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A Casa do Escritor Pernambucano [Luciene Freitas]



A Casa do Escritor Pernambucano

Assim como os cybers estão para comunicação mundial, a igreja para a contrição com o Altíssimo, a UBE está para o escritor.
Ponto de encontro nas reuniões semanais, o Quarta as Quatro tornou-se um programa imperdível para aquele que ama a Literatura. Trocamos idéias, fazemos amigos, ganhamos sorrisos, derramamos a alma.
E pensar que começamos como itinerantes. Lembro das reuniões na Rua da União, Espaço Pasárgada, casa de Manuel Bandeira. Iniciava-me como sócia. Era 1995. 
Os sonhos agigantavam-se e clamavam por um lugar onde a natureza estivesse visível, onde os poetas e escritores tivessem a inspiração ativada.
A presidência era de Flávio Chaves, a batalha de todos. O espaço foi concedido, cabia organizá-lo. Como esquecer nas tardes de domingo as retretas no canteiro de obras, as grandes festas comemorativas? À frente de um projeto de sonhos só mesmo um sonhador. O poeta acreditou na idéia e partiu para realização.
Muita gente arregaçou as mangas da camisa nessa empreitada, a casa cresceu em beleza.
O bom gosto da arquiteta Glória Dalla Nora, à frente da Hera Sagitário, está impresso nos tapetes da cerâmica doada por Francisco Brennand, na conservação dos detalhes originais. A modernidade teria um postal antigo no frontispício da casa. A sensibilidade não estava somente nos textos e poemas escritos e recitados. As janelas do tempo ficaram na bela cerâmica, azul da Prússia, decorada com duas tulipas brancas. 

As tardes das quartas-feiras se vestem de festa com o programa idealizado pelo ex-presidente, Vital Corrêa de Araújo. Os jardins da UBE ganham novo brilho com a apresentação dos trabalhos artísticos, acompanhados pelo cantar dos pássaros, o chiado das cigarras, o zumbido das abelhas e de outros viventes. Convivemos em harmonia e ao pôr-do-sol saudamos o milagre da criação num coro de muitas vozes.
A velha casa da Rua de Santana, 202, é hoje a nossa Casa Rosada, onde, ao ar livre, recitamos os nossos ideais perante os que comungam com o mesmo pensamento.
Dizem que os poetas não morrem, encantam-se e eu acredito. Assim posso afirmar que Ida Souto Uchoa plantou sua alma aqui. Em 18 de julho de 1928 essas paredes foram testemunhas da carta que escreveu a Martha de Hollanda Cavalcanti. Falava da igualdade política para o homem e a mulher e terminava assim, apesar de cursar a Faculdade de Direito a menoridade não me permite votar... mamãe influenciada pelas minhas idéias vai suprir a minha falta alistando-se como eleitora... terei muito prazer se for distinguida com uma visita vossa, espero pois, aqui na minha residência: Rua de Sant’Anna n.º 202 (Casa Forte ) Tens às vossas ordens uma admiradora, Ida Souto Uchoa. A jovem moradora foi mascote de uma das revistas mais importantes da época A Pilhéria.
Os sonhos plantados agigantaram-se com as árvores e frutificam a cada hora em que se respira poesia.
(Vitória de Santo Antão, 01-09-2007.)


Luciene Freitas - Prêmio Vânia Souto Carvalho de Ficção, pela Academia Pernambucana de Letras, em 2009. É pernambucana e tem publicados os seguintes livros: Explosão (poesias); A Dança da Vida (parábolas e contos); Mil Flores (poesias). Encenado no Teatro do SESC em 2004; O Sorriso e o Olhar (parábolas, contos e crônicas); Meu Caminho, textos para reflexão; Uma Guerreira no Tempo, (pesquisa). O resgate de uma época – 1903-1950; a vida e a obra da escritora Martha de Hollanda, primeira eleitora pernambucana. Premiado pela Academia Pernambucana de Letras, em janeiro de 2005; Viagem dos Saltimbancos Escritores pelos Recantos do Nordeste, (cordel); Mergulho Profundo, 264 pensamentos filosóficos; Brincando Só e Brincando de Faz de Conta, Vol. I e II da série No Ritmo da Rima; O Espelho do Tempo, romance de pura emoção; Sob a Ótica das Meninas, 42 contos de um tempo determinado. Tem trabalhos publicados em jornais e revistas do Brasil, Portugal e Argentina. Participações em várias antologias. Conta com alguns prêmios literários. Pertence ao quadro de sócios da União Brasileira de Escritores (UBE– PE); União Brasileira de Trovadores (UBT– PE); Instituto Histórico e Geográfico da Vitória, Vitória – PE; Academia de Letras e Artes do Nordeste (ALANE); Academia Vitoriense de Letras, Artes e Ciências da Vitória de Santo Antão; Grupo Literário Celina de Holanda. Membro correspondente da Academia Irajaense de Letras e Artes (AILA) Irajá / RJ e Academia de Letras de Itapoá / SC.
 

2 comentários

Luciene Freitas disse...

Obrigada Daufen Bach, nunca havia me imaginado colunista, rsrsrs. E não é que estou mesmo uma colunável, rsrsrs. Achei muito bonito e vou divulgar o site. Um abração de Luciene Freitas.

Jair Martins disse...

A Revista Biografia é privilegiada em ter como colunista a escritora Luciene Freitas. Parabéns a Daufen Bach, pela valiosa escolha. Jair Martins