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Luis Fernando Verissimo [Cartunista, Tradutor, Roterista, Autor de Teatro e Escritor Brasileiro]

Luis Fernando Verissimo (Porto Alegre, 26 de setembro de 1936) é um escritor brasileiro. Mais conhecido por suas crônicas e textos de humor, mais precisamente de sátiras de costumes, publicados diariamente em vários jornais brasileiros, Verissimo é também cartunista e tradutor, além de roteirista de televisão, autor de teatro e romancista bissexto. Já foi publicitário e copy desk de jornal. É ainda músico, tendo tocado saxofone em alguns conjuntos. Com mais de 60 títulos publicados, é um dos mais populares escritores brasileiros contemporâneos. É filho do também escritor Érico Verissimo.

Nascido e criado em Porto Alegre, Luis Fernando viveu parte de sua infância e adolescência nos Estados Unidos, com a família, em função de compromissos profissionais assumidos por seu pai - professor na Universidade de Berkeley (1943-1945) e diretor cultural da União Pan-americana em Washington (1953-1956). Como consequência disso, cursou parte do primário em San Francisco e Los Angeles, e concluiu o secundário na Roosevelt High School, de Washington.
Aos 14 anos produziu, com a irmã Clarissa e um primo, um jornal periódico com notícias da família, que era pendurado no banheiro de casa e se chamava "O Patentino" (patente é como é conhecida a privada no Rio Grande do Sul).
No período em que viveu em Washington, Verissimo desenvolveu sua paixão pelo jazz, tendo começado a estudar saxofone e, em frequentes viagens a Nova York, assistido a espetáculos dos maiores músicos da época, inclusive Charlie Parker e Dizzy Gillespie.
Em 21 de novembro de 2012, Luis Fernando foi internado em estado grave na UTI do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, devido a um quadro grave de gripe. Ele teve alta no dia 14 de dezembro.

De volta a Porto Alegre em 1956, começou a trabalhar no departamento de arte da Editora Globo. A partir de 1960, fez parte do grupo musical Renato e seu Sexteto, que se apresentava profissionalmente em bailes na capital gaúcha, e que era conhecido como "o maior sexteto do mundo", porque tinha 9 integrantes.

Entre 1962 e 1966, viveu no Rio de Janeiro, onde trabalhou como tradutor e redator publicitário, e onde conheceu e casou-se (1963) com a carioca Lúcia Helena Massa, sua companheira até hoje e mãe de seus três filhos (Fernanda, 1964; Mariana, 1967; e Pedro, 1970).

Em 1967, de novo em sua cidade natal, começou a trabalhar no jornal Zero Hora, a princípio como revisor de textos (copy desk). Em 1969, depois de cobrir as férias do colunista Sérgio Jockymann e poder mostrar a qualidade e agilidade de seu texto, passou a assinar sua própria coluna diária no jornal. Suas primeiras colunas foram sobre futebol, abordando a fundação do Estádio Beira-Rio e os jogos do Internacional, seu clube do coração. No mesmo ano, tornou-se redator da agência de publicidade MPM Propaganda.

Em 1970 transferiu-se para o jornal Folha da Manhã, onde manteve sua coluna diária até 1975, escrevendo sobre esporte, cinema, literatura, música, gastronomia, política e comportamento, sempre com ironia e idéias pessoais, além de pequenos contos de humor que ilustram seus pontos de vista.

Em 1971 criou, com um grupo de amigos da imprensa e da publicidade porto-alegrense, o semanário alternativo O Pato Macho, com textos de humor, cartuns, crônicas e entrevistas, e que vai circular durante todo o ano na cidade.

Em 1973 lançou, pela Editora José Olympio, seu primeiro livro, O Popular, com o subtítulo "crônicas, ou coisa parecida", uma coletânea de textos já veiculados na imprensa, o que seria o formato da grande maioria de suas publicações até hoje. O livro de estreia de Verissimo recebeu elogios do importante crítico literário Wilson Martins, em O Estado de São Paulo.

