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Maria Rosa, nasceu em uma pequena cidade do interior do Paraná, mas aos 16 anos
de idade decidiu correr o mundo viajando em busca de novos horizontes.
Sonhava
conhecer lugares, outras culturas, outras línguas, mas acima de tudo encontrar
a tão sonhada paz e felicidade. As tristezas e decepções da vida, a levaram a
fazer um intercâmbio estudantil nos Estados Unidos. De uma pequenina cidade em
Iowa, onde completou seu ano de intercâmbio cultural estudantil, depois de
viver na Califórnia, ela levanta voo novamente e vai parar na Espanha, Agora
vamos conhecer a triste história dessa jovem e sua batalhatravada desde a infância para encontrar sua
cura e a paz interior que tanto procura.
Maria Rosa, como foi sua
infância e quando descobriu a paixão pela musica?
Eu nasci em uma pequena
cidade do interior do Paraná chamada Campo Mourão. Meu pai era agrônomo e minha
mãe descendente de Italianos. Crescemos em uma linda casa que meu pai mandou construir,
tínhamos muitos animais, e toda a família de primos ao redor. Havia muito amor
também.
Meus pais amavam festas a
fantasia e Carnaval. Me lembro de sempre estar escutando algum tipo de musica
em casa, desde Clara Nunes ate Elvis Presley. Fantasias, cores, risadas,
felicidade...assim foi a minha infância! Eu brincava sozinha com minhas bonecas
e minha mãe dizia que quando chegava no meu quarto, parecia que tinha várias
amigas brincando comigo, pois eu tinha uma voz diferente para cada personagem dos
meus sonhos de boneca.
O sonho de ser artista é
coisa da infância então?
Desde cedo soube que queria
ser artista e sonhava em atuar na televisão. Minhas brincadeiras eram recortar
caixas e papel para fazer uma televisão, onde eu entrava dentro e passava as
noticias do dia para a minha platéia de primas!
Pelo que conta sua infância
foi muito feliz?
Até os 12 anos de idade sim,
mas ai meu mundo mudou e minha vida também. Meus pais se separaram e meu irmão
foi para Curitiba estudar e morar com minha avó paterna. Eu segui os passos
dele 2 anos depois, onde moramos com a minha avó. Foi uma fase difícil, pois
não nos dávamos muito bem. Um tempo depois,eu e meu irmão fomos morar juntos em um apartamento e de repente tivemos
que nos tornar adultos. Tinha uma diarista que nos ajudava a acordar cedo para
irmos a escola, e nos finais de semana só dormíamos.
E a família...os amigos?
Não tínhamos muitos amigos,
e estávamos muito tristes ainda com o divorcio dos nossos pais e a perda do
apoio físico que tínhamos deles e da nossa família. Me lembro eu sentava a
mesa, ao lado do meu irmão e de mãos dadas nós dois choramos juntos muitas
vezes. Ele é o meu melhor amigo até hoje!!!Foi muito difícil, tanto que 2 anos depois, com 16 anos decidi ir embora
do país. Convenci meu pai de me ajudar a fazer um intercâmbio e fui morar em
Iowa (EUA) no meio do frio e com uma família de Americanos sem falar uma
palavra de Inglês. Entre ser botada pra fora da primeira casa que morei por não
aceitar tomar prozac para minha depressão, e encontrar uma nova família para
mim mesma, consegui vencer o ano difícil e me formar no high school. Nesta
época me tornei uma menina obesa mas independente. Apliquei para varias
faculdades de teatro na Califórnia durante meu ano letivo em Iowa e fui aceita
por uma no norte da Califórnia, um lugar lindo e encantador chamado Humboldt.
As coisas estavam melhorando
então?
Bem...no ano seguinte me
mudei para la e comecei meu ano letivo. Creio que pela primeira vez comecei a
ter um senso de individualidade, me senti amada por amigos, amizades que eu
mesma conquistei. Mas então foi ai que meus problemas de saúde começaram.
Sempre fui uma criança asmática, e me lembro de quando ficava doente dentro de
casa, enquanto meus primos brincavam la fora correndo no sol. Talvez foi daí
que nasceu toda a minha criatividade, por não ter o que fazer, criava historias
encantadas e as atuava para mim mesma.
Mas e os problemas de saúde?
