Não morra sem: ser todas
as mulheres de Chico
Por Marina Melz
Pode parecer piegas, mas
eu celebro o aniversário de Chico Buarque. É dia alegre, de acordar de
bom-humor, de pensar no amor, de se orgulhar (mais, muito e sempre) de termos
aqui, no Brasil, um dos gênios mais gênios da humanidade. É dia de vestir o
melhor sorriso, afinal de contas, é aniversário de Chico Buarque.
Chico faz hoje 70 anos.
Nasceu numa família de intelectuais e quis o destino que fosse um cara simples
(ou vai dizer que não é simplicidade jogar futebol com os amigos?). Quis o
destino, o cosmos, o universo, a vida, que fosse quem mais escreveu e entendeu
as mulheres. Quis o destino que desbancasse, aos 70, vários de 20 nos sonhos
românticos e eróticos delas.
Tenho vergonha de admitir,
mas confesso que lá no fim das minhas esperanças está o dia em que encontraria
Chico e poderia falar pra ele tudo o que eu tenho vontade. Na verdade, sonho
com o dia em que terei uma resposta a próprio punho de uma das cartas que
escrevi para Chico e nunca enviei. Nelas eu dizia que ele estava errado.
Completamente equivocado.
Toda mulher é de cinema,
toda mulher é um pouco atriz. Toda mulher é Nina, é Ana de Atenas. Não existe
nome porque somos tomas uma só. Desculpe, Chico, mas toda mulher é um pouco as
suas linhas e muito do seu olhar. Toda mulher é mulher de Chico Buarque – umas
viúvas, umas largadas, umas amantes. Mas, neste seu aniversário, Chico, eu
preciso te revelar: somos todas suas.
“Nina diz que embora nova,
por amores já chorou que nem viúva. Mas acabou, esqueceu” (Nina)
“Sei que ela pode ser mil, mas não existe outra igual” (Ela faz cinema)
“Dançava colada com novos pares, com um pé atrás, com um pé a afim” (As atrizes)
“Às vezes ela pinta a boca e sai. Fique a vontade, eu digo. Take your time” (Essa pequena)
“Quando fustigadas não choram. Se ajoelham, pedem, imploram” (Mulheres de Atenas)
Fonte:
Marina Melz - É jornalista
e trabalha com assessoria de imprensa. É meio Bridget Jones e meio Woody Allen.
Não tem preconceitos com músicas, filmes e qualquer coisa que seja. Acha que
toda história (boa ou não) merece ser contada.
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