Internalizações
Ela queria senti-lo dentro dela.
Desejava senti-lo latejando em seu interior,
movimentando-se quase inescrupuloso.
Queria ter o prazer adocicado na boca de
sentir as suas vibrações correndo pelas veias, quente, vital, incessantemente.
Desejou possuí-lo como o pulmão deseja o ar. Desejou-o
ardente, voraz. Imaginou como ele a invadiria. Fechou os olhos para tentar
sentir como seria o exato momento em que ele a tomaria.
Já não era capaz de controlar os seus próprios sentimentos
e como o seu corpo fosse terra paradisíaca, sentia que ele era tropa fortemente
armada contra ela. Frágil, não oferecia resistência. Capitularia a ele em
breve. Ainda não o fizera na tentativa de conservar sua honra.
Apesar de tudo era mulher digna. Jamais havia se
entregado assim a tais desejos. Jamais imaginara ceder a caprichos dessa forma.
Jamais.
A relação intensa que estabeleceram desde o início já
assinalava para o desfecho. Ela o via sobre o sofá e não acreditava. Estavam
imóveis, impassíveis, mas ele, naquele momento a dominava só por sua
existência.
Não era grande. O impacto que causara era muito maior
que ele próprio. E ela o observava com os olhos arregalados e sentimentos
aflorados. Invejou as mãos que deram vida a ele. Invejou todos os viventes aos
quais ele despertara aqueles desejos.
Por fim, ela cedeu. Era impossível resistir. De leve
escorregou os dedos por ele e sem desviar os olhos só conseguia pensar em como
seria ser a dona daquele verso tão curto, tão cheio de si e de significados que
a invadira sem pedir licença.
Passou a tarde a se envolver ele, toda prosa,
perdendo-se em pura poesia.
Dy Eiterer.
Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. Edylane é Edylane desde 20 de
novembro de 1984. Não ia ter esse nome, mas sua mãe, na última hora,
escreveu desse jeito, com "y", e disse que assim seria. Foi feito. Essa
mocinha que ama História, música e poesia hoje tem um príncipe só seu,
seu filho Heitor. Ela canta o dia todo, gosta de dançar - dança do
ventre - e escreve pra aliviar a alma. Ama a vida e não gosta de nada
morno, porque a vida deve ser intensa. Site:Dy Vagando
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