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Thiago de Mello [Tradutor e Poeta Brasileiro]

Amadeu Thiago de Mello (Porantim do Bom Socorro, município de Barreirinha, AM 1926). Poeta e tradutor. Filho de Pedro Tiago de Melo e de Maria Mituoso de Melo, muda-se com a família para Manaus em 1931. Dez anos mais tarde, segue para o Rio de Janeiro, e, em 1950, matricula-se na Faculdade Nacional de Medicina. Durante a década de 1950, colabora nos periódicos O Comício, veículo de oposição ao governo de Getúlio Vargas (1882 - 1954), e Folha da Manhã. Ao lado do poeta Geir Campos (1924 - 1999), funda a Editora Hipocampo, em 1951. Dirige o Departamento Cultural da Prefeitura Municipal da Cidade do Rio de Janeiro, em 1959. No ano seguinte, assume o posto de adido cultural do Brasil na Bolívia e, posteriormente, em 1963, no exercício da mesma função, transfere-se para Santiago, Chile, onde conhece o poeta Pablo Neruda (1904 - 1973), de quem faz a tradução de uma antologia poética. Vai residir no Rio de Janeiro em 1965, mas, em 1968, perseguido pelo governo militar, viaja para Santiago, onde permanece exilado por dez anos. Período em que publica Faz Escuro Mas Eu Canto, 1965, A Canção do Amor Armado, 1966, Poesia Comprometida com a Minha e a Tua, 1975, e os Estatutos do Homem, 1977. Retorna do exílio em 1978 e, ao lado do cantor e compositor Sérgio Ricardo (1932), participa do show Faz Escuro Mas Eu Canto, dirigido pelo cronista e dramaturgo Flávio Rangel (1934 - 1988) e apresentado em dez capitais brasileiras. Nesse mesmo ano, fixa-se no município de Barreirinha, Maranhão, onde até hoje se dedica à poesia, envolvendo-se com as comunidades ribeirinhas e com questões ligadas à preservação ecológica da Região Amazônica.

“Quero que o escritor respeite, em primeiro lugar, a matéria-prima que ele utiliza que é a palavra escrita.”
Thiago de Mello

