Douglas Diegues é um poeta
brasileiro, nascido no Rio de Janeiro em 1965. Estreou em 2003, com o volume Dá
Gusto Andar Desnudo por Estas Selvas, seguido de Uma Flor na Solapa da Miséria
(Buenos Aires: Eloisa Cartonera, 2005), Rocio (Asunción: Jakembo Editores,
2007), El Astronauta Paraguayo (Asunción: Yiyi Jambo, 2007), La Camaleoa
(Asunción: Yiyi Jambo, 2008), DD Erotikon & Salbaje (Asunción: Felicita
Cartonera, 2009), Sonetokuera en aleman, portuniol salvaje y guarani
(Luquelandia: Mburukujarami kartonera, 2009), entre outros. Vivendo na
fronteira entre o Paraguai e o Brasil, compõe na língua da região, o portunhol.
Nesse aspecto, une-se ao Gregório de Matos fundador, a Sousândrade, ao Vinícius
de Moraes da "Última Elegia" e a certos poemas de Mario Chamie.
Douglas Diegues fez uma
contribuição também ótima ao debate poético nacional com sua tradução do
"Ayvu Rapyta", do povo Mbya Guarani, no volume Kosmofonia Mbya
Guarani (2006), em colaboração com o antropólogo Guillermo Sequera. Como
escreveu Milton Sgambatti Júnior em "Poética Indígena: um ensaio sobre as
origens da poesia": "A lógica ideogrâmica oriental, fundamental para
a composição poética de Ezra Pound (POUND, 2006, p.30-31), está muito mais
próxima da poesia indígena que as cecis e peris que povoam nosso imaginário
folclórico quando o assunto é a cultura indígena. Ao ler os versos de
"Ayvu Rapyta", adaptados por Douglas Diegues em Kosmofonia Mbya
Guarani (SEQUERA, 2006, p.50), pode-se perceber as sofisticações existentes nas
justaposições de imagens, bem à maneira da poesia tradicional do oriente
(japonesa e chinesa): `Nosso pai último-último Primeiro, / entre as trevas
primitivas, / fez que seu próprio corpo
futuro se abrisse como flor. / As divinas plantas dos pés, / O pequeno Apyka
redondo, / Em meio às trevas primeiras, / Fez que se abrissem como flor. /
(...) / Tendo florido (em forma humana) / Da sabedoria contida em seu ser de
céu / Em virtude de seu saber que se abre em flor, / Soube para si em si mesmo
/ a essência da essência da essência das belas palavras primeiras."
Tornando-se amigo e
frequentador da companhia de Manoel de Barros, escreveuem parceria com este o
roteiro do documentário televisivo "O Poeta é um ente que lambe as
palavras e depois se alucina", exibido pela TV Cultura de São Paulo em
agosto de 2004, que aborda a vida e a obra de Barros.
Em 2006, organiza e traduz
a antologia de poesia guarani Kosmofonia mbya guarani, em co-autoria com o
antropólogo e musicólogo Guillermo Sequera, estudo que será considerado um dos
mais sérios sobre poéticas ditas primitivas no Brasil até hoje.
Ele fundou a primeira
editora cartoneira do Paraguai, a YIYI JAMBO em Assunção, que publica em
edições artesanais autores do Brasil e do Paraguai. Já publicaram o Xico Sá,
Joca Reiners Terron, Ronaldo Bressane, entre outros.
As editoras cartoneiras
são uma tendência de editoriais alternativos que utilizam papelão reaproveitado
para a publicação. Surgiram em 2003 com a criação de Eloísa Cartonera, em
Buenos Aires.
São papelões pegos das
ruas e pintados à mão. Cada capa é única e exclusiva.
É o maior representante do
Portunhol Selvagem no Brasil, que ele diz nascer da “tripla fronteira” do Mato
Grosso do Sul, misturando português do Brasil, espanhol do Paraguai e variações
do guarani ainda falado pelo índios (e/ou seus descendentes) na região.
O Portunhol Selvagem é um
idioma que não tem regra, gramática ou ordem. Ela se apropria do vocabulário de
várias línguas e, ao mesmo tempo, não se limita a nenhuma delas e está em
constante ebulição e movimento.
Como escrevo?
“Para escrever um texto en
português selvátiko ou portunhol selvagem tengo necessidades que son manías ou
vice-versa. Eis algumas: 1) Estar solo, com las puertas bien trankadas, en un
kuarto, escritório, sala kualker. Con las
puertas del kuarto bién trankadas, la imaginacione vagabundea mejor. 2) Estar
com las baterias bem carregadas; se estiver medio sonolento, cansado, com
dificuldade de concentracione, non vou além dum soneto salvaje. 3) Escrever una
primeira vbersione a lápis y después digitar el resultado (cortando ou
aumentando) numa vieja notebook sempre ayuda mais que escrever diretamente en
la vieja notebook. 4) Tener la sensacione de estar escondido, camuflado,
klandestino, nel momento de la escritura, ayjuda bastante; me es impossible
escrever em publico, sozinho ou acompanhado, tipo mesa de bar, restaurante,
café, choperia, etc. 5) Escrever sentado
em apyká, assento guaranitiko de madeira, tipo banquinho, que non es lá muito confortable,
para mantener la mente mais desperta, pues que el conforto me dá um sono
desenfrenado. 6) Intensa concentracione; sem concentracione nunka me ha salido
algo que preste. 7) Escribir com lágrimas paraguaias sinceramente sinceras. 8 )
Saber distinguir que una cosa es poner el guevo y otra es kacarejar. 9) Leer el
texto em voz alta com autocrítika afiada como la navalha del niño alien
travesti nazi de monopatin rojo.”
La morte y La Bomboncita
La morte poderia ser La Bomboncita
miss kolita mojada forever
La morte poderia ser La Bomboncita
miss tanga ad honorem
La muerte poderia tener
las tetitas de La Bomboncita
La muerte poderia tener
la kola de La Bomboncita.
La muerte poderia tener
los piezitos de La Bomboncita.
La morte poderia tener
la sonrisa de La Bomboncita.
La muerte poderia ser
la Bonboncita dizendo
ahora de cuatro
for ever solo para mim.
La muerte poderia ser
la llubia de La Bomboncita
calmando minha loucura.
La muerte poderia ser
La Bomboncita me esperando
num telo de Baires
La muerte poderia tener
la mirada de la Bomboncita
La muerte poderia bailar la cumbia
y el rockanrroll y todo lo que quiera
desnuda para mim
solo para mim como La Bomboncita.
La muerte poderia ser
La Bomboncita halagadamente halagada
diciéndome: "te voy a extranhar, meu bem".
Fonte:
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