Em 1975, voltou ao jornal Zero Hora, onde permanece até hoje, e passou a escrever semanalmente também no Jornal do Brasil, tornando-se nacionalmente conhecido. Publicou nesse ano seu segundo livro de crônicas, A Grande Mulher Nua e começou a desenhar a série "As Cobras", que no mesmo ano já rendeu uma primeira publicação de cartuns.

Em 1979, publicou seu quinto livro de crônicas, "Ed Mort e Outras Histórias", o primeiro pela Editora L&PM, com a qual trabalharia durante 20 anos. O título do livro refere-se àquele que viria a ser um dos mais populares personagens de Luis Fernando Verissimo. Uma sátira dos policiais noir, imortalizados pela literatura de Raymond Chandler e Dashiell Hammett e por filmes interpretados por Humphrey Bogart, Ed Mort é um detetive particular carioca, de língua afiada, coração mole e sem um tostão no bolso, que passou a protagonizar uma tira de quadrinhos desenhada por Miguel Paiva e publicada em centenas de jornais diários, gerou uma série de cinco álbuns de quadrinhos (1985-1990) e ainda um filme com Paulo Betti no papel-título.

Entre 1980 e 1981, Verissimo viveu com a família por seis meses em Nova York, o que mais tarde renderia o livro "Traçando Nova York", primeiro de uma série de seis livros de viagem escritos em parceira com o ilustrador Joaquim da Fonseca e publicados pela Editora Artes e Ofícios.

Em 1981, o livro "O Analista de Bagé", lançado na Feira do Livro de Porto Alegre, esgotou sua primeira edição em dois dias, tornando-se fenômeno de vendas em todo o país. O personagem, criado (mas não aproveitado) para um programa humorístico de televisão com Jô Soares, é um psicanalista de formação freudiana ortodoxa, mas com o sotaque, o linguajar e os costumes típicos da fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai e a Argentina. A contradição entre a sofisticação da psicanálise e a "grossura" caricatural do gaúcho da fronteira gerou situações engraçadíssimas, que Verissimo soube explorar com talento em dois livros de contos, um de quadrinhos (com desenhos de Edgar Vasques) e uma antologia.

Em 1982 passou a publicar uma página semanal de humor na revista Veja, que manteria até 1989.

Em 1983, em seu décimo volume de crônicas inéditas, lançou um novo personagem que também faria grande sucesso, a Velhinha de Taubaté, definida como "a única pessoa que ainda acredita no governo". O ingênuo personagem, que dera a seu gato de estimação o nome do porta-voz do Presidente-General Figueiredo, marcava a decadência do governo militar brasileiro, que já estava quase completando 20 anos. Mas, anos depois, em plena democracia, Verissimo faria reviver a Velhinha de Taubaté, ironizando a credibilidade dos presidentes civis, especialmente Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso.

Em toda a década de 1980, Verissimo consolidou-se como um fenômeno de popularidade raro entre escritores brasileiros, mantendo colunas semanais em vários jornais e lançando pelo menos um livro por ano, sempre nas listas dos mais vendidos, além de escrever para programas de humor da TV Globo.

Em 1986, morou seis meses com a família em Roma, e cobriu a Copa do Mundo para a revista Playboy. Em 1988, sob encomenda da MPM Propaganda, escreveu seu primeiro romance, "O Jardim do Diabo".

Em 1989, começou a escrever uma página dominical para o jornal O Estado de São Paulo, mantida até hoje, e para a qual criou o grupo de personagens da Família Brasil. No mesmo ano, estreou no Rio de Janeiro seu primeiro texto escrito especialmente para teatro, "Brasileiras e Brasileiros". E ainda recebeu o Prêmio Direitos Humanos da OAB.