CRONOLOGIA

1926 - Nasce Thiago de Mello em 30 de março, em Porantim do Bom Socorro, município de Barreirinha, Amazonas;
1931 - Muda-se com a família para Manaus;
1941 - Vai morar no Rio de Janeiro;
1950 - Ingressa na Faculdade Nacional de Medicina. Recebe prêmio conferido pelo Jornal de Letras e publica o poema Tempo por Meus Olhos no jornal Correio da Manhã, em que trabalha como colaborador do Suplemento Literário;
1951 - Com Geir Campos (1924 - 1999), funda a Editora Hipocampo, e lança o livro Silêncio e Palavra;
1952 - Colabora como cronista no periódico Comício, jornal de oposição ao governo de Getúlio Vargas;
1954 - Abandona o curso de medicina;
1959 - Dirige o Departamento Cultural da Prefeitura Municipal da Cidade do Rio de Janeiro;
1960 - É adido cultural da Embaixada do Brasil na Bolívia;
1963 - Exerce a função de adido cultural da Embaixada do Brasil no Chile. Nessa ocasião conhece o poeta Pablo Neruda e traduz o livro Antologia Poética de Pablo;
1964 - Traduz o livro A Terra Devastada e os Homens Ocos, escrito por T.S. Eliot (1888 - 1965);
1965 - Regressa ao Brasil e reside no Rio de Janeiro;
1968 - Perseguido pelo governo militar, parte como exilado para Santiago;
1971 - Colabora na revista Colóquio Letras, editada em Lisboa;
1974 - Reside na cidade de Mainz, Alemanha, e trabalha como professor na Universidade Johann Guttenberg;
1976 - Escreve na revista Aqui, editada em Lisboa;
1978 - Retorna do exílio e, ao lado do cantor e compositor Sérgio Ricardo (1932), participa do show Faz Escuro Mas Eu Canto, dirigido pelo cronista e dramaturgo Flávio Rangel (1934 - 1988) e apresentado em dez capitais brasileiras. Vai residir na cidade de Barreirinhas, no Maranhão;
1982 - O livro Os Estatutos do Homem é divulgado pelo correio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - Unesco;
1983 - Faz a tradução do livro Salmos, do poeta nicaragüense Ernesto Cardenal (1925);
1984 - Traduz o livro A Vida no Amor, de Ernesto Cardenal;
1985 - Faz a versão da coletânea Poesia Completa de Cesar Vallejo;
1986 - O maestro Cláudio Santoro (1919 - 1989) compõe uma peça sinfônica baseada nos poemas do livro Faz Escuro Mas Eu Canto. A peça é executada na abertura da Assembléia Nacional Constituinte, realizada na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Faz tradução do livro Sóngoro Cosongos e Outros Poemas, do poeta cubano Nicolás Guillén (1902 - 1989);
1990 - Redige o texto Nosso Teatro, editado em plaquete de luxo para a noite de reabertura do Teatro Amazonas, após o processo de restauro iniciado em 1986;
1994 - Traduz Debaixo dos Astros, do poeta cubano Eliseo Diego (1920 - 1994) e Versos do Capitão, de Pablo Neruda;
1996 - Faz a tradução de Cântico Cósmico, de Ernesto Cardenal;
1998 - Recebe a Medalha da Ordem de Bernardo O'Higgins em cerimônia realizada na cidade de Santiago. Faz a tradução de Cadernos de Temuco, de Pablo Neruda;
2001 - Traduz Presente de um Poeta, de Pablo Neruda;
2002 – Publica o livro Mamirauá, com textos dele e fotografia de Luiz Cláudio Marigo, um projeto da Sociedade Civil Mamirauá;
2003 - Publica livro infanto-juvenil Amazonas: no coração encantado da floresta, pela Cosac Naify;
2006 - Grava "A criação do mundo", musicados por seu irmão, Gaudêncio Thiago de Mello;  organiza e traduz Poetas da América de Canto Castelhano, pela Global editora.

“Thiago de Mello é um poeta na contramão da modernidade e isso bastaria para distanciá-lo de seus pares, mas há ainda um fator circunstancial a considerar: desde que retornou do exílio, em 1978, voltou a viver na distante Barreirinha, pequena vila de 5 mil habitantes encravada no Baixo Amazonas, em pleno coração da floresta. Quando volta do sul do País, depois de voar até Manaus e de lá num pequeno avião até Parintins, o poeta ainda é obrigado a enfrentar uma longa viagem de barco, de mais de cinco horas, até chegar em casa.”
José Castello

PRÊMIO

1960 - Prêmio Nacional de Poesia Olavo Bilac, da Academia Brasileira de Letras;
1972 - Prêmio Livro do Ano, da Sociedade Brasileira de Escritores;
1975 - Prêmio Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), pelo seu livro "Poesia Comprometida com a Minha e a Tua Vida".
1997 - Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, para o livro "De uma vez por todas";
2000 - Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, para o livro "Campo de Millagres";
2004 - Prêmio FNLIJ, categoria: Melhor livro reconto, pela obra "Amazonas: no coração encantado da floresta".

CONDECORAÇÕES E HOMENAGENS

.Doutor Honoris Causa da Universidade Federal do Amazonas;
. Doctor Honoris Causa la Universidad Ricardo Palma (URP), Perú/ 2011;
. Título de ‘Cavalheiro das Artes e das Letras’, pelo Ministério da Cultura da França, 1980;
.Cidadão honorário do Rio de Janeiro/RJ;
.Cidadão honorário de Belo Horizonte/MG;
. Cidadão honorário de Manaus/AM.

