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Literatura para o Dia das Crianças [Danilo Venticinque]

Literatura para o Dia das Crianças 

Cinco autores infantojuvenis falam sobre leituras que marcaram suas infâncias 

Danilo Venticinque - Revista Época 

Falta menos de uma semana para o Dia das Crianças e, conhecendo um pouco os hábitos de consumo dos brasileiros, é seguro supor que mais da metade dos pais ainda não comprou presentes para seus filhos. A coluna de hoje é para eles. Esqueçamos, por um momento, a política da Feira de Frankfurt e o absurdo da proibição das biografias não autorizadas. Há um tema literário mais urgente e relevante: as centenas de milhares de pais que não comprarão livros para o Dia das Crianças.

É óbvio, é indiscutível, é evidente que pais deveriam presentear seus filhos com livros. Escrever um texto para tentar convencê-los disso deveria ser tão absurdo e redundante quanto argumentar sobre a necessidade de dar banho nas crianças ou matriculá-las na escola. Infelizmente, muitos pais nem pensam em dar livros no Dia das Crianças. Isso diz muito sobre eles – e sobre os hábitos de leitura de seus filhos no futuro. As escolas até fazem sua parte, mas o incentivo familiar é fundamental para que crianças aprendam a gostar de ler. Essa deveria ser uma preocupação diária. O Dia das Crianças é uma boa data para assumir esse compromisso, ou para reafirmá-lo.

Um texto sobre uma data comemorativa como essa não estaria completo sem uma lista de sugestões de presentes. Decidi pedir a ajuda de cinco autores brasileiros que fazem sucesso entre crianças e adolescentes de várias idades. Eles me contaram histórias sobre livros que leram na infância e os transformaram em pessoas apaixonadas pela literatura. As obras desses autores e suas indicações são um bom ponto de partida para os pais que querem apresentar a literatura aos seus filhos, e uma ajuda para os que ainda não escolheram o que comprar para o dia 12 de outubro.


 Flávia Lins e Silva, autora de Os detetives do prédio azul (Pequena Zahar) 

“Peter Pan, na versão do Monteiro Lobato, foi o primeiro livro "grande" que me fez largar tudo para ficar na cama lendo e voando rumo à Terra do Nunca. É um livro mesmo apaixonante: tem fada, tem uma cachorro como babá, tem uma janela para um novo mundo... acho que naquela época só tínhamos mesmo a versão do Lobato no Brasil. Só anos depois fui ler a versão original e gostei mais ainda. É um livro ao qual se pode voltar muitas vezes. E a cada vez que eu o leio, me sinto voltando à minha cama de menina, na casa de minha mãe, aquele lugar aconchegante da minha infância, minha própria Terra do Nunca.”


Thalita Rebouças, autora de Ela disse, ele disse - o namoro, em parceria com Mauricio de Sousa (Rocco Jovens Leitores) 

“O primeiro livro que li e que lembro de ter me apaixonado foi Marcelo, Marmelo, Martelo e Outras Histórias, da Ruth Rocha. Lembro de ter dado boas gargalhadas lendo sobre a história do menino perguntador, que queria mudar as palavras e entender o porquê de tudo. Eu era exatamente assim, inquieta e contestadora, e foi imediata a sensação mágica de conexão com aquele personagem. Sonhei com o dia em que nos encontraríamos e deixaríamos os adultos loucos com tantas interrogações e palavras inventadas. Ruth Rocha me fez acreditar que aquele menino podia ser meu amigo, me fez rir, me aproximou do hábito da leitura e me fez querer ler e reler a história mil vezes.”


Fábio Yabu, autor de Princesas do mar (Panda Books) 

“Eu não tive um único livro que fez eu me apaixonar pela literatura, mas citaria a obra da Lúcia Machado de Almeida, da antiga série Vagalume. Eu devia ter uns 8 ou 9 anos quando comecei a ler os livros dela, e me apaixonei por seu universo e por todos os outros autores da série até então, como Marcos Rey, Maria José Dupré, Pedro Bandeira, entre outros.”



Stella Maris Rezende, autora de As gêmeas da família (Globo Livros) 

"O que livro que mais me marcou, quando eu era bem pequenininha mesmo, foi As mais belas histórias, da Terezinha Casassanta. Era uma antologia de narrativas tradicionais. O título me instigava. A tradução era maravilhosa, muito bem feita. A professora lia para a classe e me apaixonei pela forma de contar as histórias. Foi livro que me fez descobrir a biblioteca. Levei para casa, li inúmeras vezes e a cada vez descobria novos detalhes e me encantava com novas histórias. Temos muitas antologias maravilhosas hoje em dia, mas essa infelizmente não é mais editada. Logo depois, comecei a ler os poemas da Cecília Meireles no livro Ou isto ou aquilo. Adorava musicalidade dos poemas dela, o ritmo, a brincadeira com as palavras. São poemas com uma força literária enorme. Ela não subestima a inteligência das crianças. A gente nasce gostando de poesia."


Blandina Franco, autora de A caraminhola da minhoca, com José Carlos Lollo (Companhia das Letrinhas) 

"Meu pai era escritor e passei minha infância ouvindo o barulho da sua máquina de escrever, que batucava no porão da nossa casa entre centenas de livros. Só isso já é bastante coisa pra fazer uma criança gostar de histórias, mas acontece que eu passava minhas férias na fazenda de minha avó numa época em que, pra telefonar tínhamos que ir até a cidade, e ligar a televisão era uma coisa que só acontecia de noite, então os livros sempre foram bons companheiros pra mim. Meus pais sempre me disseram que eu devia ler tudo o que gostasse e quando sentisse vontade; não precisava ser um clássico, valia tudo: Monteiro Lobato, contos de fadas, gibis, Asterix, Lucky Luke, Tintim...

Então eu sempre tive todo tipo de leitura ao alcance da minha mão, e acho que por isso não tive um livro em especial que tenha me marcado, tive muitos. Quando menor o que eu mais gostava era a coleção completa de contos de fadas chamada Fábulas encantadas, quando cresci um pouco, comecei a devorar os romances de Anne Golon protagonizados por uma heroína chamada “Angélica, a marquesa dos anjos”, que passava por todos os tipos de problemas enquanto pensava em seu amor, um conde heroico com uma enorme cicatriz no rosto. Depois disso, li todos os livros da Agatha Christie e policiais que caíssem nas minhas mãos, coisa que faço até hoje. Como vocês podem ver obedeci meus pais direitinho, li tudo o que me dava prazer e sempre que tive vontade." 

Fonte:
 
Danilo Venticinque -Editor de livros de ÉPOCA
Conta com a revolução dos e-books para economizar espaço na estante e colocar as leituras em dia. Escreve às terças-feiras sobre os poucos lançamentos que consegue ler, entre os muitos que compra por impulso
Twitter: @daniloxxv

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