A maldita beleza interior
Hoje, enquanto caminhava
no shopping,passei por uma moça de cabelos invisíveis. Divinamente linda.
Naqueles segundos que pude admirá-la, seus ausentes cabelos disseram-me não só
da beleza física que esbanjava aos olhos, mas também do seu interior. Continuei
olhando-a com o desconforto da cabeça mal voltada e pensei:seria feliz se
pudesse sentar e conversar e conhecer e rir e, ao menos uma vez, confessar o
quanto a entendo estranhamente bela.
A maioria das pessoas
reclama que os outros não lhes sabem ver a beleza interior, mas eu, quando as olho
fundo em sua alma, através das máscaras que usam, vejo alguém triste,
deprimido, que não se aceita e não se ama. Pior: que espera que os outros lhe
deem algum valor para só então valorizar a si mesmo. Nelas não há beleza, só
uma tristeza amarga, distante e vazia, maquiada por alguma auto piedade.
Amar-se é essencial -
clichê, sei - mas ninguém se ama com frases bonitas nas redes sociais. Faz-se
isso sendo sua melhor companhia, dedicando-se àquilo que você gosta e se sente
bem fazendo. Nunca pelos outros, sempre só por você.
Eu amo minha barba. Uso-a
a despeito da maioria dizente que feia, ou que nojenta, ou que suja, ou que
mendicante, ou que infinitamente mais bonito – acentuam – sem ela. Sempre
respondo: Eu não quero ficar bonito, quero usar barba.
Estranhamente, ao fazer o
que eu gosto, e demonstrar completa indiferença pelo que os outros apreciam ou
não em mim, passei a, não apenas ter o respeito das pessoas, mas, também, ser
admirado, tal qual eu mesmo admirei aquela moça de cabelos invisíveis. E o
segredo é tão simples de ridículo que é absurdo as pessoas apenas ignorarem-no: faça
o que ama.
A beleza interior começa
com amor próprio, e só acredito que alguém realmente se ama, quando se permite
fazer aquilo que ama, mesmo que os padrões ditos belos sejam outros. Você
obrigaria seu amor, apenas exemplo, a trabalhar a vida inteira numa lugar que
ele odeia? Acredito que não. Então, porque você faria isso consigo mesmo?
Melhor: você sabe o que ama? O que gosta? O que precisa? Espero que sim, se não
souber, jamais conseguirá amor próprio numa sociedade de padrões irreais.
Não é fácil amar-se quando
o mundo está contra, mas vale a pena tentar.
Tiago Morini,
mas algumas pessoas me chamam de Morini e outras mais próximas (por
preguiça talvez) de apenas Ti. Tenho 27 anos, moro em Joinville/SC, sou
um leitor compulsivo e aspirante a escritor. Eu gosto de passear em
livrarias e sebos mesmo que só para olhar, sentar no chão e folhear
livros. Então, se um dia você estiver passeando numa livraria, e
encontrar um sujeito barbudo e estranho sentado no chão com algum livro
em mãos, talvez seja eu. Além de livros eu gosto de música, teatro,
parques, animais, tomates, e um monte de outras coisas. Enfim, este sou
eu...
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