Confidência para ser gravada na lâmina da água
Caminho bem na minha solidão,
porque sei de mim mesmo o que perdi.
Não tenho mais precisão de mentir,
Enfrento cara a cara o desamor
que mal me disfarcei. Não fui capaz
de ser o que sonhei, Fiquei aquém
das palavras ardentes que inventei
para que um dia triunfasse o amor,
Porque não dei com medo de perder,
o diamante mais puro no meu peito,
inútil de fulgor se consumiu.
Thiago de Mello, em "Num campo de margaridas", 1986.

OBRAS
[primeiras edições]

Poesia

Silêncio e palavra. Rio de Janeiro: Edições Hipocampo, 1951.
Narciso cego. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1952.
A lenda da rosa. Rio de Janeiro: Editora José Olympio,1956.
Vento geral. [reunião dos livros anteriores e mais dois inéditos: Tenebrosa Acqua e Ponderações que faz o defunto aos que lhe fazem o velório], Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1960.
Faz escuro mas eu canto. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1965, 110p.
A canção do amor armado. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966, 259p.
Thiago de Mello - Foto: (...)
Poesia comprometida com a minha e a tua vida. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975, 87p.
Os estatutos do homem. [ilustração de Aldemir Martins], São Paulo: Editora Martins Fontes, 1977.
Horóscopo para os que estão vivos. (edição de luxo).. [ilustrado e editado por Ciro Fernandes], Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1978.
Mormaço na floresta. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1981, 117p.
Arte e ciência de empinar papagaio.  (edição de luxo), Manaus: Grupo Financeiro Bea, 1982; 2ª ed., Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1983.
Vento geral: poesia 1951-1981. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1984, 469p.
Num campo de margaridas. (Coleção Poesia sempre, 2).. [capa Edgard Duvivier - texto de orelha de Ênio Silveira], Rio de Janeiro: Philobiblion, 1986, 124p.
De uma vez por todas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996, 276p.
Campo de milagres. São Paulo: Bertrand Brasil, 1998, 248p.
Poemas preferidos pelo autor e seus leitores. São Paulo: Bertrand Brasil, 2001.
Melhores poemas Thiago de Mello. [Seleção Marcos Frederico Krüger Aleixo], São Paulo, Global Editora, 2009, 304p.
Como sou (antologia poética).. [Seleção Cecilia Reggiani], São Paulo: Global Editora, 2013.
Memória
Notícia da visitação que fiz no verão de 1953 ao Rio Amazonas e seus barrancos. Rio de Janeiro: Ministério da Educação, 1957; 2ª ed., Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1989.


Ensaio

A estrela da manhã, estudo de um poema de Manuel Bandeira. Rio de Janeiro: Ministério da Educação, 1968.
Borges na luz de Borges. São Paulo: Pontes Editores, 1993.
Amazonas, pátria das águas. (edição de luxo, bilíngüe - português e inglês).. [fotografias de Luiz Cláudio Marigo], São Paulo: Sverner-Bocatto, 1991.
Amazônia, a menina dos olhos do mundo. [Artes], Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1992.
O povo sabe o que diz. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1993.
A arte de traduzir. 2000.
Crônica
Manaus, amor e memória.  [edição de luxo], Manaus: Suframa, 1984; Rio de Janeiro: Philobiblion, 1984; 2ª ed., Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1985.


Infantil e juvenil
Amazonas: no coração encantado da floresta [Ilustração Andrés Sandoval]. Rio de Janeiro: Cosac Naify, 2003.
Almanaque do Aluá. Editora Sapé, 2006, 95p.
ABC da Floresta Amazônica. [autores:  Pollyanna Furtado Lima e Thiago de Mello; com ilustrações de Rodrigo Mafra]. 1ª ed., Brasília: Conhecimento, 2008. v. 1. 40p.

Fotografia

Mamirauá. [texto Thiago de Mello e fotografia Luiz Cláudio Marigo]. Pará: Sociedade Civil Mamirauá, 2002, 127p.: il.