Em 1990, passou 10 meses com a família em Paris e cobriu a Copa da Itália para os jornais Zero Hora, Jornal do Brasil e O Estado de São Paulo, o que voltaria a fazer em 1994, 1998, 2002 e 2006.

Em 1991 publicou uma antologia de crônicas para crianças ("O Santinho", com ilustrações de Edgar Vasques) e outra para adolescentes ("Pai não Entende Nada").

Em 1994, a antologia de contos de humor "Comédias da Vida Privada" foi lançada com grande sucesso, vindo a tornar-se um especial da TV Globo (1994) e depois uma série de 21 programas (1995-1997), com roteiros de Jorge Furtado e direção de Guel Arraes. Verissimo publicaria ainda uma nova antologia de contos, "Novas Comédias da Vida Privada" (1996) e, por contraste, uma série de crônicas políticas até então inéditas em livro, "Comédias da Vida Pública" (1995).

Em 1995, intelectuais brasileiros convidados pelo caderno "Ideias" do Jornal do Brasil elegeram Luis Fernando Verissimo o Homem de Ideias do ano. A esta seguiram-se outras homenagens: em 1996, "Medalha de Resistência Chico Mendes" da ONG Tortura Nunca Mais, "Medalha do Mérito Pedro Ernesto" da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro e "Prêmio Formador de Opinião" da Associação Brasileira de Empresas de Relações Públicas; culminando, em 1997, com o "Prêmio Juca Pato", da União Brasileira de Escritores como o Intelectual do ano. Em 1999, recebeu ainda o Prêmio Multicultural Estadão.
Ainda em 1995, por iniciativa do contrabaixista Jorge Gerhardt, foi criado o grupo Jazz 6, este certamente "o menor sexteto do mundo", com apenas 5 integrantes: além de Verissimo no saxofone e Gerhardt no contrabaixo, fazem parte do grupo Luiz Fernando Rocha (trompete e flugelhorn), Adão Pinheiro (piano) e Gilberto Lima (bateria).

Sendo Gerhardt, Rocha, Pinheiro e Lima "músicos em tempo integral", o grupo depende da agenda de Verissimo para se apresentar, mas já tem 13 anos de estrada e 4 CDs lançados: "Agora é a Hora" (1997), "Speak Low" (2000), "A Bossa do Jazz" (2003) e "Four" (2006).

Em 1999, Verissimo deixou de desenhar as tiras de "As Cobras" e mudou de editora, trocando a L&PM pela Objetiva, que passou a republicar toda a sua obra. Uma destas antologias, "As Mentiras que os Homens Contam" (2000), já vendeu mais de 350 mil exemplares.

Em 2003, resolveu reduzir seu volume de trabalho na imprensa, passando de seis para apenas duas colunas semanais, agora publicadas em Zero Hora, O Globo e O Estado de São Paulo.

A partir de solicitações geradas pelas editoras, Verissimo deixou de ser o "grande escritor de textos curtos" e emendou uma série de novelas e romances: "Gula - O Clube dos Anjos" (1998) coleção "Plenos Pecados" da Objetiva; "Borges e os Orangotangos Eternos" (2000), para a coleção "Literatura ou Morte" da Cia das Letras; "O Opositor" (2004) para a coleção "Cinco Dedos de Prosa" da Objetiva; "A Décima Segunda Noite" (2006), para a coleção "Devorando Shakespeare" da Objetiva; e ainda "Sport Club Internacional, Autobiografia de uma Paixão" (2004), para a coleção "Camisa 13" da Ediouro.

Em 2003, uma reportagem de capa da revista Veja destacou Verissimo como "o escritor que mais vende livros no Brasil". Ao mesmo tempo, a versão em inglês de "Clube dos Anjos" ("The Club of Angels") é escolhida pela New York Public Library como um dos 25 melhores livros do ano.

Em 2004, na França, recebeu o Prix Deux Oceans do Festival de Culturas Latinas de Biarritz.

