39 obras de Hannah Arendt, Adorno, Benjamin, Habermas.
Hannah
Arendt. Nascida em
Hannover, na Alemanha, em 14 de outubro de 1906, de origem judaica, foi
batizada como Johanna Arendt. Tendo perdido o pai com sete anos incompletos,
mostrou-se precoce ao tentar consolar sua mãe, Martha Arendt: "Pense -
isso acontece com muitas mulheres", teria dito a menina, para espanto da
viúva. Recebeu da mãe, que tinha simpatia por ideias da social-democracia, uma
educação marcadamente liberal. Ainda na adolescência, teve contato com a obra
de Kant. Aos dezessete anos, abandonou a escola por questões disciplinares.
Transferiu-se para Berlim, onde estudou teologia e a filosofia do dinamarquês Soren
Kierkegaard. Em 1924, passou a frequentar a universidade de Marburg. Ali
permaneceu um ano, durante o qual assistiu aulas de Filosofia com Martin
Heidegger - com quem manteve, em seguida, um relacionamento amoroso complicado
- e Nicolai Hartmann; teologia protestante com Rudolf Bultmann; e grego. Arendt
formou-se em Filosofia em Heidelberg.
Em 1929, época da
recessão mundial provocada pela quebra da Bolsa de Nova York, Arendt mudouse
para Berlim, com uma bolsa de estudos. Com a ascensão do nazismo ao poder, em
1933, ela foi para a capital francesa, onde conheceu grandes intelectuais, a
exemplo do filósofo e escritor Walter Benjamin. Na ocasião, trabalhou como
secretária da baronesa Rotschild, de uma tradicional família de banqueiros.
Na Segunda Guerra Mundial
(1939-1945), quando o governo da França cooperou com os invasores alemães, a
judia Hannah foi mandada a um campo de concentração, como "estrangeira
suspeita". Todavia, conseguiu fugir para Nova York, onde chegou em 1941.
Exilada e apátrida
(perdeu a nacionalidade alemã), permaneceu dez anos sem direitos políticos,
obtendo a cidadania estadunidense em 1951. Nos Estados Unidos, Hannah trabalhou
em várias organizações judaicas e editoras, como a Schoken Books, tendo escrito
também para o periódico Weekly Aufba. Naquele país, ela desenvolveu
efetivamente sua carreira acadêmica, contratada em 1963 pela Universidade de
Chicago. No ano seguinte, entraria para a American Academy of Arts and Letters.
Em Chicago, Arendt foi professora até 1967, quando se transferiu para Nova
York, dando aulas na New School of Social Research. Faleceu em 4 de dezembro de
1975.
***
Este renomado
intelectual alemão, Theodor Ludwig Wiesengrund-Adorno, nascido em Frankfurt, no dia 11 de setembro de 1903,
formou-se em filosofia, sociologia, psicologia, e tornou-se também musicólogo e
compositor, graduando-se na Universidade de Frankfurt. Posteriormente fundou,
ao lado de Max Horkheimer, Walter Benjamin, Herbert Marcuse e Jürgen Habermas,
entre outros, a célebre Escola de Frankfurt.
Seu pai, Oscar Alexander
Wiesengrund, era um alemão de procedência judaica, porém convertido à religião
protestante, enquanto sua mãe, a italiana Maria Bárbara Calvelli-Adorno,
dedicava-se à música erudita e professava o catolicismo. Mais tarde o filho
adota o sobrenome materno, passando a ser conhecido como Theodor W. Adorno.
Sua formação musical
foi, em parte, realizada com sua meia-irmã pelo lado de mãe, Agathe, primorosa
pianista. Além de se sobressair nos estudos desenvolvidos no
Kaiser-Wilhelm-Gymnasium, freqüentou um curso particular com o compositor
Bernhard Sekles e tornou-se especialista no filósofo Immanuel Kant, graças às
aulas oferecidas por seu camarada Siegfried Kracauer, um ‘expert’ na Sociologia
do Conhecimento.