“Os milagres da floresta estão nas mãos do homem.”
José Márcio Ayres
Áudio
Poesias de Thiago de Mello. Rio de Janeiro: Discos Festa, 1963.
Die Statuten des Menschen. Cantata para orquestra e coro. Música de Peter Jansens, RFA, 1976.
Thiago de Mello, palabra de esta américa. La Habana: Casa de las Américas, 1985
Mormaço na floresta. [declamados por ele próprio], Rio de Janeiro: Som Livre, 1986.
Os Estatutos do homem e poemas inéditos. Rio de Janeiro: Edições Paulinas, 1992.
A criação do mundo. [declamados por ele próprio e musicados por seu irmão, Gaudêncio Thiago de Mello], Karmim, 2006.

Antologias (participação)

Roteiro da Poesia Brasileira – Anos 50. (Seleção e Prefácio André Seffrin). Global Editora, 2007, 240p.


Entrevista

Thiago de Mello, vida é um campo de milagres. [entrevista concedida a José Castello]. O Estado de São Paulo, 08.05.1999. Disponível no link.  (acessado 18.08.2013).
Thiago de Mello - entrevista. [entrevista concedida a Lêda Rivas]. Editora do Viver - caderno de cultura do Diário de Pernambuco. Disponível no link. (acessado 18.08.2013).


"Thiago de Mello é um homem aberto aos anseios coletivos do povo brasileiro. É e sempre será uma voz que canta, por mais impenetrável que pareça, a escuridão da hora que atravessamos. Há anos irrompeu ele como uma força elementar na paisagem idílica da literatura brasileira de então. Hoje, esse homem das selvas amazônicas nos reaparece como um partisan, abrindo uma brecha na selva da violência que ameaça engolir-nos. Abre uma clareira."
- Otto Maria Carpeaux


TRADUÇÕES E EDIÇÕES ESTRANGEIRAS

Os Estatutos do Homem. [tradução para mais de trinta idiomas]. Correio da Unesco, 1982.

Alemão
Die Statuten des Menschen [Os Estatutos do Homem]. Wuppertal: Peter Hammer Verlag, 1976.
Die Statuten des Menschen [Os Estatutos do Homem]. Tradução Katharina Wendt; Curt Meyer-Clason / Sankt Gallen. Colônia: Diá, 1986.
Gesang der Bewaffneten Liebe [A Canção do Amor Armado]. Wuppertal: Peter Hammer Verlag, 1976.
Gesang der Bewaffneten Liebe [A Canção do Amor Armado]. Tradução Katharina Wendt. Gütersloh: Gütersloher Verlagshaus Mohn, 1979.
Horoskop für Alles, die am Leben Sind [Horóscopo para os que Estão Vivos]. Wuppertal: Jugenddienst-Verlag, 1984.
Die Statuten des Menschen [Os Estatutos do Homem]. Cantata para orquestra e coro, música de Peters Jansen, RFA, 1976.
Espanhol
Madrugada Campesina. Tradução Armando Uribe. Santiago: Arco CEB, 1962.
Poemas. Tradução Pablo Neruda. (Edição de luxo).. [Ilustração de Eduardo Vilches], Fora do comércio, 1962.
Horóscopo. Santiago: Edição Mario Toral, 1964.
Los Estatutos del Hombre. Tradução Pablo Neruda. Montevidéu: Club de Grabado, 1970.
Canto de Amor Armado. Buenos Aires: Ediciones Crisis, 1973.
Poesia de Thiago de Mello. Havana: Casa de Las Américas, 1977.
Aú És Tiempo. Santiago: Editorial Fondo de la Cultura Económica, 1978.
Palabra de Esta América [áudio]. Havana: Casa de las Américas, 1985.
Poemas y Canciones [áudio]. Havana: Casa de Las Américas, 1968.
Francês
Chant de l'Amour Armé [A Canção do Amor Armado]. Tradução Régine Mellac. Paris: Éditions du Cerf, 1979.
Amazonas: no coração encantado da floresta, França: Syros Jeunesse, 2005.
Inglês
What Counts Is Life. Estados Unidos: Geo Pflaum Publisher, 1970.
Amazonas, Land of Water. Tradução Charles Cutler. Massachusetts: The Massachusetts Review, 1986.
Statutes of Man, Selected Poems. Tradução Richard Chappel. Londres: Spenser Books, 1994.
I Go on Shaped Like a Word: A Tribute to Thiago de Mello. Estados Unidos: Center for Amazonian Literature and Culture: Smith College, 1996.
Português (Portugal)
Os Estatutos do Homem. Lisboa: Edições Itau, 1968.
Poesia Comprometida com a Minha e a Tua Vida. Lisboa: Moraes Editora, 1975.
A Canção do Amor Armado. Lisboa: Moraes Editora, 1975.

