeia de Ibel-Saki, no sul do Líbano e em 1920 imigraram para o Brasil. Seu pai junta-se a parentes que já estavam aqui e se inicia no ramo do comércio, no interior do Estado do Rio de Janeiro. Em 1921 mudam-se para a cidade de Itajobi, no Estado de São Paulo. 

Mudam-se, em 1923, para Pindorama, cidade vizinha de Itajobi, e lá seu pai abre uma venda, que posteriormente seria transformada em uma loja de tecidos, a Casa Nassar. 

Pelas mãos da parteira Rosa Conca, na casa da família em Pindorama (esquina da Rua 15 de Novembro com 1º. de Maio), nasce Raduan, sétimo filho de João e Chafika (antes, haviam nascido Violeta, Rosa, Norma, Uydad, Raja e Rames; depois viriam Rauf, Leila e Diva — todos ainda vivos. 

Em 1943 o autor inicia seus estudos no Grupo Escolar de Pindorama. Expansivo e de ótima memória, Raduan é freqüentemente chamado para recitar poesias nas datas comemorativas, mesmo com sua dificuldade em pronunciar corretamente o "r" fraco. Segundo ele, neste ano tem "uma das melhores alegrias da infância" de que se lembra, ao ganhar um casal de galinhas-de-angola do pai. 

Torna-se coroinha em 1946, após dois anos do início de sua fase de fervor religioso que o levava a ir à missa todos os dias para comungar. Neste ano, sentado na varanda de sua casa, livra-se definitivamente do "trauma" do "r" fraco, ao tentar decorar o Hino à Bandeira (cantando inúmeras vezes o verso "Salve lindo pendão da esperança"). 


No ano seguinte inicia o curso ginasial na vizinha cidade de Catanduva e começa a trabalhar com o pai.  Para facilitar a ida dos filhos à escola, João Nassar muda-se com a família para Catanduva em 1949. Nesta época Raduan tem uma coleção de pombas — que foram citadas em seu romance Lavoura Arcaica — que acabará deixando em Pindorama quando da mudança. 

Em 1950, durante uma aula na quarta série do ginásio, Raduan sofre a primeira das sete convulsões que sofreria nos dois dias seguintes. O diagnóstico alarmista e incorreto de um médico — que chegou a mandar isolar sua casa — seus pais decidem levá-lo para São Paulo em um avião-ambulância. Lá é tratado por um neurologista, tendo retornado da crise com amnésia parcial e passa a ter um comportamento introvertido. Debilitado, não consegue concluir o ano letivo. 

No ano seguinte reinicia seus estudos, tendo como professora de português sua irmã Rosa. Orientado por ela, começa a ler clássicos brasileiros como parte do currículo escolar. Com sua assistência também, faz consideráveis progressos no aprendizado da língua, em âmbito familiar. 

Em 1952 inicia o curso científico em Catanduva, ao mesmo tempo em que começa a criar peixes em um tanque que ele mesmo constrói no quintal de casa. 

Buscando sempre facilitar a vida escolar dos filhos, João Nassar resolve transferir-se para São Paulo, em 1953. A família se instala no bairro de Pinheiros, zona oeste da capital paulista, na Rua Teodoro Sampaio, 2.173. No mesmo local, João Nassar abre um armarinho, o Bazar 13, que anos depois viria a se tornar uma empresa comercial de expressão naquela cidade. Raduan trabalha ao lado do pai durante o dia e conclui o segundo ano do científico no curso noturno do Instituto de Educação Fernão Dias Pais, situado também em Pinheiros. 


No ano seguinte troca o científico pelo curso clássico, mais voltado para a área de Ciências Humanas, e conclui o colegial na mesma escola. 

Em 1955 ingressa ao mesmo tempo na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco e no curso de Letras Clássicas da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP). No segundo semestre abandona o curso de Letras. No curso noturno de Direito, conhece Hamilton Trevisan, procedente de Sorocaba (SP), e com aspirações literárias. 

No segundo ano, Trevisan apresenta o escritor a Modesto Carone, outro sorocabano, que acabara de ingressar na Faculdade de Direito. Modesto também tinha projetos definidos no terreno da literatura. Como Raduan já começasse a manifestar suas primeiras preocupações nesta área, as conversas entre os três passam a ser dominadas por temas literários. 

Em 1957 Raduan ingressa no curso de Filosofia da USP. Era o sexto entre os irmãos a freqüentar a mesma faculdade. Na Faculdade de Direito conhece José Carlos Abbate, um paulistano que acabaria se tornando um de seus melhores interlocutores. Inseparável, o grupo de quatro amigos começa a se encontrar com regularidade na Biblioteca Mário de Andrade e na biblioteca da Faculdade de Direito, onde discute autores e obras e faz boa parte de suas leituras. Também se tornam comuns as noitadas em salões de snooker e bares do centro velho da cidade. 