O empenho intelectual de
Adorno o levou a defender, já em 1924, sua tese sobre a fenomenologia de Edmund
Husserl. Antes mesmo de se formar ele se torna amigo de Walter Benjamin e de
Max Horkheimer, seus futuros companheiros de militância intelectual e política.
Sua trajetória intelectual tem início em 1933, quando lança sua tese sobre
Kierkegaard. Outro contato importante no universo filosófico é com o
principiante Lukács, em 1925. As primeiras publicações deste filósofo alemão –
A Teoria do Romance e História e Consciência de Classe -, mais tarde rejeitadas
por ele, para completa desilusão de Adorno, influenciam profundamente sua
produção acadêmica, sustentando seus ideais e os rumos de sua mente brilhante.
Benjamin também deixa marcas fundamentais no pensamento adorniano, que se
identifica plenamente com os conceitos desenvolvidos pelo amigo.
Futuro crítico
contundente dos meios de comunicação de massa, ele percebe, nos seus anos de
exílio nos Estados Unidos, serem eles peças essenciais da engrenagem que
alicerça a indústria cultural. Esta criação do Capitalismo molda a mentalidade
dos que a ela aderem inconscientemente, semeando o conformismo e a resignação
na população que se encontra inerte diante de um sistema implacável que
desfigura a essência do ser.
Adorno foi mais um dos
adeptos da Escola de Frankfurt que, durante o processo de nazificação da
Alemanha, foi obrigado a se refugiar na América, por ser de ascendência judaica
e também por sua vocação para o socialismo. Depois de uma passagem pela Suíça,
ele atendeu a um convite de Horkheimer para trabalhar na Universidade de
Princeton. Sua impressão sobre os Estados Unidos não foi das melhores. Sofisticado
intelectual europeu, incomodou-o profundamente o ar de uniformização presente
em tudo, a despeito dos conceitos norte-americanos de individualidade e do
cultivo das diferenças.
Este universo regido
pelos interesses, pelo lucro e pelas conveniências o levou a uma reflexão mais
atenta sobre a massificação da cultura. Inclinado a compreender esse paradoxo
americano, ele estuda a fundo a mídia dos EUA, e descobre sob a aparente
liberdade apregoada pelo ‘American Way of Life’, uma ideologia padronizada que
a tudo perpassa, com a intenção de sujeitar a massa apática, induzindo-a ao
consumismo e à submissão ao sistema.
Com o término da Segunda
Guerra, Adorno professa a volta do Instituto de Pesquisa Social para Frankfurt,
juntamente com seus membros. Após a aposentadoria de Horkheimer, Adorno assume
sua diretoria, na década de 50. Pouco antes de sua morte, em 6 de agosto de
1969, ele assumiu uma posição controvertida diante dos rebeldes do movimento
estudantil que, em 31 de janeiro deste mesmo ano, pretendiam suspender sua aula
para darem seqüência aos protestos que se espalhavam pelas ruas da Europa.
Surpreendentemente ele recorreu á polícia para reprimir as manifestações, o que
causou um mal-estar entre ele e os estudantes, além de o contrapor ao seu antigo
companheiro, Marcuse, que se aliara aos alunos nos movimentos que se alastravam
pelo continente europeu. Adorno parte sentindo-se aviltado pelos adeptos de uma
esquerda para ele considerada ultra-radical.
***
Walter
Benjamin
Walter Benedix
Schönflies Benjamin nasceu no seio de uma família judaica, filho de Emil
Benjamin e Paula Schönflies Benjamin, comerciantes. Na adolescência, participou
do Movimento da Juventude Livre Alemã, de tendência socialista.
Em 1915, conhece o
filósofo e historiador Gerschom Gerhard Scholem, de quem se torna grande amigo.
