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Lúcia Helena Pereira - [Poeta Brasileira]

Poemas de Lúcia Helena Pereira
AS ROSAS DO AMOR
(2009)

Tento escrever um soneto
Da fonte opaca de minha solidão,
Onde as esperas banham-se no tormento
De uma infinita e dorida ilusão!
Minhas manhãs alvas e lânguidas
Penduram enfeites de ânsias e adormecidos sonhos,
Na paisagem sombria de alegrias magoadas
Desbotando-se em dias tristonhos!
Trago colheitas de esperanças frustradas
Na dourada luz de um castiçal de ardor
Acendendo estrelas torturadas!
Dá-me, amado, o húmus de tua alma,
Para que desabrochem em mim, as rosas do amor,
Na estação primaveril que me acalma!

ATÉ ONDE ME LEVEM AS FLORES
(2009)

Sigo os passos daquela floreira do quintal de minha casa,
Onde pétalas se abriam ao amanhecer, espargindo aromas mil,
Lá, eu via flores azuis, amarelas - crisântemos dourados,
Voando ao léu em pétalas partidas, esvoaçadas.
Até onde me levem as flores, quero alcançar o vôo da águia cinza,
Num horizonte cheio de gaivotas perdidas,
Criando azuis num infinito de solidão,
Aportando numa praia qualquer
Desesperadamente doentes.
Preciso curar as aves, remendar as pétalas das flores
Que se esgarçam ao vento e se debatem,
Como asas de pássaros infelizes,
Sem árvores, rios, sem espaço!
Até onde me levem as flores quero conhecer montanhas
Escalar nuvens e grandes cumes,
Conhecer e amar as planícies esquecidas
E não enxergar mais nada, só o azul celeste
Banhando-me em nuvens cristalinas e perfumadas.

Quero o vento do norte apontando caminhos,
Quero o cheiro da madrugada despindo meus desejos,
Quero a linguagem silenciosa das mariposas - acasalando,
Proliferando a espécie.
Até onde me levem as flores quero um punhado de luz,
Incandescente, avermelhada, espalhando fagulhas
Sobre minhas feridas e curando os meus ais!



BRINCANDO COM AS PALAVRAS

Quero brincar com as palavras dos seus versos úmidos
E escorregar numa gangorra de lírios e flores.
Brincar com todas as exclamações escravas
E rimas livres do recôncavo melhor de um poema!

Quero saltitar entre dunas de sonhos
E gigantes de realidades bem azuis.
Aterrissar num lindo arrebol, todo iluminado,
Sem poeira e sem saudades...

Quero brincar com a sinfonia dos seus versos
Numa nota bem alta, aguda, estridente...
De sensações loucas, alucinadas,
Vazando de minha essencial melodia.

Quero, apenas, simplesmente tocar
Em sua macia e inconsútil pluma de emoções.
Escrever uma palavra pequena e bordar
Em pena d´oiro, as flores dos teus versos.





E T É R E A
(2005)

Quem é essa mulher?

Pés descalços, túnica acetinada,
Leve, solta, transparente,
Sobre o corpo sensual?

E essa mulher?

Qual será o seu nome?
De onde vem
E para onde seguirá?

Quem é essa mulher?

Pescando ilusões,
Perfumando o vento fresco da tarde
E assanhando os cabelos castanhos?

E essa mulher?

De olhos lânguidos
Mergulhados de mar,
Solitária e melancólica,
Como concha dispersa
Perdida em ilhas esquecidas?

Quem é essa mulher?

Envolta em mistérios
Fomentando ânsias
E escondendo seus ais?

E essa mulher?

De semblante tristonho,
Rictos desenhando os contornos
Dos lábios trêmulos?

Quem é essa mulher?

Que não sorri, não chora,
Caminhando esguia
E deixando tênues vestígios
Sobre a areia da praia?

E essa mulher?

Por que será que não fala
Ou reclama,
E caminha distraída e indiferente?

Quem é essa mulher?

De cabelos revoltos,
Emaranhados
Aromatizando o ar?

E essa mulher?

Pisando nas brancas espumas,
Dos orgasmos brancos do mar?

Quem é essa mulher?

Tez suada,
Olhos tristonhos?
Por que será que não repousa,
Sobre os caminhos varridos pelos ventos?

E essa mulher?

Quem será?
Talvez a face de outra face
Espelhada na superfície cristalina do mar.

Ela é a única sobrevivente de uma nau

Que aportou na praia do silêncio,
Por uma onda que se esgarçou
Numa ilha distante e esquecida,
No mar da solidão!