"Misturando prosa e poesia, crônica e até anúncio imobiliário, o amazonense de Barreirinha, o cidadão do mundo, o personagem de nossa época, o poeta de A Canção do Amor Armado penetra na memória, obtendo a síntese do urbano e do telúrico, do lírico e do social. Comprometido com a sua terra e com a sua gente, de uma vez por todas Thiago de Mello assume a expressão de um poeta verdadeiramente universal."
- Carlos Heitor Cony

Thiago y Santiago

Thiago, A Santiago, como un vago mago,
has encantado en canto y poesía.
Sin San, has hecho de Santiago, Thiago,
un volantin de tu pajarería.
Al Este y al Oeste de Santiago
diste el Norte y el sur de tu alegría.
Muchos dones nos diste, un solo estrago:
llevaste el corazón de Anamaría.

Te perdonamos porque com tu bella,
de rosa en rosa y de estrella en estrella,
te llamará el Brasil a su desfile.

Te irás, hermano, com la que elegistes.
Tendrás razón, pero estaremos tristes,
que hará Santiago sin Thiago de Chile.
- Pablo Neruda



TRADUÇÕES REALIZADAS POR THIAGO DE MELLO

Português
ARCE, Homero.  Os Íntimos Metais. (Edição bilíngue).. [tradução Thiago de Mello, e Ilustrado por Pablo Neruda]. Santiago de Chile, Cadernos Brasileiros, 1964.
CARDENAL, Ernesto. Cântico Cósmico. (Cántico cósmico).. [tradução Thiago de Mello]. São Paulo: Hucitec, 1996.
CARDENAL, Ernesto. Oração por Marilyn Monroe. [tradução Thiago de Mello].  Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1983.
CARDENAL, Ernesto. Salmos. [tradução Thiago de Mello].  Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1983.
CARDENAL, Ernesto. Vida no Amor. [tradução Thiago de Mello].  Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1984. (Vida no amor). Prosa.
CERRUTO, Óscar. Pátria de sal cativa (Patria de sal cautiva). Poesia.. [tradução Thiago de Mello]. La Paz: Centro de Estudos Brasileiros, 1959.
DIEGO, Eliseo. Debaixo dos Astros. [tradução Thiago de Mello]. São Paulo: Hucitec, 1994.
ELIOT, T. S.. A Terra Desolada e Os Homens Ôcos. [tradução Thiago de Mello (português); Flavian Levine (espanhol)]. Santiago de Chile: Editorial Universitária, 1963.
GUILLÉN, Nicolás. Sóngoro Cosongo e Outros Poemas. [tradução Thiago de Mello].  Rio de Janeiro: Philobiblion, 1987.
Thiago de Mello, por  (...)
MELLO, Thiago de (Org.). Poetas da América de Canto Castelhano. [Organização, seleção, tradução e notas Thiago de Mello], São Paulo: Global Editora, 2006, 496p.
NERUDA, Pablo. Antologia Poética de Pablo Neruda. [tradução Thiago de Mello]. Rio de Janeiro: Letras e Artes, 1962. Poesia.
NERUDA, Pablo. Cadernos de Temuco: 1919-1920. (Cuadernos de Temuco). Poesia. [tradução Thiago de Mello]. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.
NERUDA, Pablo. Farewell. [tradução Thiago de Mello]. Santiago de Chile: Cadernos Brasileiros, 1963.
NERUDA, Pablo. Prólogos. [tradução Thiago de Mello].  Rio de Janeiro, Bertrand Brasil: 2000.
NERUDA, Pablo. Versos do Capitão. [tradução Thiago de Mello]. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.
NERUDA, Pablo. Presentes de um Poeta. [tradução Thiago de Mello]. São Paulo: Vergara & Riba, 2001.
SABINES, Jaime. Antologia. [tradução Thiago de Mello].  Rio de Janeiro: Bertrand, no prelo. Seleção do autor.
VALLEJO, César. Poesia Completa. [tradução Thiago de Mello]. Rio de Janeiro: Philobiblion, 1987. Reimpressão: Belo Horizonte: Itatiaia, 2005.
Espanhol
ANDRADE, Carlos Drummond de. Antologia. [tradução Thiago de Mello; e Armando Uribe Arce]. Santiago de Chile: Cadernos Brasileiros, 1963.
BANDEIRA, Manuel. La Estrella de la Mañana. [tradução Thiago de Mello]. Cadernos Brasileiros, Santiago de Chile, 1962.
MELLO, Thiago de (Org.). Panorama de la Poesia Brasileña. [tradução Thiago de Mello; e Adán Méndez]. Santiago de Chile: Embaixada do Brasil, 1993.
Pena Filho, Carlos. Memorias del buey Serapián. [Por: Thiago de Mello]. Santiago do Chile: Centro de Estudos Brasileiros, 1963. Capa com gravura de Eduardo Vilches.