Em Humboldt chove muito, 8
meses do ano e o clima é muito úmido, com mofo crescendo por todos os lados e
comecei a me sentir cansada, fraca, mas mesmo assim decidi me juntar ao time de
remo da faculdade. Os treinos eram as 4 da manhã, corríamos na chuva e
entravamos no lago de meias no meio do frio para remar e o nosso presente era
ver o por do sol na primeira fila da plateia de beleza inigualável!!
Estes problemas de saúde me
atrapalharam muito, perdia aulas, me sentia muito triste e só queria ficar
dentro do meu quarto no escuro, chorando.
Estava com depressão?
Não sabia então que sofria
de depressão, e eventualmente saia sozinha das crises. Durante estes anos de
faculdade, lembro que o que eu mais amava era participar de produções musicais,
amava atuar em peças cantando, desconhecendo ainda o meu talento musical. Em
relação a saúde, descobri que era extremamente alérgica a mofo, fermento,
tabaco, havendo a necessidade de fazer uma forte dieta, onde eu mesma aplicava
injeções de mofo, tabaco e fermento nas pernas para criar imunidade. Melhorei
muito e isto me segurou por mais alguns anos.Humboldt county, onde fiz faculdade, é o lugar de onde vem toda a
maconha da Califórnia. Eu não sabia disso quando escolhi a escola, e durante
meus três anos lá, decidi participar de uma igreja cristã (evangélica) sem
denominação, onde orávamos ate as 2 da manhã nos sábados para o mundo
todo.Naquela época não usava roupas
curtas e sentia que la tinha a minha família. Fui criada na religião católica e
fiz até a crisma, mas esta Igreja e Deus através dessas pessoas, me ajudaram
muito a me sentir segura e acolhida. No quarto ano de faculdade, decidi me
mudar para San Francisco/Califórnia.
Estava decidida a mudar sua
vida?
Sim. Coloquei tudo que eu
tinha dentro de meu Subaru 1978 e segui estrada.Fiz a viagem de 5 horas sozinha para San
Francisco, onde já tinha um apartamento arrumado através de uma amiga, indo
morar em uma sala com uma outra garota. Infelizmente perdi a data da
transferência da faculdade e acabei entrando em outra escola de arte, a The
Academy of Art College, considerada a melhor faculdade de Arte da Califórnia.
Nas férias, decidi viajar para a Europa e reencontrar minhas amigas
intercambistas de Iowa. Coloquei uma mochila nas costas e visitei 8 países
sozinha em 2 meses, dormindo em hostais e tive a chance de conhecer também a
Polônia, Turquia, Suécia, Hungria e Grécia. Foi lindo e tive a sorte de que
nada de ruim aconteceu durante a viagem. As influências artísticas eram imensas
e creio que foi durante esta viagem que meu amor e interesse pela cultura Árabe
começou.
Nunca aconteceu nenhum
incidente durante essas viagens?
Aos 19 anos, durante outras
ferias escolares, fui convidada por uma amiga para visitar uma outra amiga no
Japão e fiquei 1 mês lá durante o inverno. Foi nesta época que conheci um rapaz
e confesso que não foi uma experiência agradável, aliás foi horrível, mas
superei sozinha.
Em San Francisco, vivi em
muitos lugares diferentes, com pessoas boas, ruins e outras loucas, como uma
que me trancou para fora de casa e roubou meu passaporte. Tive de chamar a
policia para poder entrar e pegar minhas coisas. Mas tudo isso foi um aprendizado
na minha vida.
Mas viver em São Francisco
trouxe coisas boas?
San Francisco foi minha
descoberta como mulher, como artista de verdade, a descoberta da liberdade e da
libertação de doutrinas sociais. Lá sentia que podia andar de tênis, calça
jeans, cabeleira bagunçada e sem maquiagem e ser feliz! Já fazia aulas de dança
do ventre há 4 anos, então comecei a trabalhar dançando em diferentes
restaurantes árabes. As noites eram lindas, tínhamos banda ao vivo e a plateia
aplaudia de pé, os palcos eram pequenos e nós dançarinas éramos verdadeiras
equilibristas, dançávamos com espadas e jarras na cabeça e eu amava tudo
isso!Trabalhei com um produtor que
estava iniciando um show de noticias sobre a cultura latina na Bay Area, o show
se chamava Latin Eyes, e fui uma das primeiras repórteres a trabalhar com eles
por um ano.Oito anos depois, Latin Eyes
se tornou um grande show da televisão latina de Los Angeles.
Então tudo estava caminhando
bem?