No ano de 1958 interrompe praticamente o curso de Filosofia ao restringir sua freqüência a uma disciplina (Sociologia). No ano seguinte, decidido a dedicar-se integralmente à literatura, abandona o curso de Direito (estava no último ano) e atende só com trabalhos ao curso de Estética na Faculdade de Filosofia. 

Falece João Nassar, em 1960, após oito anos de enfermidade. No ano seguinte o escritor desliga-se dos negócios da família. Escreve o conto "Menina a caminho". Viaja para Matane, no Canadá francês, onde viviam duas tias, irmãs de seu pai. De lá segue como imigrante para os Estados Unidos, onde permanece por apenas dois meses. 

De volta ao Brasil, em 1962, retoma o curso de Filosofia. Reaproxima-se dos irmãos, com quem passa a ter ótimo diálogo, muito embora lhes fale de seus projetos literários. 


Concluído o curso de Filosofia, em 1963, no ano seguinte viaja para Lüneburg, interior da Alemanha Ocidental, a fim de estudar alemão.  Através de cartas de amigos e de familiares, toma conhecimento do golpe militar de 31 de março. Comunica ao Departamento de Pedagogia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP sua decisão de não assumir a assistência da cadeira de Psicologia Educacional no campus de São José do Rio Preto daquela instituição. Ao mesmo tempo, abandona o curso de alemão e decide voltar para o Brasil. Antes disso vai ao Líbano e conhece a aldeia de seus pais. 

Começa, em 1965, na Chácara Tapiti, em Cotia, São Paulo, a se dedicar à criação de coelhos. Ernst Weber, que mais tarde se dedicaria, como ele, ao jornalismo, era seu sócio. No ano seguinte Raduan passa a presidir a Associação Brasileira de Criadores de Coelho, ocasião em que promove uma concorrida exposição de coelhos e pássaros no Parque da Água Branca. Continua, no entanto, a se encontrar com o grupo de amigos da Faculdade de Direito, na casa de Hamilton Trevisan, onde discutem política e literatura. 

Em mutação constante, encerra a criação de coelhos e funda, com os irmãos, em 1967, o Jornal do Bairro, contando com a participação ativa de José Carlos Abbate, que era o redator-chefe da publicação, e de Ernst Weber, então iniciando sua carreira no jornalismo. Apesar de regional, o jornal dedicava parte de seu espaço a textos referentes à política nacional e internacional. 

O escritor faz, em 1968, as primeiras anotações para o futuro romance Lavoura arcaica. Dois anos depois escreve a primeira versão da novela Um copo de cólera e os contos O ventre seco e Hoje de madrugada. 

Em 1971 morre sua mãe, Chafika, segundo ele "criadora de mão cheia" de galinhas e perus.  Dela lhe veio o gosto por criação de animais.  Apesar de não ter fé religiosa, participa em 1972 da leitura comentada que a família faz do Novo Testamento. As reuniões semanais para este fim se entendem ao longo de quase todo o ano. Ao mesmo tempo, ele retoma as leituras do Velho Testamento e do Alcorão (esta iniciada em 1968). A preocupação com temas religiosos irá mais tarde se refletir de modo acentuado em Lavoura arcaica. Escreve Aí pelas três da tarde, que sai como matéria no Jornal de Bairro e anos depois aparecerá republicado como conto em outros veículos. 

Em 1973 conhece a professora Heidrun Brückner, do Departamento de Línguas Germânicas da USP, que viria a se tornar sua companheira. 

No ano seguinte, por discordar da mudança editorial no Jornal de Bairro, deixa em abril a direção do semanário, que tirava 160 mil exemplares por edição. Sem alternativa imediata, começa a escrever Lavoura arcaica, trabalhando dez horas por dia, até concluí-lo, em outubro. Seu irmão Raja, formado em direito e licenciado em filosofia, é o primeiro leitor dos originais. À revelia de Raduan, Raja tira duas cópias do romance e decide passá-las para amigos. Uma dessas cópias acaba chegando às mãos de Dante Moreira Leite, ex-professor de Raduan na Faculdade de Filosofia, que encaminha os originais à Livraria José Olympio Editora, do Rio de Janeiro. 


Em 1975, com a ajuda financeira do autor, a José Olympio publica Lavoura arcaica.

O livro ganha, em 1976, o prêmio Coelho Neto para romance, da Academia Brasileira de Letras, cuja comissão julgadora tinha como relator o crítico e ensaísta Alceu Amoroso Lima (Tristão de Athayde).  Recebe, ainda, o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro (na categoria de Revelação de Autor) e Menção Honrosa e também Revelação de Autor  da Associação Paulista de Críticos de Arte — APCA. 