Em 2006, Verissimo chegou aos 70 anos de idade consagrado como um dos maiores escritores brasileiros contemporâneos, tendo vendido ao todo mais de 5 milhões de exemplares de seus livros. Em 2008, sua filha Fernanda deu-lhe a primeira neta, Lucinda, nascida no dia do aniversário do Sport Club Internacional, 4 de abril.

Personagens

Ed Mort
Velhinha de Taubaté
Analista de Bagé
As Cobras
Família Brasil
Dorinha

 
Livros publicados  
Crônicas e contos (inéditos)

O Popular (1973, ed. José Olympio)
A Grande Mulher Nua (1975, ed. José Olympio)
Amor Brasileiro (1977, ed. José Olympio)
O Rei do Rock (1978, ed. Globo)
Ed Mort e Outras Histórias (1979, ed. L&PM)
Sexo na Cabeça (1980, ed. L&PM)
O Analista de Bagé (1981, ed. L&PM)
A Mesa Voadora (1982, ed. Globo)
Outras do Analista de Bagé (1982, ed. L&PM)
A Velhinha de Taubaté (1983, ed. L&PM)
A Mulher do Silva (1984, ed. L&PM)
A Mãe de Freud (1985, ed. L&PM)
O Marido do Doutor Pompeu (1987, ed. L&PM)
Zoeira (1987, ed. L&PM)
Noites do Bogart (1988)
Orgias (1989, ed. L± relançado em 2005 pela Objetiva)
Pai Não Entende Nada (1990, ed. L&PM)
Peças Íntimas (1990, ed. L&PM)
O Santinho (1991, ed. L&PM)
Humor Nos Tempos do Collor (1992, ed. L&PM Com Millôr Fernandes e Jô Soares)
O Suicida e o Computador (1992, ed. L&PM)
Comédias da Vida Pública (1995, ed. L&PM)
A Versão dos Afogados - Novas Comédias da Vida Pública (1997, ed. L&PM)
A Mancha (2004, ed. Cia das Letras, coleção Vozes do Golpe)
Em algum lugar do paraíso (2011, ed. Objetiva)
Diálogos impossíveis (2012, ed. Objetiva)


Crônicas e contos (antologias e reedições)

O Gigolô das Palavras (1982, ed. L&PM)
Comédias da Vida Privada (1994, ed. L&PM)
Novas Comédias da Vida Privada (1996, ed. L&PM)
Ed Mort, Todas as Histórias (1997, ed. L&PM)
Aquele Estranho Dia que Nunca Chega (1999, Editora Objetiva)
A Eterna Privação do Zagueiro Absoluto (1999, Editora Objetiva)
Histórias Brasileiras de Verão (1999, Editora Objetiva)
As Noivas do Grajaú (1999, ed. Mercado Aberto)
Todas as Comédias (1999, ed. L&PM)
Festa de Criança (2000, ed. Ática)
Comédias para se Ler na Escola (2000, Editora Objetiva)
As Mentiras que os Homens Contam (2000, Editora Objetiva)
Todas as Histórias do Analista de Bagé (2002, Editora Objetiva)
Banquete Com os Deuses (2002, Editora Objetiva)
O Nariz e Outras Crônicas (2003, ed. Ática)
O Melhor das Comédias da Vida Privada (2004, Editora Objetiva)
Mais comédias para ler na escola (2008, Editora Objetiva)

Novelas e romances

Pega pra Kapput (1978, ed. L± com Moacyr Scliar, Josué Guimarães e Edgar Vasques)
O Jardim do Diabo (1987, ed. L&PM)
Gula - O Clube dos Anjos (1998, Editora Objetiva, coleção Plenos Pecados)
Borges e os Orangotangos Eternos (2000, ed. Cia das Letras, coleção Literatura ou Morte)
O Opositor (2004, Editora Objetiva, coleção Cinco Dedos de Prosa)
A Décima Segunda Noite (2006, Editora Objetiva, coleção Devorando Shakespeare)
Os Espiões (2009, Editora Objetiva)