Após estudar filosofia
na Universidade Freiburg im Breisgau, doutorou-se pela Universidade Bern, em
1919, com a tese O conceito de crítica de arte no romantismo alemão.
Com a ascensão do nazismo ao poder, Benjamin, já balado
por dificuldades materiais, exilou-se em Paris, em 1935.
Com a invasão da França pelos alemães, em 1940, juntou-se
a um grupo de refugiados que tentava a fuga pelos Pireneus. Detido na fronteira
pela polícia espanhola, que ameaçou entregar o grupo à Gestapo, Benjamin
suicidou-se. No dia seguinte, contudo, as autoridades permitiram a passagem do
grupo.
Crítico
de idéias e fatos
Walter Benjamin é
considerado um dos mais importantes pensadores modernos. Em vida, seus escritos
não alcançaram repercussão, embora ele já fosse respeitado em alguns círculos,
conseguindo o estímulo decisivo de filósofos como Ernst Bloch e T. W. Adorno.
Adorno, aliás, responsável pela edição póstuma das obras de Benjamin,
considerou-o antes de tudo como um filósofo que teria tentado subtrair-se ao
pensamento classificatório, filosofando contra a filosofia.
O que mais interessa
na obra crítica de Benjamin é a abordagem de
temas concretos da literatura, da arte, das técnicas, da vida social, etc., sem
abandono do rigor conceitual. Benjamin é, por isso, além de filósofo, um
crítico de ideias e fatos.
Os escritos de Benjamin
ficaram esparsos em periódicos e só três livros foram por ele publicados em
vida. Além de sua tese de doutoramento, publicou uma tese reabilitando o
barroco alemão (Origem da tragédia alemã) e um volume de ensaios e reflexões
(Rua de mão única), ambos em 1928.
Entre seus ensaios
destacam-se "As afinidades eletivas de Goethe", "Sobre alguns
temas em Baudelaire", "Teses sobre filosofia da história",
"Paris, capital do século 19" e "A obra de arte na era de sua
reprodutibilidade técnica".
***
Jürgen Habermas. Um
dos mais importantes filósofos alemães do século XX, nasceu em Gummersbach, a
18 de Junho de 1929. Fez cursos de filosofia, história e literatura,
interessou-se pela psicologia e economia (Universidades de de Gotingen- com
Nicolai Harttman-, de Zurique e de Bona). Em 1954 doutorou-se em filosofia na
universidade de Bona. Estudou com Adorno e foi assistente no Instituto de
Investigação Social de Frankfurt am Main (1956-1959). Em 1961 obtém licença
para ensinar (Universidade de Marburg) e, em seguida, é nomeado professor
extraordinário de filosofia da Universidade de Heidelberg (1961-1964), onde
ensinava Hans Geor Gadamer. Foi nomeado depois professor titular de
filosofia e sociologia da Universidade de Frankfurt am Main (1964-1971). Desde
1971 é co-director do Instituto Max Plank para a Investigação das Condições de
Vida do Mundo Técnico-Científico, em Starnberg.
Habermas foi durante os
anos 60 um dos principais teóricos e depois crítico do movimento estudantil. É
considerado um dos últimos representantes da escola de Frankfurt.
Apesar da enorme
complexidade do pensamento de Habermas, é possível descobrir algumas
constantes:
1. Ao longo da sua
vastíssima obra, tem procurado de criar uma teoria crítica social assente
numa teoria da sociedade
2. Assumindo-se como um
dos defensores da modernidade, procura igualmente criar uma teoria da razão que
inclua teoria e prática, o mesmo é dizer, uma teoria que seja ao mesmo tempo
justificativa e explicativa.
