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Máxima Vida Mínima (Minicontos) - Volume II [Wender M. L. Souza e Wuldson Marcelo]

  Imagem de "Febre do Rato" (2012), de Claudio Assis
Máxima Vida Mínima (Minicontos) - Volume II


Beatniks,malditos e marginais em Cuiabá, dando prosseguimento a antologia de minicontos Máxima Vida Mínima (organizada por Wender M. L. Souza e Wuldson Marcelo), divulga o segundo volume, com os 25 outros autores convidados para essa jornada de concisão, minimalismo e criatividade (veja aqui o primeiro volume http://beatnikscuiaba.blogspot.com.br/2014/01/maxima-vida-minima-minicontos-volume-i.html). Com o mundo contemporâneo tendo como uma de suas principais marcas a redução, seja das distâncias geográficas ou do tempo das relações afetivas, o miniconto, com ferramentas como o Twitter, ganha mais adeptos e popularidade. Nos cinquenta micro contos que selecionamos, temos uma mostra de sua diversidade e relevância.

Agradecemos aos escritores que participaram do projeto, que usaram o domínio que possuem da linguagem literária e contaram um conto, não o aumentando mas o reduzindo até encontrar o que há de essencial na estória a qual deram vida. Uma vida mínima alçada ao máximo.

E que o sim e o não sejam reflexos de beleza, rebeldia e arte. 

“Um brinde aos costumes condenados!” (Zizo, poeta marginal do filme Febre do Rato (2012), de Claudio Assis). Viva a literatura maldita e marginal!

Máxima Vida Mínima – Volume II

Cidade Baixa
Ela abriu as pernas e ficou estática... depois falou:
“Se vira, meu fio, por esse preço num vô nem tirar a calcinha”.

Adê Otênio

Crime Perfeito
Num beco frio e mal iluminado um corpo jaz, em meio a uma poça de sangue e alguns curiosos, alguém se aproxima e observa os orifícios no peito do cadáver, então se ajoelha e reza para a infeliz alma, levanta-se e se afasta. Somente quando se encontra a uma distância segura livra-se da arma do crime.

Antônio Leôncio

***
E tarde, de noites em noites, procuro na prateleira aquele livro favorito... que na meia luz, algumas linhas leio, só para ter a certeza que estou viva.

Ângela Coradini

Pensáre
Nesta noite se permitiu pensar, por um breve momento, imaginou tudo diferente. Há tempos não se propunha a tal feito. Contudo, a letargia absorveu o mel. Com o fel, a cabeça dói.
- Não quero mais matutar!

Juliene Leite Souza

***
O barco estava afundando. Ele foi o primeiro a pular em alto mar. Como era o mais pesado, o barco se estabilizou e todos se apressaram em tirar a água de dentro. Sobreviveram e o transformaram em herói.

Andhressa Heloiza Sawaris Barboza

Mácula
Quarto branco (todo branco, como numa cena de THX 1138). Um ponto preto macula o ambiente. Curiosos se aproximam e o ponto age como um buraco negro dominando tudo.
Quarto preto. Um ponto branco macula o ambiente...

André Nör F.

Breu
Sofia mal sabe que o mal que segue é o mau que a cegue.

Yaemi Yamauchi

***
O quase-suicida abriu os olhos e pensou: Caralho, o tiro saiu pela culatra!

Eduardo Ferreira

***
As lágrimas que escorriam de seus olhos carregavam o peso da existência. O choro não era por não ser, mas sim pelo que queriam que ele fosse. 

Guilherme Cesar Meneguci

Vazio
- Por que você bebe e fuma? Não faz mal?
- Eu continuo sem ela. E talvez dessa maneira eu morra tão vazio quanto nasci.

Michael Chowski

Amor Finito (Parte II)
Quando a gente jogava xadrez, você sempre ganhava.
...
Porque eu te amava.

Pauline Rodrigues de Arruda

Impureza
Naquela manhã, Anita descobriu sua ganga bruta: o prato além de frio era amargo e de dissabores variados. Assim, percebeu que três anos de planejamento se equivaleram às decepções de uma jazida sem valor.

Wuldson Marcelo

***
Tudo ia mal em sua vida. Leu o jornal, na página de horóscopo, se algo poderia melhorar.

Sabrina Aglae Sonai

Caminho do Mar
O rio corria sereno por baixo da ponte de madeira. Sentada nas pedras, eu me lavava na água. Lavava o meu corpo e minha alma. Uma voz me disse:  "Yemanjá, sua Mãe, lhe chama pra morar com ela no mar". Eu disse: "Eu vou, minha Mãe. Não tardo." E as águas, que também corriam pro mar, foram levando meu recado.