Relatos de viagens
Traçando New York (1991, ed. Artes e Ofícios; com Joaquim da Fonseca)
Traçando Paris (1992, ed. Artes e Ofícios; com Joaquim da Fonseca)
Traçando Porto Alegre (1993, ed. Artes e Ofícios; com Joaquim da Fonseca)
Traçando Roma (1993, ed. Artes e Ofícios; com Joaquim da Fonseca)
América (1994, ed. Artes e Ofícios)
Traçando Japão (1995, ed. Artes e Ofícios; com Joaquim da Fonseca)
Traçando Madrid (1997, ed. Artes e Ofícios; com Joaquim da Fonseca)


Cartuns e quadrinhos

As Cobras (1975, ed. Milha)
As Cobras e Outros Bichos (1977, ed. L&PM)
As Cobras do Verissimo (1978, ed. Codecri)
O Analista de Bagé em Quadrinhos (1983, ed. L± com Edgar Vasques)
Aventuras da Família Brasil (1985, ed. L&PM)
Ed Mort em Procurando o Silva (1985, ed. L± com Miguel Paiva)
As Cobras, vols I, II e III (1987, ed. Salamandra)
Ed Mort em Disneyworld Blues (1987, ed. L± com Miguel Paiva)
Ed Mort em Com a Mão no Milhão (1988, ed. L± com Miguel Paiva)
Ed Mort em Conexão Nazista (1989, ed. L± com Miguel Paiva)
Ed Mort em O Sequestro do Zagueiro Central (1990, ed. L± com Miguel Paiva)
A Família Brasil (1993, ed. L&PM)
As Cobras em Se Deus existe que eu seja atingido por um raio (1997, ed. L&PM)
Pof (2000, ed. Projeto)
Aventuras da Família Brasil (reedição - 2005, Editora Objetiva)

Outros

O Arteiro e o Tempo (infantil; ed. Berlendis & Vertecchia; ilustrada por Glauco Rodrigues)
Poesia Numa Hora Dessas?! (poemas; 2002, Editora Objetiva)
Internacional, Autobiografia de uma Paixão (2004, ed. Ediouro).


Atribuições autorais indevidas

Aproveitando de sua notoriedade hoaxes são criados. Muitos textos que circulam na internet a ele atribuídos não são de sua autoria. Verissimo é considerado o autor brasileiro mais citado nesse tipo de situação.



Outro você

E dizem que rola um texto na internet com minha assinatura baixando o pau no “Big Brother Brasil”.
Não fui eu que escrevi.
Não poderia escrever nada sobre o “Big Brother Brasil”, a favor ou contra, porque sou um dos três ou quatro brasileiros que nunca o acompanharam.
O pouco que vi do programa, de passagem, zapeando entre canais, só me deixou perplexo: o que, afinal, atraía tanto as pessoas — além do voyeurismo natural da espécie — numa jaula de gente em exibição?
Falha minha, sem dúvida. Se prestasse mais atenção talvez descobrisse o valor sociológico que, como já ouvi dizerem, redime o programa e explica seu fascínio. Pode ser. Os “Big Brothers” e similares fazem sucesso no mundo todo. Provavelmente eu e os outros três ou quatro resistentes apenas não pegamos o espírito da coisa.
Também me dizem que, além de textos meus que nunca escrevi (como textos igualmente apócrifos do Jabor, da Martha Medeiros e até do Jorge Luís Borges), agora frequento a internet com um Twitter.
Aviso: não tenho tuiter, não recebo tuiter, não sei o que é tuiter.
E desautorizo qualquer frase de tuiter atribuída a mim a não ser que ela seja absolutamente genial. Brincadeira, mas já fui obrigado a aceitar a autoria de mais de um texto apócrifo (e agradecer o elogio) para não causar desgosto, ou até revolta. Como a daquela senhora que reagiu com indignação quando eu inventei de dizer que um texto que ela lera não era meu:
— É sim.
— Não, eu acho que...
— É sim senhor!
Concordei que era, para não apanhar. O curioso, e o assustador, é que, em textos de outros com sua assinatura e em tuiters falsos, você passa a ter uma vida paralela dentro das fronteiras infinitas da internet.
É outro você, um fantasma eletrônico com opiniões próprias, muitas vezes antagônicas, sobre o qual você não tem nenhum controle,
— Olha, adorei o que você escreveu sobre o “Big Brother”. É isso aí!
— Não fui eu que...
— Foi sim!