3.A noção de interesse é
nuclear no seu pensamento. Habermas parte do pressuposto que todo o
conhecimento é induzido ou dirigido por interesses. Mas ao contrário das Karl
Marx não o reduz o conhecimento à esfera da produção, onde seria convertido em
ideologia. Nem reduz os conflitos de interesses à luta de classes. A sua noção
de interesse é muito ampla. Os interesses surgem de problemas que a humanidade
enfrenta e a que tem que dar resposta. Os interesses são estruturados por
processos de aprendizagem e compreensão mútua. É neste contexto que Habermas
afirma o princípio da racionalidade dos interesses. Distingue três grandes
tipos de interesses, segundo um hierarquia algo peculiar: a)técnicos; b)
comunicativos; c) emancipatórios.
Os interesses
técnicos surgem do desejo de domínio e controlo da natureza. Tratam-se de
interesses técnicos na medida em que a tecnologia se apoia ou está ligada à
ciência. Todo o conhecimento científico enquadra-se nesta esfera de
interesses.
Os interesses
comunicativos levam os membros duma sociedade a entenderem-se (e às vezes
a não entenderem-se) com outros membros da mesma da mesma comunidade, o que
origina entendimentos e desentendimentos entre as várias comunidades. Nesta
esfera de interesses estão as chamadas ciências do espírito (ciências
humanísticas, culturais, etc).
Os interesses
emancipatórios ou libertadores estão ligados à auto-reflexão que permite
estabelecer modos de comunicação entre os homens tornando razoáveis as suas
interpretações. Estes interesses estão ligados à reflexão, às ciências críticas
(teorias sociais), e pelo menos em parte, ao pensamento filosófico. Esta
auto-reflexão pode converter-se numa ciência, como ocorre com a psicanálise e a
crítica das ideologias, mas uma ciência que é capaz transformar as outras
ciências. O interesse emancipatório resulta de ser um interesse
justificador, explicativo enquanto justificador.
4.A auto-reflexão
individual é inseparável da educação social, e ambas são aspectos de
emancipação social e humana. As decisões (práticas) são encaradas como actos
racionais, onde não é possível separar a teoria da prática.
5. Todo o seu pensamento
aponta, assim, para uma auto-reflexão do espécie humana, cuja história natural
nos vai dando conta dos níveis de racionalidade que a mesma atinge.
Revista Biografia
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15 comentários
Maravilha.
Muito bom!!!
Inspirou
«Hannah Arendt. [...] de origem judaica, foi batizada como Johanna Arendt.»
Meus senhores, conforme bem dizem, Hannah Arendt era de origem judaica, ou melhor, era judia. Se há coisa que ela não foi, foi «batizada».
O baptismo é a cerimónia de aceitação de um novo membro numa comunidade de crentes cristãos.
Hannah Arendt era judia, não foi «batizada» — foi registada, que é um acto civil. (Se fosse homem, teria sido circuncidado, acto de aceitação na comunidade judaica.)
o link não está funcionando.
Oie Arthur ,esta funcionando sim , so clicar- Para fazer o download das obras clique no link abaixo:
Adorno, Benjamin, Habermas e Hannah Arendt
acabei de abrir aqui
Popularmente também se pode utilizar o termo "batizado" para dizer que alguém recebeu tal nome... nesse caso, "bastismo" não tem sentido cristão. É preciso tomar cuidado para não tomar as palavras em seu sentido literal. :)
Interessante e pude conhecer escritores esses escritores fantásticos....ansiosa para ler a obras de todos.
Interessante documentário, ansiosa para ler as obras de todos.
O link está com erro, seria possível verificar? gostaria de fazer o download
esta dando erro
Link está quebrado... Dando erro!
A Hannah Arendt foi simplesmente uma mulher fantástica. N desmerecendo os demais. Sou muito fã dela. <3
Olá!
Quanta cultura!
Quanta erudição!
Adorei o espaço!
Grande abraço e sucesso sempre!
Moacir Castro
Bom dia, peço à quem puder, enviar-me as obras de Habermas em português, Teoria da Ação Comunicativa I e II, pois venho já procurando há muito tempo e não as encontro. Por favor....meu email: heliosimango51@gmail.com
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