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Capa CD Zeca Baleiro (O Samba Não É de Ninguém) |
Naturalmente sambista
Por Aquiles Rique Reis
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Sempre tive Zeca Baleiro em alta conta. Ouvia suas músicas bem estruturadas, que não se prendem a convenções ou estilos pré-concebidos. Admirava suas letras, libertas do senso comum. Mas eis que neste momento, Zeca nos vem com um disco temático... onze sambas! A curiosidade me fez pensar: só sambas...? Como assim?
Bem, vamos lá: em 2013, Zeca decidiu gravar alguns sambas autorais, acompanhado de um quinteto de grandes instrumentistas do gênero regido pelo produtor e parceiro Swami Jr. Trabalho que só agora vem a público.
Antes de ouvi-lo, tamanha era a vontade de achar uma pista que me guiasse ao que o levou a essa opção, fui ao release. Lá estava O Samba Não é de Ninguém (Saravá Discos, com distribuição da ONErpm).
Mas pensei: o que teria levado Baleiro, um compositor sempre disposto a se reinventar, a dar um cavalo-de-pau em sua carreira? Mas quer saber? Minha dúvida não procede. Ele não precisa dar explicações sobre para onde irá sua obra. Decide e vai!
É... mas não rolou simples assim, não. E é o próprio Zeca que nos fala sobre sua hesitação: “O samba pra mim sempre foi um lugar meio que sagrado, intocável, perigoso... Os sambas que gravei foram sempre em tom paródico, quase como uma alusão brejeira à brasilidade, quase um samba 'fugindo do samba'. (...) Aqui não, aqui o samba é levado muito a sério, respeitando a tradição lírica e melódica do gênero (...)”. A dúvida que me assolara dissipou-se.
Para reverenciar o samba, Zeca criou uns bem raiz e outros mais bossa – oito só seus e três em parceria com Eliakin Rufino, Salgado Maranhão e Swami Jr. Alguns são em tom menor, marca registrada de sambas clássicos (ao final deste texto estão três links para audição).
Com som mixado por Alexandre Fontanetti e masterizado por Carlos Freitas, os instrumentistas dão no couro com vontade. São eles: Zé Barbeiro (violão 7 cordas), Gian Correa (violão), Swami Jr. (violão e violão de 7 cordas), Henrique Araújo (cavaquinho e bandolim), Douglas Alonso (percussão e bateria), Vitor da Candelária (percussão), mais o coro formado por Alemão do Cavaco, Ana Duartti, Lissandra Oliveira, Marcello Furtado e Tatiana Parra. E tem alguns convidados: Rubinho Antunes (flugelhorn), Allan Abbadia (trombone), Alexandre Ribeiro (clarinete e clarone), Tiago Costa (piano) e Teco Cardoso (flauta em sol).
Zeca Baleiro canta com a naturalidade de um veterano sambista de carteirinha. Assim, fazendo jus a ganhar destaque num meio que ele próprio considera “sagrado, intocável, perigoso”, ajunta-se a bambas de hoje e de sempre.
PS. A capa do disco, que terá versão em vinil, é do saudoso Elifas Andreato. Falecido em 2023, esta é uma de suas últimas capas.
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Aquiles Rique Reis. Nossos protetores nunca desistem de nós. Músico, integrante do grupo MPB4*, dublador e crítico de música.*MPB4 é um grupo vocal e instrumental brasileiro formado em Niterói, Rio de Janeiro, em 1965. A primeira formação contou com Miltinho, Magro, Aquiles e Ruy Faria. Em 2004, Ruy Faria saiu do quarteto, sendo assim substituído por Dalmo Medeiros, ex-integrante do grupo Céu da Boca, convidado para ficar em seu lugar.
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