Escritores
comemoram aumento de leitura entre adolescentes
Cristina Indio do Brasil
Agência Brasil
Rio de Janeiro - O
escritor e jornalista Zuenir Ventura disse que já procurou entender, mas não
chegou a uma conclusão sobre o crescimento do interesse dos jovens pela
leitura. Ao visitar estande da Submarino, loja virtual de venda de livros, na
16ª Bienal do Livro, no Riocentro, ele acrescentou que a explicação pode estar
na evolução da literatura de entretenimento, por meio da qual os adolescentes
começam a se interessar pela literatura.
"As escolas, no meu
tempo, não entendiam assim e transformavam a leitura em um dever. Aí ficava uma
coisa chata. Quando se revela para a criança e o jovem que a leitura é um
prazer, um gozo, uma coisa gostosa de fazer, eles não têm como resistir. É
botar na cabeça dos professores e dos pais que a leitura tem que ser um prazer
e não um dever", comentou à Agência Brasil.
O escritor não concorda
com opiniões de que o uso da internet provocará o fim dos livros.
"Reclamava-se tanto que os jovens não leem e aí se descobre que os jovens
estão lendo. Achava-se que a internet ia acabar com a leitura, ao contrário,
acho que nunca se leu tanto e se escreveu tanto quanto agora", analisou.
Zuenir disse que o temor
com a internet é uma visão "apocalíptica" que não tem o menor
sentido. "Eu tiro um pouco pela minha casa. A minha neta de 4 anos gosta
muito de ler, gosta de tecnologia, de iPed e me ensina. Não há
incompatibilidade entre a tecnologia e a leitura. Acho que são complementares.
Na verdade, essa história de que vai acabar o livro ou o jornal, as pessoas que
dizem isso, acabaram antes. Acho que, na verdade, há uma convivência e não um
antagonismo. Há uma convergência e acredito na leitura", explicou.
O autor elogiou o fato de
escolas levarem os alunos para visitar a Bienal. Para ele, o hábito da leitura
deve começar nas crianças."Isso também é uma iniciativa da maior
importância". O escritor destacou o trabalho do amigo Ziraldo. "Ele
tem uma responsabilidade incrível nisso, porque prepara leitores. As crianças
começam a ler por meio do Ziraldo e depois vão embora, porque quando se descobre
o prazer da leitura não se abandona mais", defendeu.
A escritora Thalita
Rebouças, autora de 15 livros e que faz sucesso entre os adolescentes, explicou
que eles estão lendo cada vez mais e a situação agora se inverteu, porque quem
não lê é que não está na moda. "Quando eu comecei há 13 anos quem lia
tinha vergonha de admitir. Hoje, graças a Deus, quem tem vergonha de admitir é
o pessoal que não gosta de ler. O mico é não gostar de ler ", disse em
entrevista à Agência Brasil.
Thalita lembrou que para um
autor é muito importante saber que o livro dele vai fazer parte da vida do
adolescente. "É muito gratificante saber que você escreve na solidão do
seu escritório e de repente aquilo sai da sua cabeça, vai para o seu
computador e atinge muita gente. Mexe com muita gente, com as emoções de tanta
gente. O adolescente passa por uma fase complicada com espinhas, questões,
amores platônicos. Então, saber que os meus livros fazem companhia a eles é
maravilhoso".
A autora destacou que como
escreve sobre o cotidiano, sempre quer que os adolescentes se identifiquem com
o que vão ler. "A minha preocupação é não passar lição de moral. É fazer
com que eles pensem e a partir do que leem, tirem suas próprias conclusões. E
tudo com muito humor. É o que eu gosto de fazer. Fazer rir", acrescentou.
Thalita vai participar do
bate-papo com autores na terça-feira (3), na Bienal Internacional do Livro. O
bate-papo é uma das programações especiais da feira para incentivar o contato
dos escritores com o público.
Edição: Valéria Aguiar
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