Ricardo Brito – Um canto de Poesia [Cleo Oshiro]
Não, ou melhor, sim, mas sem saber. Sempre adorei Chico Buarque e outros artistas da chamada MPB que fazem sambas, mas são denominados como MPB. Do mesmo jeito que sempre adorei a Bossa Nova que é uma espécie de samba. Mas, a partir do ano 2000, por influência de amigos e parceiros queridos, como Alceu Maia, fui conhecendo melhor o samba.
Onde busca inspiração para compor?
Na vida, no cotidiano. Em minhas experiências pessoais e observações.
Quantas canções de sua autoria existem?
Resposta difícil, muita coisa perdida. Considero compor um exercício permanente. Creio que registradas tenho um pouco mais de 200.
Quem são suas influência musicais?
Apesar que de vez em quando ainda crio uma melodia, o que considero um exercício para escrever letras, atualmente tenho procurado me concentrar em escrever letras. Tenho grandes mestres na música brasileira. Vinícius de Moraes, Abel Silva, Sérgio Natureza, Paulo Sérgio Valle, Paulo César Feital, Paulo César Pinheiro, Aldyr Blanc, dentre outros.
Comecei em casa com meus parceiros. Era um bate-papo sobre nossas composições e tocávamos as faixas. Disponibilizava num blog. Uma forma de divulgar minhas músicas. Depois fui para a rádio e hoje sigo no mesmo formato, mas com artistas diversos sobre suas obras e eventualmente( raramente, o que é uma pena) ainda com parceiros e ou artistas que cantam nossa obra. Essa fase tem sido muito rica para a ampliação de meus conhecimentos sobre obras de artistas atuais. No momento, a cantora Marianna Leporace tem me ajudado na apresentação do programa. O programa é todas as quartas as 22:00 horas. Tem o blog do programa: www.encontrosrb.blogspot.com onde eles ficam disponíveis em mp3 para serem ouvidos.
Falando em rádio me veio a lembrança da música Não deixe o Samba Morrer na voz da cantora Alcione. Na sua opinião com o aumento de estilos musicais na mídia como sertanejo, funk e certas musicas comerciais, o samba fica meio esquecido?
De forma alguma. Mas, em primeiro lugar, me permita fazer uma observação sobre a sua pergunta. Não deixe o samba morrer é uma música de Edson da Conceição e Aloísio Silva, que foi muito bem gravada por Cassia Eller e imortalizada na voz da grande Alcione. Em geral nos esquecemos dos autores…rsrsrsrs…e eu não posso deixar passar isso…rsrsrs. A música popular brasileira é muito rica e essa mistura de influências e estilos sempre foi benéfica. Atualmente todos esses estilos tem passeado pelo samba também. O samba segue firme como a música mais popular do Brasil, apesar de que isso nem sempre conseguimos ver numa analise comercial. No meu modo de ver, a influência das majors multinacionais com seus popstars é o maior concorrente comercial da música popular brasileira.
Há falta de incentivo cultural no Brasil ?
Sim, por mais paradoxal que possa parecer, as Leis de Incentivo acabam “escondendo” a falta de uma política cultural mais efetiva no País. E tudo acaba virando a mesma coisa, incluindo os investimentos das multinacionais que visam a exploração comercial da cultura no País.
Este livro foi apenas um registro de minhas letras de músicas em 1998. Penso em dar uma atualizada breve, já são muito mais letras hoje.
Você tem grandes parceiros nas suas criações, quem são eles?
Nas minhas obras musicais, meus grande parceiros são: minha mãe Margarida Brito, a primeira e mais importante. Logo a seguir, quem primeiro acreditou nas minhas letras foi o Ronaldo Mota, com que desenvolvi de 1997 a 1999 mais de 30 parcerias. Depois o Fernando Carvalho, que hoje talvez seja com quem tenha mais parcerias. Alceu Maia, Ito Moreno, Reynaldo Bessa, Tatiana Vidal, Denilson Santos e Alberto Rosenblit são parceiros muito importantes e também grandes incentivadores. Atualmente, com muita honra, tenho desenvolvido algumas parcerias novas com João Callado, Rodrigo Lessa e Letícia Belúcio.
É formado em economia, sua atuação é como produtor e especialista em marketing cultural?
Não, em economia nunca atuei, na área de marketing atuei até o início dos anos 2000, quando decidi me dedicar a música.
