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Nino Cais [Artista Plástico Brasileiro]

Nino Cais - nasceu em São Paulo (SP), em 1969. Concluiu, em São Paulo, o curso de artes plásticas na Faculdade Santa Marcelina (Fasm), onde, em 2001, apresentou a exposição individual A Trama Refeita. Em 2005, participou da coletiva do Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo (CCSP) e ganhou o Prêmio Aquisição no 17º Salão de Arte Contemporânea de Praia Grande. Em 2006, apresentou uma individual na Galeria Virgílio e participou da mostra SP Arte, realizada no Pavilhão da Bienal, na capital paulista.  Em 2007, participou da coletiva Pinta, no Metropolitan Pavillon, em Nova York, Estados Unidos.
No ano seguinte, ganhou o Prêmio Aquisição no 33º Salão de Arte de Ribeirão Preto, em São Paulo, e recebeu o Prêmio Destaque, conferido pela Fundação Iberê Camargo.Vive e trabalha na capital paulista.
Exposições Individuais
2010 Temporada de Projetos - Paço das Artes, São Paulo, SP
2009 Décor - Galeria Virgílio, São Paulo
2009 MARP, Ribeirão Preto
2008 Nino Cais - Galeria Virgílio, São Paulo
2006 Nino Cais - Galeria Virgílio, São Paulo
2005 II Mostra do Programa de Exposições - Centro Cultural São Paulo
2003 Galeria de arte da Oficina Cultural, Uberlândia
2002 Corpo e Caminho, FUNARTE, São Paulo
2001 A Trama Refeita - Faculdade Santa Marcelina, São Paulo


Exposições Coletivas
2010 Projection - Metrô de Paris, Paris, França
2009 Trilhas do Desejo - Rumos Visuais - Paço Imperial,
Rio de Janeiro, RJ
2009 Estranho Cotidiano - Galeria Movimento, Rio de Janeiro, RJ
2009 Máquina de Abraçar - Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ
2009 Arte Pará - Casa das 11 Janelas, Belém, PA
2009 Projeto Portfólio #5 - Aktuell, São Paulo, SP
2009 Corpoinstalação - SESC Pompéia, São Paulo, SP
2009 Entre Margens - Oi Futuro, Rio de Janeiro, RJ
2009 Realidades Impossíveis - Ateliê 397, São Paulo, SP
2009 Obsolecências - Rumos Visuais, Curitiba, PA
2009 Poética Têxtil - Oficina Oswald de Andrade, SP
2009 Abre Alas - Gentil Carioca, RJ
2009 15º Salão da Bahia - MAM, Salvador
2009 Rumos Visuais - Itaucultural, São Paulo
2009 Realidades Imprecisas - SESC Pinheiros, São Paulo
2008 Pequenos Formatos - SESC Paulista, São Paulo
2008 33º SARP, MARP - Ribeirão Preto, SP
2008 Fototeca Juan Malpica Mimendi, Veracruz, México
2008 Intimidade Pública- E.D.E.Nº 343, São Paulo SP
2008 Ateliê Aberto, Campinas, SP
2008 Fundação Nacional de Arte (FUNARTE), São Paulo SP
2007 Edital Funarte - Fundação Nacional de Arte (FUNARTE),
São Paulo SP
2007 PINTA, Metropolitan Pavilion - New York, NY USA
2007 Por um Fio - curadoria Daniela Bousso - Paço das Artes
São Paulo SP
2007 Por um Fio - curadoria Daniela Bousso - Espaço Cultural CPFL - Campinas SP
2007 S. Paulo, SP – Maus Hábitos Espaço de Intervenção Cultural, Porto
2007 Textile 07 (Bienal de Arte de Kaunas) - Kaunas, Lituânia
2007 Arte BA (16º Feira de arte contemporânea) Buenos Aires, Argentina
2007 Vai Você! - Galeria Olido - São Paulo SP
2007 Herança - Museu Murillo La Greca - Recife PE
2007 SP-ARTE (Feira internacional de arte moderna e contemporânea)
Pavilhão da Bienal - São Paulo SP
2006 Corpo e Memória - MUNA (Museu Universitário de Arte) - Uberlândia MG
2006 Tripé | Objeto - SESC Pompéia, São Paulo SP
2006 Instalação - Atelier 397, São Paulo SP
2006 SP-ARTE (Feira internacional de arte moderna e contemporânea)
Pavilhão da Bienal - São Paulo SP
2006 Oblique - Galeria Aliança Francesa, São Paulo SP
2005 Sempre visível/Grupo Linha Imaginária - Virada Cultural, Centro Cultural São Paulo
2005 Ocupação - Paço das Artes, São Paulo SP
2005 Centro Cultural São Paulo - Programa de exposição CCSP
2005 SP-ARTE (Feira internacional de arte moderna e contemporânea)
Pavilhão da Bienal - São Paulo SP
2005 Salão de Arte Contemporânea da Praia Grande, Praia Grande SP
2004 Objeto como imagem/Galeria Espaço Virgílio, São Paulo SP
2002 FEIRA/Galeria Espaço Virgílio, São Paulo SP
2002 Miolo Espaço de Arte Contemporânea, São Paulo SP
2002 “Miolo” Fundação Nacional de Arte (FUNARTE), São Paulo SP
2000 “4 Elementos” Espaço Eugenie Ville, Faculdade Santa Marcelina, São Paulo SP
2000 “Grupo dos 13” Fundação Nacional de Arte (FUNARTE)
São Paulo SP
1999-98 “Produção FASM” Espaço Eugenie Ville, Faculdade Santa Marcelina, São Paulo SP