Eu tenho a felicidade, neste livro, de ser fielmente traduzido para uma extensa e delicada linguagem. Aqui foram pesadas as equivalências, os minerais do substantivo, o arroz dos adjetivos, os grãos da interjeição. Foram seguidas as veias da minha poesia, limpando o quartzo castelhano para que este enfrentasse a luz torrencial. Tudo isso foi feito com bondade e paixão pelo meu grande amigo e bom companheiro, o poeta Thiago de Mello. Eu próprio o vi emboscado em minhas contradições, desfraldando o fogo e a água com o seu valente coração. Eu o vi trabalhar com uma paciência que não lhe conhecia, e meter as mãos na farinha para que, de tanta pedra, saíra, como dizem os camponeses, o pão como uma flor."

- Pablo Neruda, no prefácio da primeira antologia de seus poemas que apareceu no Brasil (Rio de Janeiro, Letras e Artes, 1963).

“Precisamos do menino que você guarda em você e que ajuda a ser mais homem o homem que você é. Aguente o barco, querido amigo! Muitas madrugadas, cheias de orvalho macio, esperam por você. Andarilho da liberdade, você tem ainda muitos trilhos a percorrer; seus braços longos, muitas crianças a abraçar; suas mãos, muitos poemas a escrever."
- Paulo Freire

POEMAS

A boca da noite
O que não fiz ficou vivo
pelo avesso. O que não tive
pertence à dor do meu canto.
A estrela que mais amei
acende o meu desencanto.
Vinagre? Sombra de vinho?
De noite, a vida engoliu
(é doce a boca da noite)
as dores do meu caminho.
O meu voo se apazigua
quando a tormenta me abraça.
O que tenho se enriquece
de tudo que não retive.
Diamante? Flor de carvão.

- Thiago de Mello, em "Poemas Preferidos pelo autor e seus leitores", 2001.


A fruta aberta

Agora sei quem sou.
Sou pouco, mas sei muito,
porque sei o poder imenso
que morava comigo,
mas adormecido como um peixe grande
no fundo escuro e silencioso do rio
e que hoje é como uma árvore
plantada bem alta no meio da minha vida.

Agora sei as coisa como são.
Sei porque a água escorre meiga
e porque acalanto é o seu ruído
na noite estrelada
que se deita no chão da nova casa.
Agora sei as coisas poderosas
que valem dentro de um homem.