Em 1978 a Livraria Cultura Editoria, de São Paulo, publica Um copo de cólera. A novela recebe o prêmio Ficção da APCA. 

Em 1982 sai a edição espanhola de Lavoura arcaica, pela editora Alfaguara, de Madri. Segunda edição do mesmo livro pela Nova Fronteira, do Rio de Janeiro. 

A Editora Gallimard, da França, lança Lavoura arcaica e Um copo de cólera num só volume, em 1984. A segunda edição de Um copo de cólera é publicada em São Paulo pela Editora Brasiliense (a 3a. edição sairia em 1985 e a 4a. em 1987). Raduan compra a Fazenda Lagoa do Sino, em Buri, sudeste do Estado de São Paulo e passa a se dedicar integralmente à produção rural. Morre o amigo Hamilton Trevisan, cujo livro de contos, O bonde da filosofia, seria publicado em março de 1985 pela Global Editora, de São Paulo. Numa entrevista ao "Folhetim", suplemento do jornal Folha de São Paulo, Raduan deixa claro que abandonou a literatura: no mesmo número, o jornal publica o conto O ventre seco. 

Em 1987 a editora Suhrkamp lança o livro Lateinamerikaner über Europa, uma coletânea de ensaios e depoimentos de escritores latino-americanos sobre a Europa, organizada por Curt Meyer-Clason, que inclui A corrente do esforço humano, de Raduan Nassar. 


A revista espanhola El Paseante publica, em 1988, os contos Aí pelas três da tarde e O ventre seco (o primeiro seria publicado ainda na Folha de São Paulo em1989 e o segundo, também neste ano no Jornal do Brasil). 

Sai a terceira edição de Lavoura arcaica, em 1989, pela Companhia das Letras, de São Paulo, hoje em sua quarta reimpressão. 

Em 1991 é publicada pela Suhrkamp, de Frankfurt, a edição alemã de Um copo de cólera. A segunda edição sai neste mesmo ano. 

1992 marca a quinta edição de Um copo de cólera, pela Companhia das Letras, de São Paulo, hoje em sua segunda reimpressão. 

Comemorando os 500 títulos da Companhia das Letras, é feita uma edição não-comercial de Menina a caminho. 

José Castello, jornalista voltado para livros e autores, teve publicado em 1999 o livro "Inventário das Sombras" (Editora Record - Rio de Janeiro, pág.173), no qual traça o perfil de diversos escritores. Autor de "O Poeta da Paixão", "O Homem sem Alma", "Na Cobertura de Rubem Braga" e "Uma Geografia Poética", assim vê o escritor Raduan Nassar (parte):
(...) 


Atrás da máscara 

"Nós buscamos outras realidades porque não sabemos
como desfrutar da nossa; e saímos de dentro de nós mesmos

pelo desejo de saber como é o nosso interior."
Montaigne 

Raduan Nassar não suportou ser um grande escritor e desistiu da literatura para criar galinhas. Trocou a criação estética, que é complexa e desregrada, pela mecânica suave da avicultura, e parece muito satisfeito com isso, tanto que, resistindo a todos os apelos, se recusa a voltar atrás em sua decisão. Meteu-se assim em uma situação embaraçosa na qual o exterior (a figura do escritor) e o interior (o ato de escrever) se confundem, armadilha em que, de modo mais discreto, todos os escritores de alguma forma estão presos, e que não chega a configurar uma escolha, mas um destino. Raduan abandonou a ordem do verbo, que está sempre contaminada pelo vazio e pelo espanto, para retornar à ordem natural dos animais, que é mais silenciosa, mas também mais previsível. Ovos, poedeiras, rações, pequenas pestes podem ser controlados; a escrita, não. 


O sucesso de seus dois primeiros livros, Lavoura arcaica e Um copo de cólera, parece ter excedido em muito aquilo que Raduan esperava de si, e, ultrapassado pela própria obra, ele tomou a decisão de recuar. O sucesso, em seu caso, tornou-se uma carga: ele é aquele que não suporta vencer e, assim que a vitória se configura, precisa fracassar para se tornar menos infeliz. Restou a sombra de algo intolerável, a literatura, que, vista sem as pompas da reputação e da fama, tem a aparência de uma emboscada. Escrever não é só seguir uma rotina, manter-se atento e cumprir as regras dos manuais. 

