Ildásio Tavares - [Escritor... Poeta Brasileiro]
Dizem que é inverno, todavia,
o sol reluz sobre o mar
e se esparrama sobre toda a cidade,
tragado pelo asfalto que ainda
brilha, perolado, com a água da chuva
de ontem que varreu a cidade
copiosamente. O sol me seduz;
me chama para sair de casa
e me irmanar com as flores do
jardim, bebendo claridade ,as
palmas das mãos estendidas como
antenas. Olhos fechados, detenho-me
na eternidade deste instante, feito
imóvel lagarto. No poente, há
nuvens meio escuras, anunciando
chuva, talvez para o fim da tarde;
talvez para o outro dia. Tudo
que me importa é este sol de inverno,
22.VI.2008
Itapuã 3
Orgasmo, flor da penumbra,,
na noite sem geografia;
Rompendo a cor do silêncio;
Despertando as horas quietas,
Um desfolhar de soluços
Em transversais de gemidos,
Desabrochando em prazer.
De corola possuída --
Suas pétalas abrindo-se
À majestade do amor.
Jan 2010
Itapuã 4
La Baigneuse
Porque me és impossível,
ocupas, obsessiva, o meu pensamento,
e me inundas os olhos
com tua escultura translúcida
esboçada por trás de uma cortina de água,
visão clandestina de tua nudez.
A mariposa cobiça a lâmpada,
para lhe crestar as asas.
O que o viciado mais deseja
é a overdose final.
Tudo que Tântalo quer
é o suplício.
Porque me és impossível
é que mais tu me inflamas..
4.VII.2006
Itapuã 3
Madrigal Napolitano
Nos olhos permanece anulando a distancia
e no tato a lembrança fugaz do contato:
um perfume que passa; uma canção que voa:
um gosto quase resto no canto da boca --
antes não tivesses ficado,
com tua crueldade nua:
eis que vences o tempo --
o corpo envelhece, o desejo jamais.
Ildásio Tavares
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