Formação Acadêmica


2001 Bacharelado, Artes Plásticas - FASM Faculdade Santa Marcelina

2000 Graduação, Educação Artística - Licenciatura Plena - FASM Faculdade Santa Marcelina - Cursos Extra-Curriculares
2005 História da arte ministrado por Agnaldo Farias - Instituto Tomie Ohtake
2003-04 Pesquisa em Pintura ministrado por Sérgio Romagnolo - FASM Faculdade Santa Marcelina





Palestras

2010 Oficina de Colagem - Projeto Zig Zag - MAM SP


2006 Corpo e Memória - MUNA (Museu Universitário de Arte) - Uberlândia MG
2006 Tripé - mediação Juliana Monachesi - SESC Pompéia, São Paulo SP
2005 Singular - Projeto Educação - Instituto Tomie Ohtake,
São Paulo SP
2003 Entre, 2003 - UFU - Universidade Federal de Uberlândia
2001 A trama refeita - FASM - Faculdade Santa Marcelina, São Paulo-SP




Prêmios e outros

2009 Prêmio Aquisitivo - 15º Salão da Bahia


2008-09 Destaque – Bolsa Iberê Camargo
2008 Prêmio Aquisitivo / Acervo MARP- Ribeirão Preto
2006 Prêmio Aquisitivo - Salão da Praia Grande, Praia




"O trabalho de Nino Cais consegue estabelecer uma relação menos automática com os objetos cotidianos ao evocar comportamentos infantis e dar forma a fantasias. Não é a primeira vez que a infância e a loucura, destituídas de voz na sociedade moderna, chamam a atenção de artistas. As vanguardas do início do século XX foram marcadas por um encontro com a arte primitiva, o inconsciente e o traço infantil. Tudo isso pode ser lido como uma parte da crítica à racionalidade empreendida desde então.

As fotos expostas na coletiva do Centro Cultural São Paulo mostram partes do corpo do artista, que aparecem pressionando louças de porcelana contra a parede ou o chão. Ao desdenhar do perigo da louça se quebrar, o artista se coloca como uma criança. Ele ignora os riscos de sua atitude cedendo a uma intensa vontade de experimentar e conhecer o mundo pelo contato sensível direto com as coisas que o cercam. Já no início da psicanálise, Freud descreveu o polimorfismo sexual das crianças. Ele fala que, nos primeiros anos de vida, o indivíduo encontra prazer no próprio corpo. É só com o desenvolvimento da sexualidade que se chega à maturidade, quando finalmente o objeto de desejo não está mais no próprio corpo, mas em um objeto externo: o outro. A investigação de Nino pára antes disso. Não há outro em seu trabalho; há apenas o artista e, às vezes, seu próprio reflexo.

Os objetos escolhidos pelo artista são parte do universo doméstico. Utensílios de cozinha como panelas, xícaras e bules de ágata, que a memória de Nino associa à figura da avó. Escovas, colheres de pau, espátulas. Ferramentas para pequenos reparos domésticos. A costura é um outro elemento recorrente, é a forma pela qual os diferentes objetos se ligam entre si e com o artista. Nino aprendeu a costurar observando sua mãe trabalhar em casa.

