NÃO É FUTEBOL, MAS VOU DE CARRINHO [Geraldo Trombin]
Atualmente, cheguei a bater uma bola com os meus tão afrouxados botões: – O que aconteceu, será que já estou pendurando as chuteiras? Porém, de repente, dou uma grande virada no jogo. E me pego pensando no último carrinho que dei naquele terreno descampado, onde ralei todo o corpo: pernas, braços e, inclusive, o et cetera. Mas, valeu: pelo gol e a vitória do timinho do meu bairro. Ah! Que carrinho inesquecível, totalmente diferente desse que encaro hoje: o do supermercado.
A gente chega ao local, pega o carrinho, vai por entre as gôndolas enchendo o dito-cujo não sei por quantas horas. Ao findar desse enchimento, antes de quitar a conta, esvazia o bendito na esteira do caixa, depois paga, enche novamente o diacho com as sacolinhas, vai ao estacionamento e esvazia o danado mais uma vez, no porta-malas do carro. Na garagem do prédio, pega o sujeito e enche tudinho de novo, segue pro elevador, entra no apê e descarrega aquela bagaça pela última vez. Resumo da ópera: cada ida ao supermercado me garante três enchidas e três esvaziadas de carrinho. Haja tanta paciência pra uma pessoa só. Mil vezes melhor o do futebol, apesar das raladas e roladas no chão vermelho batido.
Sexta-feira é o dia D: de encher a despensa e esvaziar o bolso. Lá vou eu, outra vez, encarar aquele carrinho. Acho que é por isso que abomino todas elas, ainda mais quando caem bem no dia treze.
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