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Nevralgias [Eduardo Mahon]


Nevralgias 

Sobre a Obra 

Eduardo Mahon ressignifica as palavras e as letras são instrumentos, artefatos polivalentes na estruturação e construção sólida da fragmentação constituinte dos seus tecidos escriturais.

Ressignifica porque, ao atravessar as palavras que povoam e desenham as imagens dos seus textos/parcelas, dos seus tecidos/lavrados, propõe que o imaginário-vida aqui lançado seja laçado pelo leitor. O escritor recupera a função do estimado leitor e este passa para o papel de intérprete do texto de Mahon.

Cada ementa literária ou Alma de artista ou Silêncio e a importante Notícias de mim revelam as possibilidades instrumentais criativas do autor. Em Notícias de mim, há algo que resvala na beleza da eternidade no plus espiritual do lirismo filial. Encontrei aqui momento de singularidade sígnica, esbarrei na mansuetude da falta maternal e postei contrida em busca de mais notícias. Escritura de puro sabor de um saber amar, do tempo admirável vivido com a figura da mãe. O intérprete/leitor necessita competência e sentimento apurado para adentrar nas Notícias.

Na verdade, todos os recortes-contos são admiráveis oportunidades de traçar esboços de fatos, circunstâncias, paisagens ou perpetrar pedaços de personas, máscaras e personagens que circulam na cosmovisão do artista. Qualificadoras imagens! Exemplo encontro em O chato! O encontro da pena que sub/linha, da proximidade criadora do artefato que escava o texto para produzir um contexto enriquecedor. Função do escritor: desbravar a palavra com a novidade de ser fiel a si mesmo e resguardar a marca registrada da plasticidade dos elementos escriturais! E como canta Ezra Pound:

“É que eu sou um poeta, e bebo vida
Como os homens menores bebem vinho”.



Assim é o Escritor Eduardo Mahon!
Marília Beatriz de Figueiredo Leite
Professora Adjunta (UFMT) e Mestra em Comunicação e Semiótica (PUC-SP) 

Sobre o autor 

Eduardo Mahon nasceu no Rio de Janeiro e mora em Mato Grosso, desde 1980. Articulista, polemista, advogado, professor de Criminologia, Direito Penal e Processual Penal, membro do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, ingressou na Academia Mato-grossense de Letras em 2007, ocupando a cadeira 11, cujo patrono é Augusto João Manuel Leverger, o Barão de Melgaço. 

Leia um trecho do livro 

Caminhou tranquilo até a marca do pênalti. Posicionou a bola e tomou distância. Entre os segundos que separaram o apito do árbitro e a cobrança da penalidade máxima, pensou em muita coisa. Não sabia ele que poderia revisar a vida, suas circunstâncias e conjunturas futuras, entre cinco e seis passos. O garoto pobre, como tantos outros, sem chance nenhuma que não fosse o tráfico ou o futebol, destacou-se numa várzea qualquer, inscreveu-se num clube amador e, recompensado pela persistência, chegou à segunda divisão. O próximo passo seria um time grande. E isso era tudo.

Os pais acompanhavam os jogos como uma obrigação religiosa. O padrinho, que havia prosperado como dono de uma borracharia, arrastou para aquele jogo o olheiro de um time famoso para o qual havia trocado os pneus como cortesia. Nos bastidores, contratou uma claque, espécie de torcida personalizada. O nome do craque era gritado por meninas bonitas, enquanto rapazes frenéticos agitavam bandeiras e soltavam rojões, tudo para impactar o cortejado observador. Entre dribles, lançamentos, cabeceadas, faltava o gol. A chance era o pênalti.

Na arquibancada, os mais chegados tomavam cerveja gelada, mais um patrocínio do padrinho-torcedor. Entre uma paralisação e outra, o olheiro perguntava detalhes da vida do investigado, se era casado, se tinha filhos, se bebia ou fumava, gostava de festas, voltava cedo para casa, o que comia, se praticava exercícios, entre outras questões de praxe na prospecção de talentos. Os pais declinavam todas as vantagens de um físico avantajado, resistência inigualável, trajetória brilhante, número de gols. Omitiam, no entanto, as noitadas, a bebida e a polêmica judicial que girava em torno de um filho com uma garçonete do baile funk que frequentava.

Nos seis passos que o separavam da bola, sopesou seus próprios méritos e deméritos, além das vantagens de uma vida luxuosa proporcionada pela glória da artilharia num grande time. O apartamento duplex ou uma cobertura, os carros importados, as mesas cativas nos melhores restaurantes, entrevistas nas quais relembraria a infância pobre, mulheres badaladas e siliconadas, viagens internacionais e, especialmente, as joias pesadas dos ídolos com as iniciais do próprio nome. Enfim, a glória.

No sexto passo, porém, aquele no qual o jogador decide em qual canto vai enfiar a bola, o tempo parecia ter parado para que considerasse uma única objeção a preponderar sobre tudo o mais e, assombrado por negro egoísmo, quis jogar a bola para fora, como de fato o fez. Com um chute bizarro, enviou a pelota à torcida e, depois de uma humilhante queda, fruto de um desequilíbrio premeditado, num átimo, deu adeus à grande chance para que não fosse obrigado a aumentar a pensão alimentícia da ex-mulher, que estava de caso com o goleiro de um time de divisão anterior.



No próximo dia 17, quinta-feira, às 19h30, Eduardo Mahon lançará seu novo livro, “Nevralgias”. O assunto desta vez não será o jurídico e sim a prosa e a poesia. O evento de lançamento será na Academia Mato-grossense de Letras e terá também um sarau em homenagem ao centenário do grande “poetinha” Vinícius de Moraes, com a participação do Grupo Bionne, Aclyse Mattos e Ivens Cuiabano Scaff, com apresentação da Profa. Dra. Yasmin Nadaf 

Ficha técnica
Autor: Eduardo Mahon
Edição: 1ª
Ano de publicação: 2013
ISBN: : 978-85-8009-077-2
Tamanho: 14 x 21 cm
Número de páginas: 144
Gênero: Literatura / Crônica / Poesia
Peso: 161 gramas
Preço Capa: R$ 30,00 

Contatos
(65) 3023-5714 /3023-5715

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