No vídeo que fez para a presente exposição individual no CCSP, o artista aparece vestindo uma camisa feita por ele da qual saem longas faixas de tecido. Diversos objetos desse universo doméstico, então, são embrulhados em um tecido branco e amarrados junto a seu corpo. Aos poucos, o corpo ágil e magro de Nino tem seus movimentos truncados. O artista constrói para si uma espécie de escudo que o protege do mundo externo ao mesmo tempo em que atrapalha sua mobilidade. O acúmulo de objetos dos quais o artista não quer se afastar traz a lembrança de Arthur Bispo do Rosário, artista que passou vinte anos internado num hospital psiquiátrico. Bispo juntava objetos que esperava levar consigo no dia de sua “apresentação” a Deus. A fantasia que Nino dá forma nessa obra é a vontade de levar consigo, ter sempre presente, as pessoas que gosta, suas memórias, suas escolhas, aquilo que, enfim, constitui sua interioridade. Mas a obra transparece melancolicamente – pois a forma capenga do artista carregado de objetos já anuncia um fracasso – a impossibilidade de se fixar uma interioridade imutável, eterna e solitária."


Thais Rivitt





O paulista Nino Cais esta entre os 110 artistas brasileiros e estrangeiros convidados para a 30ª Bienal de São Paulo.


 




“Meu corpo é uma espécie de ímã que atrai os objetos do seu entorno, tomando posse deles”, afirma Cais, referindo-se à coleção de objetos das mais variadas procedências, organizados nas composições fotográficas que ele está concebendo para a Bienal. Um colar mexicano, um tapeware comprado na feira diante de sua casa, um capuz do budismo tibetano, uma pintura bucólica de casinha, uma saia kilt escocesa. Ao extinguir os limites e as distinções entre objetos tão díspares, Cais se comporta como um sociólogo da cultura, um viajante sem sair de casa, que desenha no próprio corpo o mapa de um mundo pessoal. É nesse corpo globalizado, que se oferece como uma espécie de totem, constelação cultural, ou veículo de múltiplas conexões, que o artista dá combustão ao seu trabalho.

O tratamento quase etnográfico que é conferido a essas imagens já estava presente nos trabalhos que Cais desenvolve há 12 anos em colagem, escultura e fotografia. Representado com a cabeça sempre encoberta pelas mais variadas categorias de máscaras e capacetes, o artista indaga: “Eu me pergunto se essas imagens são ou não autorretratos.” A obstrução da face – o que às vezes ocorre de forma claustrofóbica, remetendo aos anos em que estudava para ser seminarista – poderia significar, à primeira vista, uma obstrução da identidade. Mas ele discorda: “A identidade não é algo próprio da face, é algo que se transfere a todos os objetos que nos cercam.” Na minuciosa etnografia feita em seu quintal, Cais expõe, afinal, uma identidade muito própria. “Estou interessado em criar alegorias, quase fantasias de Carnaval, a partir de coisas que combinam ou não.”
    



O nó dos sonhos em Nino Cais

O Nino e eu nos conhecemos no ano passado, em um projeto no Paço das Artes chamado Ocupação. Ele foi lá ocupar o espaço levando uma máquina de costura, desenhos e croquis de uma curiosa camisa que ele estava construindo para amarrar objetos da sua memória afetiva ao corpo. Eu fui lá acompanhar quase que diariamente o evento como crítica do Paço das Artes, para ir produzindo textos processuais, como era o trabalho dos artistas no evento. Naquela ocasião, escrevi este pequeno trecho a respeito da participação do Nino:


O happening que ninguém vê, do rapaz tímido que não quer se expor mas que se obriga a tanto porque é como as coisas funcionam. o pequeno príncipe dono de seu reinado de xícaras, pires, bules e outros utensílios carregados de afeto, de afetividade, de transitividade, de trânsito.

Trânsito das sensações que (quase) todo mundo lembra da casa da avó, a maneira como o bule da avó nos faz sentir, o cheiro do café com biscoitos. o reinado da promessa de uma existência segura. o reino da proteção.

