Além da Curva
O que me espera atrás
daquela curva? Quisera eu saber!
Por enquanto basta-me saber
que tenho pernas e pés para construir o caminho.
Por ora tenho olhos atentos
para a paisagem e ouvidos abertos para toda canção que o vento me sussurra.
E, depois de ter caminhado
tantos desertos – os que me atravessam, os que invento e os que me foram
destinados – tenho desejos de que ali, em algum lugar, haja um poço de água
fresca. Ou um poço de sonhos: os que já realizei, meus alentos, e os que ainda
acalento, minhas esperanças.
É possível que, virando
aquela curva, encontre alguma sombra de frescor ou de medo. Esse medo que
antecede o passo a ser dado. Esse medo que tempera o desconhecido e que ao
mesmo tempo que parece freio é acelerador. Esse medo que precisa ser vencido e
transformado em ação. E é aqui que me emprenho: no próximo passo.
E se há o próximo passo,
haverá a próxima dúvida, a próxima pergunta e as próximas noites insones, a
vagar pelas ideias e labirintos que eu mesma crio e que aumentam a distância
entre meus pés e a curva que me espera. Haverá um atraso no caminho. Haverá um
desvio, um atalho, uma pedra. Haverá a quase desistência. O conforto pelo lugar
conhecido. O sossego de não ter que me mexer.
Mas há a curva e seus
segredos. Há um mundo a ser descoberto e os passos que construirão o caminho e
por mais bonita que seja a paisagem que componho, pintá-la ali atrás do que não
vejo ainda há de ser a motivação maior.
E sigo.
Experimento as ansiedades da
curva à minha espera, mas não posso desviar o olhar do caminho que percorro. E
aprendo, com esses detalhes, que a imersão é o melhor caminho. E não sou mais
caminhante, mas parte integrante do que vejo, vivo e anseio.
Sou tanto o caminho que faço
quanto a curva que me espera. Viver as paisagens é senti-las. É descrevê-las. É
registrá-las em mim, assim como ela me registra, sob forma de pegadas, em cada
passo da estrada.
Sou o todo em fragmentos.
Sou junções. Sou verbo. Sou ações. Sou paragens e andanças. E o sol que me
ilumina, cede espaço para a lua que me nina. Sou raios de sol e escondo-me nas
horas das madrugadas. Sou riatura que cria o caminho e a curva.
O que me espera depois da
curva, são os frutos que eu semeei no caminho e recebê-los justamente é
sinônimo da sabedoria que adquiri passo a passo. Vida a vida. Dia e noite
nesses ponteiros de flores do relógio que o tempo (dês)governa.
Dy
Eiterer - Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. Edylane é Edylane desde 20 de
novembro de 1984. Não ia ter esse nome, mas sua mãe, na última hora, escreveu
desse jeito, com "y", e disse que assim seria. Foi feito. Essa
mocinha que ama História, música e poesia hoje tem um príncipe só seu, seu
filho Heitor. Ela canta o dia todo, gosta de dançar - dança do ventre - e
escreve pra aliviar a alma. Ama a vida e não gosta de nada morno, porque a vida
deve ser intensa. Site:Dy Vagando
Assinar:
Postar comentários
(
Atom
)
Um comentário
Tenho interesse na publicação de artigos, crônicas e contos curtos. Preciso de e-mail da Revista Biografia
manoel.amaral@gmail.com
Postar um comentário