Aprendi contigo, amada.
Aprendi com a tua beleza,
com a macia beleza de tuas mãos,
teus longos dedos de pétalas de prata,
a ternura oceânica do teu olhar,
verde de todas as cores
e sem nenhum horizonte;
com  tua pele fresca e enluarada,
a tua infância permanente,
tua sabedoria fabulária
brilhando distraída no teu rosto.

Grandes coisas simples aprendi contigo,
com o teu parentesco com os mitos mais terrestres,
com as espigas douradas no vento,
com as chuvas de verão
e com as linhas da minha mão.
Contigo aprendi
que o amor reparte
mas sobretudo acrescenta,
e a cada instante mais aprendo
com o teu jeito de andar pela cidade
como se caminhasses de mãos dadas com o ar,
com o teu gosto de erva molhada,
com a luz dos teus dentes,
tuas delicadezas secretas,
a alegria do teu amor maravilhado,
e com a tua voz radiosa
que sai da tua boca
inesperada como um arco-íris
partindo ao meio e unindo os extremos da vida,
e mostrando a verdade
como uma fruta aberta.

- Thiago de Mello (Sobrevoando a Cordilheira dos Andes, 1962). em "Faz escuro mas eu canto", Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999, p. 60.


A magia

Eu venho desse reino generoso,
onde os homens que nascem dos seus verdes
continuam cativos esquecidos
e contudo profundamente irmãos
das coisas poderosas, permanentes
como as águas, os ventos e a esperança.
Vem ver comigo o rio e as suas leis.
Vem aprender a ciência dos rebojos,
vem escutar os cânticos noturnos
no mágico silêncio do igapó
coberto por estrelas de esmeralda.

- Thiago de Mello, em "Mormaço na floresta", 1981.


Água de remanso
Cismo o sereno silêncio:
sou: estou humanamente
em paz comigo: ternura.

Paz que dói, de tanta.
Mas orvalho. Em seu bojo
estou e vou, como sou.

Ternura: maneira funda,
cristalina do meu ser.
Água de remanso, mansa
brisa, luz de amanhecer.

Nunca é a mágoa mordendo.
Jamais a turva esquivança,
o apego ao cinzento, ao úmido,
a concha que aquece na alma
uma brasa de malogro.

É ter o gosto da vida,
amar o festivo, o claro,
é achar doçura nos lances
mais triviais de cada dia.

Pode também ser tristeza:
tranquilo na solidão macia.
Apaziguado comigo,
meu ser me sabe: e me finca
no fulcro vivo da vida.

Sou: estou e canto.

- Thiago de Mello, em "Faz escuro mas eu canto", 17ª ed., São Paulo: Bertrand Brasil, 1999.

Amor mais que imperfeito

Não do amor. De mim duvido.
Do jeito mais que imperfeito
Thiago de Mello - Foto: (...)
que ainda tenho de amar.

Com frequência reconheço
a minha mão escondida
dentro da mão que recebe
a rosa de amor que dou.

Espiando o meu próprio olhar,
escondido atrás estou
dos olhos com que me vês.
Comigo mesmo reparto
o que pretende ser dádiva,
mas de mim não se desprende.

Por mais que me prolongue
no ser que me reparte,
de repente me sinto
o dono da alegria
que estremece a pele
e faz nascer luas
no corpo que abraço.

Não do amor. De mim duvido
quando no centro mais claro
da ternura que te invento
engasto um gosto de preço.
Mesmo sabendo que o prêmio
do amor é apenas amar.

- Thiago de Mello, em "Mormaço na floresta", 1981.


"O poeta Thiago de Mello toma tão de assalto seu lugar entre os melhores poetas do Brasil, que parece um salteador ou ladrão. Mas é simplesmente um poeta que fez o seu aprendizado em silêncio. Que guardou seus cadernos de caligrafia em vez de publicá-los. Que decidiu só aparecer com a letra já segura de um mestre."
- Gilberto Freyre


Fonte:


Thiago de Mello
Todos os direitos autorais reservados ao autor.

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