Bem...após terminar meu
primeiro ano letivo, o que deveria ser equivalente ao quinto ano letivo
considerando a transferência de créditos, na Academy of Art College, me
disseram que meus créditos de Humboldt eram intransferíveis e que teria de
fazer mais 3 anos de faculdade. Então desisti e decidi trabalhar. Isto significava
que ficaria ilegal no país e assim permaneci, trabalhando em teatros,
restaurantes, cantando em bares por 3 anos antes de voltar ao Brasil. Antes de
decidir voltar ao Brasil, conheci o grande amor da minha vida, um Árabe
Americano- Iraquiano. Aí 11 de setembro aconteceu, e soubemos então que a vida
para ele e sua família não seria nada fácil nos Estados Unidos a partir de
então. Voltei ao Brasil em 2002 e meu visto de retorno aos EUA foi negado. Ele
sem mesmo ter cidadania, descobriu um tal de passaporte branco que poderia ter,
e viajou até o Brasil com um anel e um pedido de casamento.
Como foi a reação da sua
família? Você aceitou o pedido dele?
Minha família o amou. Ele é
músico, compositor e engenheiro de software. Nos casamos em Curitiba em setembro
de 2003, e ficamos morando no Brasil, onde ele aprendeu a falar português , mas
decidimos voltar aviver na Califórnia,
perto da família dele.
E a família dele em
relação ao casamento de vocês?
Pela cultura Muçulmana ser
tão fechada, ele teve de cortar comunicação com o pai para ir casar-se comigo.
Mas quando a família deleme conheceu,
gostaram de mim e me aceitaram . Aprendi a falar árabe e me vestia de maneira
discreta quando estava com eles, como quando frequentava a minha antiga Igreja
evangélica de Humboldt. Aprendi tudo sobre o Islam e com a minha família Árabe,
soube o que era ser amada, e me senti parte de uma família pela segunda vez na
minha vida. Era algo que eu precisava tanto...me sentir amada e protegida. São
pessoas maravilhosas, dedicadas, amorosas. Não eram super radicais em termos de
religião, mas muito dedicados a religião e a sua cultura.
Essa diferença de cultura
entre vocês não atrapalhou o relacionamento?
Foram 11 anos lindos de
convivência, mas infelizmente eu e meu ex- pensávamos que ser casados
significava que tínhamos de viver em uma casa nos subúrbios, trabalhar e ter
filhos e assim o nosso lado criativo foi morrendo, e nós também. Eramos
ciumentos e não tínhamos maturidade e confiança própria suficiente para amarmos
e aceitarmos um ao outro como éramos. Passamos por muitas coisas lindas e
extremamente difíceis juntos.
Chegou a conhecer as origens
dele?
Em 2007 fizemos uma viagem
ao meio oriente, visitando a Síria e Tunísia por 2 meses. Foi a viagem dos meus
sonhos, mas quando retornamos comecei a adoecer seriamente. Tinha umas crises
terríveis de dores abdominais, os médicos não sabiam o que era exatamente, onde
em um ano tive 7 internações eperdi 12
kilos. Decidiram operar minha vesícula. Eu tinha doença na vesícula, e o que
dificultou o diagnóstico foi a falta de pedras, não havia pedras e uma bactéria
estava comendo meu orgão e aos poucos me matando.
Como ficou sua vida com
todos esses acontecimentos?
Neste período sentia que
vivia ao lado da morte o tempo todo. Não conseguia mais sair de casa e me
tornei viciada em um remédio fortíssimo para ansiedade que me deram no
hospital, por não saber meu diagnostico. Foram quase 4 anos para me livrar do
tal remédio. Após a cirurgia, fui merecuperando devagar e comecei a fazer aulas de canto e jazz. Posso dizer
claramente que a música me ajudou a curar, e mais uma vez voltou para alegrar a
minha vida e tive então meu primeiro recital apenas de canto.
E o casamento?
Após muitas brigas,
sofrimento, ansiedades e doenças e com um pouco mais de coragem, em 2010
decidimos nos divorciar. Estávamos doentes juntos, e sabíamos que apesar de
tanto amor que parecia infinito, não éramos bons um para o outro. O fim do
relacionamento foi terrivelmente difícil, pois eu era muito dependente dele
emocionalmente, pois larguei completamente da minha vida e dosmeus sonhos para viver a dele e no seu mundo.
A depressão voltou, mas graças a um animalzinho lindo, a minha cachorrinha
Bleu, consegui sair mais uma vez do buraco.
Mas o casamento proporcionou
coisas positivas, apesar das lutas?