Então, para proteger o legado do pires, o pequeno príncipe o embrulha em tecido branco e imaculado e o amarra a um suporte onde também são amarrados outros afetos embrulhados e a força de um nó somado à força do outro e do outro torna este invólucro quase indevassável, um abrigo nuclear.

E o suporte (o abrigo) para onde tudo converge é o corpo franzino do rapaz tímido.

Este ano nós nos aproximamos mais e trocamos muita idéia, participamos de projetos juntos, e a empatia foi tanta e as conversas tão ricas que arrisco dizer que nos tornamos amigos. É importante contar tudo isto antes de começar a escrever sobre a exposição individual dele na galeria Virgilio porque eu gostaria de partir, neste texto crítico, de uma confissão: tanto o Nino quanto eu sofremos uma perda este ano, perdas de natureza diversa, mas, todavia, perdas doídas, destas que deixam um vazio irreversível.

O motivo porque preciso contar isto é que foi ao lamentarmos nossas perdas um ao outro, e não ao discutirmos o trabalho que ele iria expor na galeria, que eu pude vislumbrar o sentido mais profundo de sua produção artística. A obra do Nino trata de perda, sua obra é constituída de líricas tentativas de reter e fixar o efêmero, tentativas estas fadadas ao fracasso, claro, porque há coisas que não se podem reter e perdas que não há como remediar. Mas na melancolia deste "fracasso" reside a potência dos trabalhos de Nino Cais.

Logo na entrada da exposição, vemos uma faceta menos conhecida de sua obra: os desenhos, que antes serviam como croquis para as fotografias, ganham autonomia e são expostos lado a lado com desenhos de pássaros feitos pela mãe do artista, Rita Cais. Por um lado, Nino vai buscar nas origens familiares, no avô artesão que fabricava tachos, colheres e bonecos, na avó que bordava e fazia rendas, na mãe que o ensinou a costurar a gênese de sua trajetória artística, ao mesmo tempo em que, apresentando desenhos seus em que um corpo aparece dotado de asas junto aos desenhos da mãe, ele configura um nó simbólico que amarra os sonhos de ambos. 

"A gente não tem medo de morrer", afirma o artista, "a gente tem medo de perder os laços, os nós que nos ligam afetivamente aos outros". No vídeo que "encerra" a exposição, vemos Nino Cais segurando com o corpo vários objetos frágeis que, quando chegam ao limite suas forças de mantê-los fixos e, assim, protegê-los, despedaçam-se no chão. Esse vídeo, assim como a imagem impactante da instalação principal da mostra, em que uma dança das cadeiras impossível nos mantém suspensos, prendendo o ar diante da fragilidade da situação, colocam em xeque o "medo de perder os laços".

Essa vontade de flutuar que todo o conjunto da exposição sugere é uma metáfora da permanência dos laços: sim, os objetos da memória afetiva se quebram, as nossas forças nunca são suficientes para proteger aquilo que amamos, a morte irrompe sem aviso prévio, mas os nós são perenes, e os vôos da imaginação artística e os sonhos aí estão para nos reafirmar esta única certeza. 
 (Juliana Monachesi)


  

Arte Virgilio by Nino Cais

 

 

 

 

Nino Cais
Maiastra - instalação - 2006
fotografia

 





Nino Cais
Sem título
- 1.10 x 85 cm - 2009
fotografia


Nino Cais
Sem título
- 60 x 90 cm - 2007
fotografia


  Nino Cais
Série tentativa de vôo - 33,3 x 24 cm - 2006

nanquim sobre papel



Nino Cais
Sem título
(instalação) - dimensão variável - 2008
madeira e utensílios de plástico


Os trabalhos de colagem são um dos principais focos da obra de Nino Cais. Nino ultiliza recortes de revistas de moda e decoração antigas, criando composições que levam o interlocutor a um mundo paralelo e distante, dirtorcendo a realidade. 



Outro tema recorrente nesse tipo de trabalho é, como na fotografia, a interação pessoa-objeto. Esta se dá pela substituição ou cobertura de uma parte do corpo humano (geralmente a cabeça) por um recorte de um objeto.




 

Contato
http://queri.multiply.com

Fonte:

Nino Cais
galeriavirgilio
revistacontemporartes
istoe.com

Nino Cais
Todos os direitos autorais reservados ao autor.

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