Anna Carvalho – autora nascida em Salvador (BA), em 13
de outubro de 1970.
Da sua infância, recorda as falas intermináveis solitárias
que tinha com os moinhos de vento no alpendre da casa da avó materna.
No ano de
1999, se envereda pela Literatura sempre de cunho expressionista ou tom
feminino, aliando esse dom ao universo burocrático de ser professora.
Em 2005,
lançou a quatro mãos com Elenilson Nascimento, os livros “Diálogos Inesperados
Sobre Dificuldades Domadas” (contos) e “Clandestinos” (romance).
Participou de
vários ensaios e concursos de Poesia, sendo premiada no concurso “Falando de
Deus” com o ensaio: “Deus Paranoia ou Mistificação”. Recentemente participou do
livro “Salvador, Cidade Africana”, com organização de Antonio Mateus Soares.
A intensidade, a sagacidade, a sensibilidade e o
discurso politizado definem com precisão a personalidade da escritora e
professora baiana Anna Carvalho.
‘Diálogos inesperados sobre dificuldades domadas’(dos
escritores Elenilson Nascimento e Anna Carvalho),pela escrita afiada,
inteligente e hábil, que nos surpreende a cada capítulo.Suas mais de 20
histórias nos conduzem a essência da literatura, como se, fora dela, não
houvesse outro mundo. E como disse Elenilson:‘O homem necessita de poesia para
enfrentar a realidade’.”
Rosa Nelma Seixas é professora de Literatura e mestra
em Gestão do Conhecimento.
“Clandestinos”
Elenilson Nascimento & Anna Carvalho
Esta é a estória de um poeta laureado, de um poeta e
profeta num casaco de couro marrom chamado Frederico. Um jovem e poeta e punk
que morria de uma misteriosa tristeza e solidão. Um Napoleão em andrajos que
criou um padrão de autodefesa em sua vida, na qual não acreditava no amor, na
tabela de salário mínimo, no acerto de contas com o fórum íntimo das suas
questões mais íntimas, na informatização da justiça divina, nas soluções
milagrosas do governo, no pavão misterioso, no Papai Noel, nas orações com
pagamento adiantado em igrejas evangélicas, na franquia de qualquer serviço sob
sua tutela, nas filas quilométricas dos bancos, nos encontros íntimos nos
estacionamentos escuros e no Viva o Povo Brasileiro, do João, (...) pois poetas
são como as moscas e as vespas. Mexer com os poetas é como mexer num enorme
vespeiro. Até que alguém o toca na multidão e todas as outras vespas aparecem,
voando por todos os lados e em todas as direções.
Salvador: cidade africana, pobreza, espaços de cor, anticidade e carnaval.
O livro é organizado por uma equipe interdisciplinar de escritores baianos e
discute a cidade de Salvador e seus paradoxos, o sociólogo, Rafael
Arantes, a artista plástica Nelma Barbosa, o historiadores Jean Marcel e
João Gualberto fizeram parte desta coletânea, que analisa a cidade de
Salvador através de diversos ângulos que se completam e se negam. Para o
sociólogo Antonio Mateus Soares, “o livro revela a cidade de Salvador
em seus antagonismos sociais, econômicos e culturais, uma cidade que se
faz bela e ao mesmo tempo cruel”. Segundo o escritor e literata Rogério
Elegibô, “as contradições e ironias reveladas no carnaval, são
expressões do que existe no cotidiano da metrópole”. A produção nos
conduz a refletir sobre a cidade que tempos e a cidade que queremos, em
tempos que ainda não superamos os entraves gerados pela não discussão do
Plano Diretor Urbano e Ambiental, provocar uma reflexão sobre a cidade
de Salvador, além de oportuna se mostra necessária.
NO MUNDO DA LUA
Por Anna
Carvalho
Lua, o céu não lhe quer agora
Quando do ar caiu
As pernas para o ar mostraram que o céu não é o seu
limite
Lua, a terra lhe espera
É miúda, transversa, caída, temível,
pesa e nos chama pra baixo,
feita de pés no chão
A terra devora devaneios, utopias
Mas à Lua os sonhos voltam
depois de suas vindas lunares
Talvez, meu medo de ir ter com o vazio
no qual você levitou
Me fez chegar depressa no chão,
onde as dores se
arrebentam, nos arrebatam
Com lágrimas pontuais e com risos
de fim da tarde ao
som de Whither Shade Of Pale
Quando nos fazem viver o dia a dia
que se alimentam dos sonhos lunares
Talvez, tal qual o Pequeno Príncipe,
você ousou em ir para o lado de lá
O que viu? Seu cérebro, na opção de ficar,
tenha sabotado o arauto, ao anjos, os sonhos,
o fim os maniqueísmos
As tesouras que
cortaram as suas asas,
cortaram as utopias
A passos rápidos, a Lua fica pra trás
À sua frente, na minha frente, tudo, nada
Ambas fortes, eu não tive coragem de ser
mais leve do que o ar
Vivo presa mais pesada do que a humanidade
que me declara viva
Ao sair da sua Lua, me convenci que a terra nos chama,
nos convoca
Depois disso, não sei, sei do fato em nada científico
que
Nos prova que somos milagres, entramos num acordo
Em nada lunar, nada com o mundo da Lua,
por hora passemos a página,
que o peso da gravidade não mais nos traia,
nos puxe de vez pra baixo, onde os sonhos moram vivos.
Amém
Clique no link para ler a entrevista da escritora no blog VOOS DA ALMA
Anna Carvalho
Todos os direitos autorais reservados a autora.
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