VERDE, SEMPRE TE QUERO VERDE.
(AO MEU VALE – CEARÁ-MIRIM)
(2009)

Verde, sempre te quero verde!
Vestido de esperança e dourado de sol.
Verde, sempre te quero verde
Brilhando na chuva e espreguiçando-se ao vento.
Verde, sempre te quero verde,
Iluminado e festivo
Comemorando história e preservando lembranças.
Verde, sempre te quero verde
Exibindo casarões, praças e ruas,
Patrimônios de antigas nobrezas.
Verde, sempre te quero verde,
Impetuoso, destemido e alvissareiro,
Na travessia dos séculos.
Verde, sempre te quero verde,
Na memória dos teus filhos ilustres,
Uns distantes, outros próximos do coração.
Verde, sempre te quero verde,
Coberto pelo aroma fresco das matas
E banhado pelos rios serenos,
Onde sussurram as sinfonias do tempo.
Verde, sempre te quero verde,
Embelezando-se no Oiteiro, Guaporé,
Santa Águeda, Verde - Nasce,
Mucuripe, Solar Antunes!
Verde, sempre te quero verde,
Na Usina São Francisco, Ilha Bela,
No Cumbe e Diamante.
Verde, sempre te quero verde,
Nas águas misteriosas e perfumadas dos olheiros,
Do rio Água Azul e rio Ceará-mirim sempre te quero verde Na casa - grande onde corri meus passos de criança,
E bebi água de poço refletindo a minha vida!
Verde, sempre te quero verde
Anunciando alegrias e acordando saudades.
Nas águas límpidas dos seus rios poéticos.
Verde de memoráveis figuras
Do meu bisavô - José Antunes de Oliveira,
Da minha avó paterna - Madalena Antunes,
Do meu tio-avô Juvenal Antunes de Oliveira,
Do primo amado - Nilo de Oliveira Pereira.
Ceará - Mirim de Edgar Varela e Edgar Barbosa,
Da ex-prefeita Terezinha Jesus da Câmara Melo,
De Roberto Pereira Varela e Rui Pereira Júnior,
De Adele de Oliveira e José Augusto Meira.
Verde de tantos nomes queridos:
Gracilde Correia de Melo, Idalina Correira Pacheco
Raimundo Pereira Pacheco e Olympia (meu avós maternos),
Ceará-Mirim dos meus pais:
Abel Antunes Pereira e Áurea Pacheco Pereira.
Dos meus tios: Ruy Antunes Pereira, Vicente Ignácio Pereira,
Maria Antonieta Pereira Varela e Luiz Lopes Varela,
Joana D´Arc Pereira do Couto !

Verde de Zizi -Augusto Vaz Neto- (primo tão querido),
De Herbert Washington Dantas,
Do meu trisavô - Manoel Varela do Nascimento e Bernarda.
Verde dos tios: Etelvina Antunes Lemos e Ezequiel Antunes.
Das minhas contadoras de estórias: Piô e Maroca.
Ceará-Mirim de Quincas e Lebre
Do compadre Joaquim Gomes (tocador de Rabeca),
De dona Biluca - rendeira de almofadas de bilro!
Verde, resplendente verde,
De minha Duda (Iara Maria Pereira Pinto),
De Uruca - Denise Pereira Gaspar,
De minha primeira professora: Valdecy Villar de Queiroz Soares!
Verde dos meus conterrâneos: Naide, Neire e Nadeje,
De Abner de Brito, Onofre Soares, Gibson Machado,
Waldeck Moura, Edvaldo Morais, Dr. Percílio e dona Esmeralda
A cidade verde, de canavial ondulante,
De oiticicas cheirosas, manacás, umburanas...
Ceará-Mirim – criança de 151 anos
Engalanando – se para festejar
Seu verde resplendente, luminoso e iluminado,
Brilhando nas asas dos araraús
Passeando pelo infinito
E ecoando nas sinfonias siderais,
Repercutindo - se no dobre dos sinos
Da Matriz de N.Sra. da Conceição
Ecoando pelo vale!
Ceará - Mirim! Sempre VERDE!
É assim que eu te quero!


Lúcia Helena Pereira

Todos os Direitos Autorais Reservados a Autora

Um comentário

Jania Souza disse...

Caro Daufen,

Parabéns pela brilhante idéia e pela magnífica qualidade da revista. Está simplesmente encantadora.
Senti-me contemplada ao encontrar a grande poeta potiguar Lúcia Helena Pereira, de quem sou fã incondicional.
Além de grande poeta, você é também um encantador antologista. Meu carinho a esse talento poético e humano