A Cracolândia em São Paulo, e a idade das
trevas dos historiadores.
Os
grandes historiadores, pelo menos a maioria deles, gostam de atribuir à, assim
chamada, Idade Média, o epíteto de “Idade das Trevas”. Entre os vários defeitos
da época, que mostram seu “quadro escuro e obscuro”, estão as sujeiras das ruas
da Europa medieval. Tudo bem que é comum atribuir aos europeus a preguiça com o
banho frequente, cuja lição mais efetiva no tema obtiveram dos
“não-civilizados” que habitavam a América que conquistaram. Mas as maiores
imundícies públicas do velho continente surgiram no período da Revolução
Industrial, sobretudo na Inglaterra.
No
entanto, hoje em dia não ficamos para trás_ até porque é ainda muito sedutor o
gosto de ser europeu e civilizado. A cidade de São Paulo está também imunda
como a Europa dos historiadores. Mesmo com os carros-pipa que passam
diariamente pelas ruas, com seus potentes jatos de água e com os varredores em
marcha contínua pelas ruas, o horrendo cheiro de dejetos impregnam o ar da cidade.
Além
disso, a chamada população de rua aumenta mais do que previam os cálculos de
Maltus, que via, abismado, o crescimento populacional de seu tempo. Há uma
explosão demográfica pelas ruas. Formando-a, há gentes de todos os tipos. Desde
os indivíduos isolados, acompanhados de um cachorrinho, a grupos de pessoas que
montam barracas para nelas dormirem, passando pelos grupos de “bebuns” que
formam comunidades solidárias em torno de uma garrafa de cachaça. E todos, em
plena igualdade iluminista, a pedir dinheiro, a quem quer que “pedrestreie”,
sem por o amor de Deus no meio - não é racional separar Deus dos negócios? - e
apenas com a exigência de que a cessão financeira, em espécie, que não é
esmola, seja acima de um real, porque, meus amigos, a inflação monetária já
está nas ruas, mais forte que o vento previsto na “ marolinha” especulativa do
ex-presidente discursero.
No
entanto, o problema não é respirado ainda nas “camadas mais limpas” - seja de
Brasília ou de outros palácios mais próximos, e até a recente operação da
polícia de São Paulo, na Cracolândia do centro da cidade, apenas fez espalhar
pelas ruas centrais os viciados que consumiam lá as suas drogas, concentrados e
atemorizando, mas se sabia pelo menos onde o perigo estava.
-Por
obséquio, alguém ai tem luz?
Elói Alves é paulistano, estudou Teologia (FATEMOC –
2003), graduou-se em Letras (FFLCH-USP -2007) e licenciou-se em língua
vernácula (FE-USP – 2007). Sua produção literária passeia por diversos gêneros
(poesia, teatro, crônica, ensaio crítico e diferentes tipos de narrativas
ficcionais). No ano 2000, por ocasião dos 500 anos, ganhou seu primeiro prêmio
literário com o poema “Oh, meu Brasil” e em 2011 obteve sua última premiação
com a crônica “Olhares e passadas pela cidade”, como vencedor do concurso Valeu
professor, promovido pela Prefeitura de São Paulo, sendo um dos autores do
Livro “Sob o céu da cidade”. É autor do romance As pílulas do Santo Cristo,
publicado pela Editora Linear B, em novembro de 2012. Página na internet:
http://realcomarte.blogspot.com.br/2011/09/anuncios-pela-cidade.html
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3 comentários
Sempre digo aquele velho ditado "dos males, o menor"" melhor concentrado e com enderço fixo que espalhado pelos 4 cantos. Melhor seria se não existisse mas como temos até movimentos que fazem apologia à liberação das drogas...ficamos sem muita opção. Melhor concentrado que nos rendermos ao seu poder como aconteceu no Rio de Janeiro onde tive a oportunidade de ouvir do quarto andar do condominio que estava o comércio "livre"" lá embaixo :Três por dez, três por dez, da boa, coca da boa" além da luz que falta, durma com um barulho desses!!!!! Excelente Elói, pra variar rs bjs
Amo seu jeito de escrever e seu modo de sair de cena!
Perfeito com as palavras e perfeito com o tema. Abordas um Universo de pareceres para expor seu ponto de vista nú, escancarado.
Um terror esta situação também, um problema que caminha para a ''insolução''.
A luz não falta apenas nos grandes centros, infelizmente. Como fogo em palha seca, essa desgraceira toda segue deixando um caminho de destruição, sem que vislumbremos a tão almejada luz no fim do túnel.
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