(JJ)- João Braga Neto - [Poeta Brasileiro]
Você; que cantava na minha janela;
que nem era minha, era d’ela!
Na aurora, atrás do muro,
com a graça e felicidade dos puros;
como eu pensava que fosse ela!
Te ouvindo eu acordava e também cantava.
Em outro mundo, eu assim vivia;
o d’ela!
E eu que o deixava, se viajava; por companhia,
te ouvindo a imaginava quando eu rezava;
pura, dormindo.
Mas desprezando seu cantar puro, ali no muro ,
outro ela escutava nas madrugadas se divertindo,
num jogo espúrio!
E o meu amor
que foi abrigo como os seus galhos, um dia;
era pra ela, como o teu cantar, gratuito e puro.
E o meu cantar, não tão belo como o seu,
mas de alegria,:...Ela traía!
Não eras o meu Sabiá, era o d’ela.
Nem era a minha janela, era a d’ela.
De outro era a cama e d’ele era ela!
É Sabiá; ... você não cantou quando fui embora;
e era uma aurora.
E por muito tempo eu quis saber, se foi respeito,
pela minha dor
ou se pra ele também cantava,
quando eu não estava,
Fostes traidor ?
Acabou meu mundo, Sabiá;
desde então não canto.
Sabia que um dia você viria;
Para ver meu pranto ,
Como veio agora!
Hoje é minha aurora!
Minha cama!
Minha janela!
Também as lágrimas e a solidão,
ainda falta ela !
Às vezes penso se você é aquele Sabiá;
ou se é um outro
e aquele é d’ela ...
Só sei que entre aquele;
esse ou outro,
um dia ela volta.
como você voltou;
porque eu sou d’ela!
Volte Sabiá, lá na janela;
na aurora ou no escuro,
em cima do muro, cante;
conte pra ela!
Alma gêmea
O inferno verdadeiro
é vida que deu errado
existe dentro da mente
da gente
enquanto existe passado.
Como um circulo vicioso
doloroso
e impossível de escapar
sugando pessoas boas,
à toa
sem saber se perdoar.
Você que foi realidade
hoje saudade
alma gêmea amputada
e separada
percorre agora o caminho;
e eu sozinho
para ficar do seu lado,
busco o passado
condenado
ao fogo eterno porque,
se for para ir sozinho
ao paraíso,
meu juízo
pede o inferno com você!
Direito de sonhar
Quando tu fostes embora
terrível hora
esquecestes de tirar
minha memória
única forma
de nunca mais eu lembrar
que já tive um coração
-que nem faz falta-
e era pra você morar!
Até podia
tirar a minha visão
naquele dia
hoje toldada
em olhos cheios de mágoa
-sem serventia-
porque não pode te olhar!
E eu pergunto desde então
nas longas noites de insônia
e que são muitas;
julgastes justo
você tirar,
pro resto da minha vida
-infelizmente comprida-
meu direito de sonhar?
Mais forte que o tempo
Se disserem que te faço
a cada dia um poema
não te importes
não ligue
mesmo que você não leia
creia
eu preciso extravasar.
Perdi você na cama e mesa
e com surpresa
em dia claro ou noite alta,
fez mais falta
perder-te pra conversar.
Se te dizem
que depois de anos ainda choro
te imploro
não te importes
não ligue
procure entender com calma.
Que o meu peito sem você ficou vazio
um leito seco de rio
rio de tristeza
e ao conter a dor e as lágrimas
represou sofrimento
só que têm horas
certos momentos
de jogar águas pra fora
e então chora
quando rompe-se a represa.
Você me disse
que o tempo curava tudo
mas não me iludo
e mesmo que não te importes
não sabe o quanto lamento
o "tudo" ser bem mais forte
que manteve aberto o corte
e foi por certo
muito mais forte que o tempo!!!!!
(JJ)- João Braga Neto
Todos os direitos autorais reservados ao autor.
3 comentários
Ô meu patrao seu trabalho esta magnifico e é uma honra estar nessa sua pagina!
RARAS PÉROLAS POÉTICAS AQUI SE ENCONTRAM.
PARABÉNS AO DAUFEN, AO JJ E A ESSA PLÊIADE DE MARAVILHOSOS POETAS.
BEIJOS.
Marilândia
JJ
Daufen um dia escrevi sobre o amigo e era para você numa época em que a presença se fazia necessária.
No JJ encontrei um amigo vivenciado pela estradas da vida.
Sinto prazer em fazer parte desse grupo nessa Revista de puro valor literário e aprender com que nos sabe ensinar.
um abraço
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