Com meu ex- marido aprendi a
apreciar a boa música, a ter um amor e respeito interminável pela cultura Árabe
Muçulmana, aprendi a ser mais humana e humilde e também a ser forte, muito
forte e aprendi o que significa amar alguém e ser amada por essa pessoa
incondicionalmente!Artisticamente
falando, ele adicionou uma grande melancolia a minha arte, a minha música, algo
que descobri ser também extremamente necessário para minha criatividade e serei
eternamente grata!
Continuou vivendo no mesmo
lugar após a separação?
Me mudei para San Diego com
minha cachorrinha e apenas algumas caixas, que couberam no carro. Aluguei um
apartamento e foram 3 anos de conquista em um novo lugar, novos amigos e ai
então após superar um pouco mais o primeiro ano de depressão e luto pelo divórcio,
a música tomou conta dos meus dias e me preencheu de esperança. Um dia cantando
em um Clube de Jazz em San Diego, conheci um certo maestro pianista mexicano,
Irving Flores, ele me disse que eu cantava muito bem e que deveria ligar para
conversarmos. Quando nos falamos por telefone, ele me propôs produzir meu
primeiro vídeo de musica profissional, Nature boy que postei, e foi então que
as portas do mundo da musica começaram se abrir pra mim.
E os problemas de saúde?
Em termos de saúde, para que
você possa entender a crise de pneumonia fúgica, quando decidi me mudar para
San Diego, foi também para estar próxima a um ponto de apoio, porque tinha uma
grande amiga da Bahia, amizade de mais de 17 anos e que conheci nos meus anos
de faculdade, que estava vivendo la com seu esposo. Uma senhora15 anos mais velha que eu, que sempre serviu
como uma figura materna para mim. Atras da sua casa ela e seu esposo
construíram dois apartamentos em uma antiga garagem. Eles eram engenheiros mas
construíram sem permissão da cidade para ficar mais barato. Aluguei o
apartamento de baixo e morei ali por 3 anos. Com o decorrer do tempo, fui
adoecendo, pegava muitas gripes aí e tive varias crises de asma também. Um dia
me surgiu a ideia de que o apartamento poderia ter mofo atras da parede e pedi
a ela e seu esposo que checassem. Mandaram um contratante e ele disse que havia
apenas um pouco no banheiro, mas continuei adoecendo. Nesta época estava sem
seguro de saúde e precisei ser internada 2 vezes com crises fortíssimas de asma.
Então decidi contratar meu próprio engenheiro para que viesse com sua
maquininha para checar o mofo. Quando ele entrou, a maquina apitou em todas as
paredes, ele disse que o apartamento estava cheio de mofo negro atras das
paredes. Foi então que descobri que minha tão amada amiga de 17 anos me traiu
por dinheiro, pois naquela época eu tinha possibilidade de pagar meus alugueis
um ano adiantados. Mandou um contratante la com uma maquina quebrada para
mentir que não havia mofo e eu achando que ela gostava de mim. Adoeci
seriamente e decidi me mudar e nunca mais nos falamos. Isso foi a melhor coisa
para mim, mas até hoje lido com com este problema de saúde.
Como ficou a musica na
sua vida?
Voltando a música, no ano
seguinte em San Diego, decidi produzir um grande show, talvez uma grande
ambição para uma pequena iniciante de Jazz como eu, mas meti na cabeça que
queria fazer e então fui a luta. Meu tributo seria ao nosso grande mestre da
Bossa Nova, Tom Jobim. Mas decidi me mudar para oRio de Janeiro quando recebi a chamada de
dois dos melhores preparadores vocais, o Felipe Abreu ( irmão de Fernanda
Abreu) e a escola de Mirna Rubim. Me instalei em Copacabana e comecei minhas
aulas, afinal estava a espera de horários com o Felipe ha quase um ano e quando
ele finalmente teve um tempinho para mim, não pensei duas vezes em retornar ao
Brasil. Minha ideia era fazer arranjos no Rio para mais ou menos 11 das minhas
músicas favoritas do Tom Jobim. Através do Felipe conheci a família do grande
maestro musical Mario Adnet, que já tinha trabalhado com Jobim muitas vezes.
Suas filhas Antonia e Joana Adnet fizeram num período de 4 meses os arranjos
para mim, enquanto eu e Felipe trabalhávamos nas canções no estúdio da Mirna,
trabalhando com uma fono para pronunciações perfeitas. Neste meio tempo conheci
Paula Morelembaum, a grande cantora que trabalhou muitos anos com Tom Jobim,
onde passei uma linda tarde e noite escutando ela contarlindas historias do Tom, o que me ajudou muito
para criar o roteiro do show.