Lilly Farias

O Cão
Um cão miúdo, belo e maldito foi estraçalhado por um pitbull... a vida, então, a noite fez uma festança para homenagear a si mesma.

Henrique Souza

***
O homem acorda aos 80 anos e no espelho vê como foram pontiagudos os cravos da morte. Estranho a si mesmo amaldiçoa o vidro e sorri por julgar não viver dentro dele.

Felippy Damian

Acontecimento em Santo Antônio
Em uma noite de verão, os raios do luar incendiaram a superfície do rio (com extrema luminosidade), enquanto a cidade e seus habitantes calmamente adormeciam às 22:00 horas.  

Carlos Amorim

iPhone 5
Sthefany me disse, com um pouco de orgulho, que está ganhando a vida em Goiânia tirando a roupa. Três meses que foi embora, já comprou um celular novo. Fora isso, a vida continua a mesma. A única diferença, arrematou, é que em Cuiabá fazia tudo de graça.

Odair de Morais

Qualquer Pessoa
Entre pela porta e caia no abismo. Veja uma esfera intacta parada antes da superfície. Essa bolha de ar dentro dela foi o grito de susto da sua queda; é todo o ar que tem pra você menor, ainda. Qualquer pessoa pequena sabe e se esquece nisso.

Caio Mattoso

Quase fim
Brigaram loucamente mais uma vez e ele finalmente pediu para que ela fosse embora.
Ela, por preguiça de arrumar as malas, pediu uma última chance.

Cinthia Andressa de Lima

***
Estou aqui treinando meu coração a bater em três tempos, e no auge desse embalo o descompasso da minha valsa é você.

Raquel Mützenberg

Papo de Bobo
-Vi um anjo azul, sóbrio...
- Sóbrio? Você ou o anjo...?
- Sei lá, estava muito escuro.

João Pede Feijão

***
A solidez da solidão, não tão saudosa quanto os aplausos da multidão, é bem-vinda em qualquer luz do dia. De um profundo narcisismo, não no sentido aparente, mas no mergulho naquilo que pensa ser si mesmo para encontrar o resto do mundo.

Julianne Moura

***
Um coração peixe está preso na praia. Debate-se eufórico. Sua pele descarna, a carne branca queima ao sol, a areia pontiaguda lhe marca as retinas. Salta, vai voltar ao mar? - Não. Uma bota infantil o pisa. Vira-o do avesso. Os olhos esbugalham. As algas amarelas, semi digeridas, precipitam pelo nariz. - É domingo, as crianças vêm brincar na areia. Mais tarde alguém reclama. A areia está suja. Tem cheiro de peixe podre.

Luis Bonfim

R.G.
O menino condenado e violentado, algumas horas depois de encontrado seu corpo, finalmente recebeu um nome: batizaram-no de Indigente. Morreu como viveu: esquecido.

J.P. Woolf


Adê Otênio nasceu na cidade de Tapira, interior do Estado de São Paulo. Há dois anos transferiu-se para Cuiabá, onde exerce a função de engenheiro das entrelinhas. Escreve para ver se aproveita alguma coisa de toda essa tristeza; isto ocorria também ao Manuel Bandeira e ao Rilke, mas eles sabiam sofrer melhor porque não eram engenheiros.

Antônio Leôncio. Titia bandida, chegada no Marquês de Sade, nunca leu Bukowski, mas curti, e bebe Coca-Cola se alguém pagar.

Ângela Coradini. Jornalista, mestre em cultura contemporânea e fotógrafa de sensações ...miríades, rapsoda e contrastes, às vezes, só silêncio.

Juliene Leite Souza. Tenta travar amizade com a poesia, além de achar que sabe desenhar.

Andhressa Heloiza Sawaris Barboza é jornalista e mestranda em Estudo de Cultura Contemporânea (ECCO/UFMT)

André Nör F. é burocrata, mas aspirante a várias coisas. Enquanto não se completa, inspira-se e ensina a não expirar a inspiração.

