A trilogia do escritor, poeta e professor Luiz Renato de Souza Pinto começou com uma mentira. E a sequência desta mentira será lançada até o mês de abril em Mato Grosso. “Flor do Ingá” é o segundo livro da trilogia que começou com Matrinchã (1998) e será publicado pela editora Tanta Tinta – Carlini & Caniato. A mentira foi por sobrevivência, de um artista que tentava sobreviver no Sul do Brasil para morar em Curitiba. Neste sua empreitada, circulou por mais de 27 Universidades vendendo sua poesia. Mas, para poder entrar nestas escolas teve que contar uma pequena mentira: que estava escrevendo um livro sobre a colonização do Norte de Mato Grosso pelo Sul do país.
Após três meses
sobrevivendo com o dinheiro das poesias vendidas para os alunos, Luiz Renato
resolveu escrever o livro. “Já menti para muita gente, agora preciso escrever
este livro”. E foi assim que nasceu Matrinchã, dois anos depois da empreitada
pelo Sul.
Por caminhos
diferentes, Luiz Renato experimentou para poder escrever sobre esta
colonização, quando falava nas salas de aula em busca de dinheiro para a
suposta publicação do livro, cujo embrião nascia ali, recorria à memória para
nortear a história através de tudo o que sabia sobre a relação entre Norte de
Mato Grosso e o Sul do Brasil.
O primeiro livro
aborda colonização, o governo Getúlio Vargas, a propriedade, e narra os
encontros e desencontros nos descaminhos de um andarilho e um caminhoneiro.
Mas, agora, no segundo livro, “Flor do Ingá” a história será contada através da
perspectiva de dois personagens secundários em “Matrinchã”: o casal Pedro e
Irene.
“Pedro e Irene se conheceram em Londrina,
Paraná, no campus da Universidade Estadual, onde cursaram suas faculdades. Ele,
história; ela, direito. Casaram-se e foram para o Matrinchã do Teles Pires,
norte do Mato Grosso. Ela passou a advogar para latifundiários enquanto ele
trabalhava com alfabetização de colonos. Mas isso faz muito tempo. Hoje, ela
mora em Sinop-MT, cidade na qual ele espera vê-la e quem sabe compreender melhor
tudo o que aconteceu ao longo deste tempo”, revela a orelha do livro.
A obsessão de Pedro
por Irene é tamanha que após a separação, ele busca encontrá-la através da
Internet, e em todos os rostos só consegue ver o seu. Como o primeiro livro foi
baseado em suas primeiras andanças, “Flor do Ingá” também mescla a realidade do
que foi vivido para dar vida aos personagens. Luiz Renato enveredou sua própria
busca por “encontros” em sites pela Internet, e conheceu diversas mulheres pelo
Brasil.
“Chegava nos encontros
e contava para elas que eu era escritor e estava fazendo uma pesquisa sobre
como funciona esta busca de encontros e pessoas pela Internet para poder trazer
isto para o personagem, o Pedro”, explicou Luiz.
Foram tantas
desventuras para se chegar até “Flor do Ingá” que Luiz considera que com este
livro alcançou a maturidade na escrita. A expectativa com o livro é a formação
de público, e pretende lançá-lo na cidade de Bom Jardim de Goiás, que não
possui biblioteca e nem livraria.
“Depois faremos um lançamento
em Chapada dos Guimarães e outro na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
O livro está na gráfica e deve chegar até o fim do mês, então a expectativa é
que o lançamento seja em abril”, contou.
Sobre o terceiro
livro, Luiz Renato ressalta que já pensa no título “O poeta de bicicleta” que é
de um poema do amigo e parceiro, o saudoso Antônio Sodré. Mas, explica que não
tem pressa, e a expectativa é que o livro que encerra a trilogia só começará a
ser escrito daqui a cinco anos.
O primeiro livro,
Matrinchã teve grande inserção no meio acadêmico, principalmente na
Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat) sendo adotado por professores e
grupos de pesquisa. E a relação com as universidades e a história narrada por
Luiz Renato demonstra que suas obras possuem um diálogo com a realidade que
proporciona um maior entendimento sobre fatos como a colonização de Mato Grosso
e agora em “Flor do Ingá” aprofundar sobre o latifúndio, questão pertinente da
terra que ainda não é amplamente discutida no país.
Sobre
o autor
Luiz Renato de Souza
Pinto é professor de Língua Portuguesa do Instituto Federal de Mato Grosso
(IFMT), desde 2011 e também dos cursos de EAD em Letras pela Universidade
Federal de Mato Grosso (UFMT), desde 2013. Publicou Cardápio Poético (1993) e
Matrinchã do Teles Pires (1998).
Poeta e ator, integrou
o bando CAXIMIR na década de 1980 e 2000, participando do primeiro CD do grupo.
Graduado em Letras (2001) e Mestre em História (2006), ambos pela UFMT e Doutor
em Literaturas em Língua Portuguesa pela UNESP – Campus de São José do Rio
Preto (2012), trabalha com formação de leitores.
Como pesquisador atua
nos campos do romance histórico (Ana Miranda), Mato Grosso – poesia e prosa
(José de Mesquista e Antônio Sodré de Souza Neto), bem como as relações
complexas entre o texto literário e o contexto histórico nacional.
Marianna Marimon, 23 anos é escritora desde que se entende por gente, quando aos seis anos de idade já arriscava poemas na máquina de escrever da sua mãe. A paixão pelas letras a levou à profissão de jornalista e busca unir as duas vertentes para produzir textos que possam provocar sensações e inquietações.
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