Clic

Cidadão se descuidou e roubaram seu celular. Como era um executivo e não sabia mais viver sem celular, ficou furioso. Deu parte do roubo, depois teve uma idéia. Ligou para o número do telefone. Atendeu uma mulher.

— Aloa.
— Quem fala?
— Com quem quer falar?
— O dono desse telefone.
— Ele não pode atender.
— Quer chamá-lo, por favor?
— Ele esta no banheiro. Eu posso anotar o recado?
— Bate na porta e chama esse vagabundo agora.
Clic. A mulher desligou. O cidadão controlou-se. Ligou de novo.
— Aloa.
— Escute. Desculpe o jeito que eu falei antes. Eu preciso falar com ele, viu? É urgente.
— Ele já vai sair do banheiro.
— Você é a...
— Uma amiga.
— Como é seu nome?
— Quem quer saber?
O cidadão inventou um nome.
— Taborda. (Por que Taborda, meu Deus?) Sou primo dele.
— Primo do Amleto?
Amleto. O safado já tinha um nome.
— É. De Quaraí.
— Eu não sabia que o Amleto tinha um primo de Quaraí.
— Pois é.
— Carol.
— Hein?
— Meu nome. É Carol.
— Ah. Vocês são...
— Não, não. Nos conhecemos há pouco. 
— Escute Carol. Eu trouxe uma encomenda para o Amleto. De Quaraí. Uma pessegada, mas não me lembro do endereço.
— Eu também não sei o endereço dele.
— Mas vocês...
— Nós estamos num motel. Este telefone é celular.
— Ah.
— Vem cá. Como você sabia o número do telefone dele? Ele recém-comprou.
— Ele disse que comprou?
— Por que?
O cidadão não se conteve.
— Porque ele não comprou, não. Ele roubou. Está entendendo? Roubou. De mim!
— Não acredito.
— Ah, não acredita? Então pergunta pra ele. Bate na porta do banheiro e pergunta.
— O Amleto não roubaria um telefone do próprio primo.
E Carol desligou de novo. 
O cidadão deixou passar um tempo, enquanto se recuperava. Depois ligou.
— Aloa.
— Carol, é o Tobias.
— Quem?
— O Taborda. Por favor, chame o Amleto.
— Ele continua no banheiro.
— Em que motel vocês estão?
— Por que?
— Carol, você parece ser uma boa moça. Eu sei que você gosta do Amleto...
— Recém nos conhecemos.
— Mas você simpatizou. Estou certo? Você não quer acreditar que ele seja um ladrão. Mas ele é, Carol. Enfrente a realidade. O Amleto pode Ter muitas qualidades, sei lá. Há quanto tempo vocês saem juntos?
— Esta é a primeira vez.
— Vocês nunca tinham se visto antes?
— Já, já. Mas, assim, só conversa.
— E você nem sabe o endereço dele, Carol. Na verdade você não sabe nada sobre ele. Não sabia que ele é de Quaraí.
— Pensei que fosse goiano.
— Ai esta, Carol. Isso diz tudo. Um cara que se faz passar por goiano...
— Não, não. Eu é que pensei.
— Carol, ele ainda está no banheiro?
— Está.
— Então sai daí, Carol. Pegue as suas coisas e saia. Esse negocio pode acabar mal. Você pode ser envolvida. — Saia daí enquanto é tempo, Carol!
— Mas...
— Eu sei. Você não precisa dizer. Eu sei. Você não quer acabar a amizade. Vocês se dão bem, ele é muito legal. Mas ele é um ladrão, Carol. Um bandido. Quem rouba celular é capaz de tudo. Sua vida corre perigo.
— Ele esta saindo do banheiro. 
— Corra, Carol! Leve o telefone e corra! Daqui a pouco eu ligo para saber onde você está.