Yaemi Yamauchi tem 17 anos e é estudante da UFMT.  Sempre foi apaixonada pela leitura e escrita, e começou a escrever praticamente quando foi alfabetizada. Seu estilo musical favorito é o rock progressivo e tem o sonho de trabalhar com a escrita no futuro.

Eduardo Ferreira. Artivista multimídia. Atua na literatura, música, audiovisual, teatro, jornalismo e política cultural. Autor da novela Eu nóia (2007) e diretor do curta-metragem de mesmo nome (2007), com codireção de Joel Sagardia. Compositor e vocalista da banda “Os vira-lata”. Atualmente é um dos organizadores do evento “Sarau das Artes Free”.

Guilherme Cesar Meneguci. Intenso, como lhe pediu a vida

Michael Chowski, amante do rock clássico e de todos os tipos de mulheres, estudante, adorador de qualquer tipo de sabedoria. Nascido em Cuiabá, 1994. Escritos localizados em: readchowski.blogspot.com.br

Pauline Rodrigues de Arruda. Advogada, pós-graduanda em Direito Previdenciário. Blogueira, cinéfila, amante de livros. Blog: http://paulinerodrigues.blogspot.com.br/.

Wuldson Marcelo. Autor do livro de contos “Subterfúgios Urbanos” (Ed. Multifoco, 2013) e organizador da coletânea “Beatniks, malditos e marginais em Cuiabá: literatura na Cidade Verde” (Ed. Multifoco, 2013). Pretende continuar com a literatura e, um dia, dirigirá um filme. Escreve para a revista eletrônica Biografia (http://sociedadedospoetasamigos.blogspot.com.br/) e comanda o blog Nostálgicas Primícias (http://lounge.obviousmag.org/nostalgicas_primicias/)

Sabrina Aglae Sonai, graduanda do 2° ano em Letras Português/Inglês pela Universidade Federal de Mato Grosso e bolsista PIBID Inglês.
Lilly Farias. Sistemas complexos e dinâmicos. Paradoxo. Blog: http://lillyfariaseascaosferas.blogspot.com.br/

Henrique Souza. Estudante de filosofia e apaixonado por literatura. Escreve por diversão.

Felippy Damian. Cuiabano desde 90, é formado em Comunicação Social pela UFMT. Desenvolveu um estranho fascínio por coisas aparentemente distintas como militância social, rock and roll, espiritualidade, ultrarromantismo brasileiro e o Corinthians. Toca na banda underground Icabode. É cinéfilo e tem se arriscado escrevendo roteiros e dirigindo alguns curtas que nunca terminam.

Moisés Carlos de Amorim tem como pseudônimo artístico o nome Carlos Amorim. Interessa-se pela literatura, pela pintura e pela música, mas desenvolve somente a escrita, apreciando as demais artes. Para cada leitura, descobre uma felicidade nova e pensa, tal como Mallarmé, que o mundo acabará num belo livro...

Odair de Morais nasceu em Cuiabá, em 1982. Formado em Letras. É professor efetivo da rede pública e particular de ensino, onde leciona Língua Portuguesa e Literatura. Atualmente, cursa Jornalismo na UFMT. Tem contos, crônicas e poemas publicados nos principais periódicos do Estado.

Caio Mattoso. Poeta, ator e músico brasileiro.

Cinthia Andressa de Lima, mato-grossense e taurina, nascida no ano de 1988. Mãe de Malu, a menina mais esperta do condado. Acumula livros, escritos, desenhos nas paredes, quadros inacabados em uma casa cheia de amor em Cuiabá. Por fim, atende no Casa 11: blog quase falido, mas muito estimado (http://www.acasa11.blogspot.com.br/). 

Raquel Mützenberg é atriz.

João Pede Feijão. João já foi Pede Feijão e agora é Ninguém, mas continua sendo Pede Feijão. Sendo o João Ninguém, é alguém com quem se pode conversar sobre tudo. É filósofo, poeta, ensaísta. Gosta discutir filosofia na mesa do buteco, escreve e pinta, é um nômade. Adora Tabacaria.

Julianne Moura e de Quadros também.

Luis Bonfim. Sofre de viva descrença e medica-se com poesia.

J. P. Woolf. Canadense que vive no Piauí há vinte anos. Poeta marginal, artista de rua. Ganha dinheiro apenas para comer, beber e fornicar, quando lhe dá vontade.


Fonte:
Blog: Beatniks, Malditos e Marginais em Cuiabá: Literatura na ‘Cidade Verde’

Um comentário

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.