Mas por que terá Raduan, ao tomar a decisão de abandonar a literatura, conservado para si a imagem de escritor? Por que terá resolvido ser um homem com duas sombras — uma do escritor consagrado, outra do sujeito que desistiu de ser escritor? Raduan não é um Rimbaud, que, ao resolver que a escrita não o interessava mais, virou a página de sua biografia e, trocando de máscara, foi viver como um mercenário na África. Ao contrário, mesmo desistindo da literatura, ele não deixou de se apresentar, quase obstinadamente, como um escritor militante. Raduan é, ninguém tem dúvida, um grande escritor. Por isso, a solução que deu a seu impasse chega a parecer, às vezes, mentirosa. Quem estará dizendo a verdade: o Raduan que desistiu da literatura e se tornou só um homem silencioso com suas galinhas, ou o Raduan que, mesmo sem escrever, insiste em se ver como um escritor?" (...)


OBRAS DO AUTOR 

1. Editadas em livro: 

- Lavoura arcaica (romance), 1975 
- Um copo de cólera (novela), 1978 
- Um copo de cólera / Lavoura arcaica, 1980 
- Menina a caminho (conto), 1994 

2. Em periódicos nacionais e estrangeiros: 

- Aí pelas três da tarde (conto), Jornal de Bairro, São Paulo, 16/02/72 
- idem, El Paseante, Madri, Siruela, dez. 1988 
- idem, Folha de São Paulo, São Paulo, 21/01/89 
- O ventre seco (conto), Folha de São Paulo, São Paulo, 16/12/84 
- idem, El Paseante, Madri, Siruela, dez. 1988 
- idem, Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 18/03/89 

3. Traduções: 

- Para o espanhol: 

- Labor arcaica (Lavoura arcaica), tradução de Mario Melino, Madri, Alfaguara, 1982 

- Para o alemão: 

- Mädchen auf dem Weg (Menina a caminho), tradução de Karin von  Schweder-Schreiner, Colônia, Kiepenheuer & Witsch, 1982 (in — Schreiner, Kay-Michael (org.) - Zitronengras. Neue brasilianisch Erzähler. 

- Eub Glas Wut (Um copo de cólera), tradução de Ray-Güde Mertin. Frankfurt, Suhrkamp, 1991, 2a. edição em 1991 

- Nachahmung und Eigenwert (A corrente do esforço humano), ensaio, tradução de Ray-Güde Mertin. In —, Meyer-Clason, Curt (org.). Lateinamerikaner über Europa. Frankfurt, Suhrkamp, 1987. Inédito em português. 

- Das Brot des Patriarche (Lavoura Arcaica), tradução de Berthold Zilly, Suhrkamp - Frankfurt, 2004. 

- Para o francês: 

- Un verre de colère suavi de La maison de la mémoire (Um copo de cólera seguido de Lavoura arcaica). Tradução de Alice Railard, Paris, Gallimard, 1985 


SOBRE O AUTOR 

- José Castelo - Inventário das Sombras , Editora Record, Rio de Janeiro, 1999, "Atrás da Máscara", pág. 173 

- Eustáquio Gomes - Notas à margem de Um copo de cólera (ensaio), in —, Ensaios Mínimos, Pontes/Editora da Univ.Estadual de Campinas UNICAMP, 1988. 

- Afrânio Coutinho e J. Galante Sousa - Enciclopédia de LiteraturaBrasileira, Oficina Literária Afrânio Coutinho, Rio de Janeiro, 1990 

- Brésil: Les belles étrangéres, Paris, Ministère de la Culture et de la Communication, 1987 

- La Literature Brésilienne, Paris, L'o&il de la Lettre Groupment de Libraries, 1987 

CINEMA: 

- Um copo de cólera. Roteiro. Por Aluizio Abranches e Flávio R.

  Tambelllini, 1995. 

- Lavoura Arcaica. Direção e roteiro de Luiz Fernando Carvalho, estrelado por Seltom Mello, Leonardo Medeiros, Simone Spoladore, Raul Cortez e Juliana Carneiro da Cunha. Fotografia de Walter Carvalho. Trilha sonora:Marco Antônio Guimarães. Prêmios: Melhor Contribuição Artística - Festival de Montreal - Canadá - 2001; Prêmio Especial de Júri: Festival de Biarritz - 2001; Prêmio do Público: 25a. Mostra BR de Cinema - São Paulo - 2001; Prêmio Ministério da Cultura - Festival Rio-BR 2001. 

Há, ainda, um sem número de artigos publicados em jornais e revistas, dissertações universitárias e entrevistas e depoimentos concedidos pelo autor. 

Material obtido em livros do autor, do livro de José Castello acima citado e da edição nº. 02, de setembro de 1996, dos Cadernos de Literatura Brasileira, Instituto Moreira Salles. 




Fonte:

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