Clic.
Dez minutos depois, o cidadão liga de novo.
— Aloa.
— Carol, onde você está?
— O Amleto está aqui do meu lado e pediu para lhe dizer uma coisa.
— Carol, eu...
— Nós conversamos e ele quer pedir desculpas a você. Diz que vai devolver o telefone, que foi só brincadeira. Jurou que não vai fazer mais isso.
O cidadão engoliu a raiva. Depois de alguns segundos falou:
— Como ele vai devolver o telefone?
— Domingo, no almoço da tia Eloá. Diz que encontra você lá.
— Carol, não...
Mas Carol já tinha desligado.
O cidadão precisou de mais cinco minutos para se recompor. Depois ligou outra vez.
—Aloa.
Pelo ruído o cidadão deduziu que ela estava dentro de um carro em movimento.
— Carol, é o Torquatro.
— Quem?
— Não interessa! Escute aqui. Você está sendo cúmplice de um crime. Esse telefone que você tem na mão, esta me entendendo? Esse telefone que agora tem suas impressões digitais. É meu! Esse salafrário roubou meu celular!
— Mas ele disse que vai devolver na...
— Não existe Tia Eloá nenhuma! Eu não sou primo dele. Nem conheço esse cafajeste. Ele esta mentindo para você, Carol.
— Então você também mentiu!
— Carol...
Clic.
Cinco minutos depois, quando o cidadão se ergueu do chão, onde estivera mordendo o carpete, e ligou de novo, ouviu um "Alô" de homem.
— Amleto?
— Primo! Muito bem. Você conseguiu, viu? A Carol acaba de descer do carro.
— Olha aqui, seu...
— Você já tinha liquidado com o nosso programa no motel, o maior clima e você estragou, e agora acabou com tudo. Ela está desiludida com todos os homens, para sempre. Mandou parar o carro e desceu. Em plena Cavalhada. Parabéns primo. Você venceu. Quer saber como ela era?
— Só quero meu telefone.
— Morena clara. Olhos verdes. Não resistiu ao meu celular. Se não fosse o celular, ela não teria topado o programa. E se não fosse o celular, nós ainda estaríamos no motel. Como é que chama isso mesmo? Ironia do destino?
— Quero meu celular de volta!
— Certo, certo. Seu celular. Você tem que fechar negócios, impressionar clientes, enganar trouxas. Só o que eu queria era a Carol...
— Ladrão
— Executivo
— Devolve meu...
Clic.
Cinco minutos mais tarde. Cidadão liga de novo. Telefone toca várias vezes. Atende uma voz diferente.
— Ahn?
— Quem fala?
— É o Trola.
— Como você conseguiu esse telefone?
— Sei lá. Alguém jogou pela janela de um carro. Quase me acertou. 
— Onde você está?
— Como eu estou? Bem, bem. Catando meus papéis, sabe como é. Mas eu já fui de circo. É. Capitão Trovar. Andei até pelo Paraguai.
— Não quero saber de sua vida. Estou pagando uma recompensa por este telefone. Me diga onde você está que eu vou buscar.
— Bem. Fora a Dalvinha, tudo bem. Sabe como é mulher. Quando nos vê por baixo, aproveita. Ontem mesmo...
— Onde você está? Eu quero saber onde!
— Aqui mesmo, embaixo do viaduto. De noitinha. Ela chegou com o índio e o Marvão, os três com a cara cheia, e...
Extraído do livro "As Mentiras que os Homens Contam", Editora Objetiva - Rio de Janeiro, 2000, pág. 41.



