Flávio Otávio Ferreira - [Poeta Brasileiro]
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A impotência das mãos não transgride lei alguma.
Outrora fora solidário e quisera transformar o mundo.
Os anos se foram, os tempos de luta caducaram
num passado recente.
O cansaço dominou a face e a força propulsora
que o fazia crer na igualdade de classe
e na liberdade dos povos.
Sua mente rebelde foi seduzida pelas cores
que o futuro presente fora lhe introduzindo
massificamente.
A impotência das mãos não transforma ideais.
Outrora fora intelectual engajado, dito pensador
de um tempo de turbulência, militante
de causas grandiosas.
A sorte de seus consortes o assustou profundo
e ideologicamente, escolhera desde então,
a suspensão.
De mãos em posse de um controle remoto
observa do lado inverso o que acontece
pelo mundo afora.
Choca-se. Perde o senso e se aborrece.
Mas seu corpo vive estático ante a janela do mundo.
A admiração é maior do que viver nele,
se esconde.
As décadas passaram, e as gerações esvaziaram
a mente como quem esvazia um balão.
O ruído irritante chama-se: modernidade.
Os olhos prosseguem vidrados,
aniquilada qualquer ideia
que subverta a direção das coisas.
As coisas caminham pela rua.
Out doors ambulantes e vis pensamentos,
em uniformes medíocres
e padrões inconcebíveis.
O homem fragmentado se plastificou,
massa incoerente, sem objetivos próprios,
sem desejos, sem prazeres, sem viveres.
Perdera a consciência autônoma,
subserviente permanece imóvel
em movimentos precisos,
controlável como máquina de produção
não cria - procria.
O que faz é abastecer o mundo
de novas cabeças sedentas de pensamento,
que logo serão domadas e treinadas
à submissão total.
Agora, não usam correntes, nem outras amarras,
uma tela hipnótica os reduz em seres acéfalos.
Eles nem sabem.
Poema do livro Itinerário Fragmentado (Quártica Premium, 2009)
Profecia
antes que o sol se ponha
no infinito
rubor da tarde
e venha a noite
escandalizar
nossas fadigas,
iremos nós, nos despir
da desesperança
e mergulhar na nostalgia
que se confirma.
Desvendados todos os mistérios
renasceremos
para uma nova vida.
Poema do livro Cata Ventos (Kroart Editores, 2005)
Flávio Otávio Ferreira
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