Quanto tempo ficou no Brasil
até tudo ficar concluído?
No total foram 5 meses de
trabalho e quando tudo estava pronto, voltei a San Diego. Neste meu tempo no
Rio, já começava a adoecer novamente e não conseguia fazer caminhadas. O clima
úmido estava me matando e minhas crises de asma estavam a cada vez mais
constantes e o que tinha iniciado em San Diego, no apartamento mofado em forma
de crises asmáticas, estava agora piorando muito, dificultando inclusive as
partes vocais, me sentia extremamente cansada, apos uma hora de aulas de treino
vocal com o Felipe.
Conseguiu levar o
projeto adiante e realizar o show?
Consegui voltar para San
Diego e fazer o show. Fiz tudo sozinha, indo as rádios para promover o show,
contratei os melhores músicos de Jazz da cidade, cada um trouxe sua plateia,
fiz figurino, contratei maquiagem, cabelo, criei um roteiro lindo para o show
onde no intervalo de cada musica contava para a plateia uma das historias que
tinha aprendido no Rio a respeito da vida do Tom ou da historia de cada musica,mandei gravar vídeo e áudio para fazer um
pequeno DVD. O dia do show foi um verdadeiro sucesso e sinceramente não
esperava tanto, mas tivemos lotação esgotada e estava repleto de brasileiros e
muita gente ficou escutando de fora sem poder entrar por falta de espaço. O
show foi incrível, pois os arranjos são lindíssimos, de grande qualidade
musical e os músicos são virtuosíssimos. No final, o dono do clube de jazz
Dizzy's me disse: Nunca tive a casa tão lotada, em 9 anos de trabalho. Me senti
super orgulhosa. Os músicos que são excelentes e muito conceituados, fizeram a
proposta de gravar os arranjos para ver se conseguíamos iniciar um tour pelos
Estados Unidos. Eu estava nas nuvens, com um lindo sentimento de realização,
mas ao mesmo tempo me sentia muito cansada, exausta para ser mais honesta!
Qual foi sua decisão
então?
Tirei um mês de ferias e
voltei ao Brasil em Agosto de 2013 para comemorar os 80 anos do meu pai. Foi ai
então que adoeci novamente e simplesmente colapsei, com uma pneumonia fúngica
que até hoje carrego as sequelas.
De volta ao Brasil como
estava sua relação com a família?
Minha família começou a
enfrentar problemas financeiros seríssimos e passei um ano doente, de cama,
tomando fortes corticóides com crises terríveis, sem conseguir subir escadas ou
mesmo caminhar e completamente quebrada financeiramente! A depressão então,
mais uma vez me pegou e tive de voltar a tomar todos os medicamentos. Não pude
finalizar o vídeo do show por falta de dinheiro, ou mesmo voltar para San
Diego. Durante este tempo doente, reencontrei um velho amigo, alguém que
conheci logo quando me mudei para San Diego. Ele é médico, músico e compositor
e se chama Alejandro, uma pessoa linda, um homem de coração de ouro. Quando nos
conhecemos tivemos uma pequena paixão, mas nem um dos dois estava pronto para
iniciar um romance e nossos caminhos sesepararam, onde ele foi para Inglaterra fazer seu mestrado e eu fiquei
em San Diego. Durante essetempo, muitas
coisas aconteceram para os dois, ele passou pela morte da namorada e eu neste
ano doente senti que também passei pelas portas do inferno, mas o nosso
reencontro foi lindo. Comecei ai a entender mais o propósito que Deus tinha
para minha vida, ou seja, tem. Devagar começamos a nos falar e foi quando ele
me convidou para vir ate Barcelona conhecer a cidade e o pais. Em Abril de 2014
vim para Barcelona e vivemos um lindo romance, mas nós dois ainda estávamos
muito doentes e machucados pelos acontecimentos da vida, com problemas dedepressão profunda e a gravidade da doença
nos pulmões, onde ele devagar começou a introduzir novos medicamentos naturais
e eu comecei a melhorar e conseguir sair das fortíssimas crises, ainda não
podendo completamente sair dos meus 10 medicamentos de manutenção, mas um grande
passo adiante em termos de condição física!
Mas vocês se acertaram?
Então, o Alejandro me
convidou para vir viver com ele em Barcelona.