Dez Coisas que Levei Anos Para Aprender

1. Uma pessoa que é boa com você, mas grosseira com o garçom, não pode ser uma boa pessoa.
2. As pessoas que querem compartilhar as visões religiosas delas com você, quase nunca querem que você compartilhe as suas com elas.
3. Ninguém liga se você não sabe dançar. Levante e dance.
4. A força mais destrutiva do universo é a fofoca.
5. Não confunda nunca sua carreira com sua vida.
6. Jamais, sob quaisquer circunstâncias, tome um remédio para dormir e um laxante na mesma noite.
7. Se você tivesse que identificar, em uma palavra, a razão pela qual a raça humana ainda não atingiu (e nunca atingirá) todo o seu potencial, essa palavra seria "reuniões".
8. Há uma linha muito tênue entre "hobby" e "doença mental".
9. Seus amigos de verdade amam você de qualquer jeito.
10. Nunca tenha medo de tentar algo novo. Lembre-se de que um amador solitário construiu a Arca. Um grande grupo de profissionais construiu o Titanic.



 E tudo mudou...

O rouge virou blush
O pó-de-arroz virou pó-compacto
O brilho virou gloss

O rímel virou máscara incolor
A Lycra virou stretch
Anabela virou plataforma
O corpete virou porta-seios
Que virou sutiã
Que virou lib
Que virou silicone

A peruca virou aplique, interlace, megahair, alongamento
A escova virou chapinha
"Problemas de moça" viraram TPM
Confete virou MM

A crise de nervos virou estresse
A chita virou viscose.
A purpurina virou gliter
A brilhantina virou mousse

Os halteres viraram bomba
A ergométrica virou spinning
A tanga virou fio dental
E o fio dental virou anti-séptico bucal

Ninguém mais vê...

Ping-Pong virou Babaloo
O a-la-carte virou self-service

A tristeza, depressão
O espaguete virou Miojo pronto
A paquera virou pegação
A gafieira virou dança de salão

O que era praça virou shopping
A areia virou ringue
A caneta virou teclado
O long play virou CD

A fita de vídeo é DVD
O CD já é MP3
É um filho onde éramos seis
O álbum de fotos agora é mostrado por email

O namoro agora é virtual
A cantada virou torpedo
E do "não" não se tem medo
O break virou street

O samba, pagode
O carnaval de rua virou Sapucaí
O folclore brasileiro, halloween
O piano agora é teclado, também

O forró de sanfona ficou eletrônico
Fortificante não é mais Biotônico
Bicicleta virou Bis
Polícia e ladrão virou counter strike

Folhetins são novelas de TV
Fauna e flora a desaparecer
Lobato virou Paulo Coelho
Caetano virou um chato

Chico sumiu da FM e TV
Baby se converteu
RPM desapareceu
Elis ressuscitou em Maria Rita?
Gal virou fênix
Raul e Renato,
Cássia e Cazuza,
Lennon e Elvis,
Todos anjos
Agora só tocam lira...

A AIDS virou gripe
A bala antes encontrada agora é perdida
A violência está coisa maldita!

A maconha é calmante
O professor é agora o facilitador
As lições já não importam mais
A guerra superou a paz
E a sociedade ficou incapaz...

... De tudo.
Inclusive de notar essas diferenças

A sintaxe é uma questão de uso, não de princípios. Escrever bem é escrever claro, não necessariamente certo. Por exemplo: dizer "escrever claro" não é certo mas é claro, certo?


Fonte:

Luis Fernando Verissimo 
Todos os direitos autorais reservados ao autor.

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