Foi executivo de empresas multinacionais?
Sim, Esso e Coca-Cola, nas áreas de Promoções, Merchandising e Marketing Institucional.
O CD As Cantoras da Lapa – Encantos do Samba foi uma das suas grandes obras onde inclusive foi pré – selecionado para o Prêmio TIM?
Sim, foi o projeto deste CD que me projetou como compositor, foi super bem recebido por artistas, crítica e a pré-seleção para o Prêmio na época também foi importante.
Ele foi uma homenagem a boemia da Lapa carioca?
Sim, mas mais do que uma homenagem foi um registro de artistas que estavam se destacando neste cenário, como Elisa Addor, Magali, Ana Costa e outras. Além da primeira oportunidade de mostrar oficialmente meus sambas, tão influenciados por esse movimento de revitalização da Lapa e do samba.
Acabou virando, em função do bairro ser rico em imóveis antigos tombados pelo patrimônio público. Todo o movimento comercial se concentrou na valorização do Rio Antigo, inicialmente no Samba e Chorinho.
Como surgiu a ideia desse projeto?
Conhecendo essas cantoras maravilhosas e vivenciando esse movimento que carecia de músicas novas, começamos a compor sambas a partir daí.
Ao todo são 10 cantoras participando desse CD. Como foi feita a escolha dessas interpretes?
Tinha feito uma lista com 20 cantoras. Era grande o número de cantoras que a Lapa estava projetando. As 10 primeiras que consultei, para minha surpresa, aceitaram imediatamente. Nem tinha feito uma ordem de prioridade, quando vi já tinha as 10 cantoras.
Imagino que não tenha sido fácil a escolha, mesmo porque temos vozes lindíssimas na música brasileira?
Certamente, não teria sido fácil se fosse por critérios artísticos, as 20 da relação inicial poderiam estar no projeto, além de diversas outras. Mas o universo conspirou a nosso favor.
Vários outros nomes ilustres da música, fazem parte desse projeto junto com você?
Sim, músicos fantásticos como Camilo Mariano, Vistor Neto, Pirulito e Leandro Vasques. Compositores e arranjadores como Alceu Maia e Fernando Carvalho. E finalmente, parceiros musicais como Ito Moreno, Alberto Rosenblit, Alceu e Fernando.
Alma feminina é um projeto de canções, como você sabe, não sou um sambista tradicional de frequentar rodas, etc…como a minha apresentação foi com o projeto da Lapa, algumas pessoas pensavam que eu fosse um sambista. Sou apenas um compositor, letrista da música popular brasileira. Alma feminina apresentou minhas canções, com o piano de Fernando Merlino, o violoncelo de Lui Coimbra e a linda voz de Karen Keldani. São canções românticas em parcerias com os músicos Ronaldo Mota, Fernando Carvalho, Reynaldo Bessa e Tomás Improta. Neste CD, também tem músicas minhas com letras de Tatiana Vidal (Brisa suave e Metade) e Músicas e letras minhas como: Um certo olhar, Meu melhor carinho e O tempo. Foi importante como uma apresentação complementar do compositor.
Esta envolvido em algum projeto atualmente?
Sim, compondo muito, com os parceiros novos e os tradicionais. Aprendi com os Paulos (Pinheiro e Feital) a escrever compulsivamente. Todos os dias procuro exercitar o escrever. Minha dedicação a escrever é constante. Já tenho quase um CD em parceria com o João Callado, por exemplo, já são 10 faixas que compomos juntos.
Algum projeto novo em estudo?
Sim, fazer um projeto com os novos sambas. Talvez o Cantoras da Lapa vol. 2 ou um com os Cantores da Lapa, envolvendo agora os homens que cantam na Lapa. Também tenho conversado com minha parceira Tatiana Vidal, que é uma cantora maravilhosa e até hoje não gravou. Quem sabe produzimos o seu CD de lançamento? Também estou escrevendo letras para uma cantora maravilhosa sertaneja que está em fase de lançamento, Letícia Belúcio. Minha mãe, escreveu uma vez a seguinte frase: “Que a música seja sempre o nosso ponto de encontro. “. Bem, seguimos com a música, sempre!
Terminamos por aqui Ricardo…arigatou. Quem quiser saber um pouco mais sobre esse excelente compositor, acesses os links abaixo.
Eu que agradeço seu interesse em divulgar a Musica Popular Brasileira.
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