Hoje entendo que meu ano
doente em casa foi um ano onde me aproximei muito da minha família, uma
aproximação necessária para todos nós, pois sempre nos amamos muito e passamos
anos separados sofrendo a perda um do outro.Entendo porque tudo, inclusive as crises pulmonares tiveram de
acontecer, Deus de alguma maneira não me via ainda pronta para seguir adiante,
eu precisava dar este passo para trás e reforçar o amor, a força, a dedicação,
a importância das coisas, da minha família, da simplicidade de poder respirar,
de estar emergida na natureza. Agora entendo a minha grande conexão com ela, a
necessidade de estar ao redor dela para poder me curar! Vi novos caminhos que
gostaria de tomar, em questões de saúde e como me curar e o que gostaria de
aprender a respeito da medicina alternativa para aprender eu mesma a me cuidar,
claro através de Deus e seus guias!
E sua vida na
Califórnia?
Com respeito a ir embora da
Califórnia, a partir de então, desde ter passado este ano doente em casa, não
queria viver tão longe dos meus amados lá na Califórnia, mas eu precisava de
mudança, mesmo tendo estes projetos a ser finalizados por lá.
Então optou por viver na
Espanha?
Em Agosto do ano passado,
voltei para Califórnia e em 2 meses vendi tudo que eu tinha: meu carro, moveis
, roupas e me mudei para a Espanha para recomeçar mais uma vez!
Conseguiu se
reencontrar...esta feliz?
Estou aqui agora, neste
lugar de crescimento espiritual, encontrando o que me faz feliz, descobrindo
que não são as doutrinas e sim a espiritualidade individual e pessoal que vai
curando o corpo e a alma, e devagar vou tendo a coragem de sair de casa novamente,
de vencer a depressão e de curar o pulmão. Venho buscando escolas de medicina
alternativa, pois sei que a cura é a minha prioridade neste momento, pois tudo
que me passa agora me impossibilita de criar e preciso limpar estes canais para
que tudo possa fluir novamente, e sei que é apenas uma questão de tempo.
Viver na Espanha mudou muita
coisa na sua vida. Sente que esta onde deveria?
Da maneira que tudo
aconteceu, realmente foram sinais de que estou agora, exatamente aonde deveria
estar. Na procura por um apartamento encontramos um que amamos muito. Ele
ficava na rua da padroeira de Barcelona, Santa Eulália. A historia desta Santa
é interessantíssima, ela era uma mártir que se tornou a Santa dos sofredores e
depressivos. O que parecia impossível de conseguir pelo preço, nossa situação
financeira e os documentos necessários, finalmente caiu nas nossas mãos e hoje
a imagem dela fica atras do meu quarto, na cabeceira da minha cama, do lado de
fora. Sei que ela nos abençoa, pois a minha conexão com o feminino sempre foi
muito forte, sempre busquei esta imagem materna acolhedora, e ela me ajuda
muito a me conectar com o meu feminino, uma importante necessidade minha para
que me cure das depressões.
Como fica os projetos
iniciados?
Planos de terminar os projetos
do Tributo ao Tom ainda existem, masentendo agora melhor que nunca, que tudo tem sua hora. Estou agora
fazendo aulas de violão, de voz, e fazendo música em casa, criando escrevendo,
compondo, me inspirando com o meu redor, e me curando! Estou cuidando muito da
saúde e devagarinho voltando a mover-me para fora. Eu chego la!
Novas propostas de lindos
trabalhos no Brasil começam a surgir agora, algo que espero a quase dois anos,
uma linda produção de filme, agora vem também a se concretizar!
Então continuo lutando, pois
sei e sinto a presença Divina de Deus, Jesus, Sagrado Coração de Maria, Santa
Eulália do meu lado e todos os 5 anjinhos iluminadores também.
A meditação e o Yoga tem me
ajudando muito também. Sei que as pedras sempre estarão por ai, mas estou
aprimorando meus saltos!
Terminamos por aqui.
Obrigada Maria Rosa.
Obrigada pelo seu carinho
Cleo. Bênçãos divinas para todos
nós imigrantes deste belo, cruel e grande Mundo!!!
Cleo Oshiro,mineira mas viveu a maior parte da sua vida em São Paulo até se mudar
para o Japão em 2002. Colunista Social no Japão, EUA e Suíça.Seu trabalho é divulgado em vários países no exterior onde existem
comunidades brasileira.
Maria Rosa - Cantora Bossa Nova [Cleo Oshiro]
Reviewed by Revista Biografia
on
maio 14, 2015
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Uau! Uma história de vida fascinante, profunda e empolgante!
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