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As figuras folclóricas e pitorescas da cultura mato-grossense são lembradas com nostalgia por moradores mais antigos. Personagens como Zé Bolo Flor, Antonio Petetê, Preta, Zaramela, Jeje, Cobra Fumando e tantos outros que por aqui viveram. Como dizia o poeta Moises Martins em uma de suas musicas:
“Toda cidade tem seus tipos
Cuiabá também os tem, uma cidade sem eles vive cheia
de ninguém… A cidade vive dos que vivem nela já dizia o grande locutor sem eles qualquer cidade seria um jardim faltando flor… tipos populares, boêmios sem fim nos bares, becos e esquinas vivem felizes, sim! viva, cobra fumano Maria Peta, Zé Bolo Flô, em cada esquina uma saudade em cada canto uma canção de amor”
Hoje apresento aos leitores da Revista Biografia a historia de uma figura folclórica que viveu na década de 40, “Maria Taquara”, uma mulher de fibra, negra e corajosa, fugia dos padrões da época, sendo a primeira mulher a usar calça comprida em Cuiabá.
Personagem controversa, que enfrentou preconceitos e afrontou as normas da sociedade tradicionalista das décadas de 30 e 40 em Cuiabá.
Maria Taquara é figura presente nos livros de cultura regional. Ela não fez nenhum ato patriótico, não combateu na guerrilha e nem governou nenhuma cidade.Ela simplesmente existiu e, desde então, enche de graça o imaginário daqueles que vivem ou passam por Cuiabá.
Mulher, pobre e negra. Maria Taquara sempre soube que a vida não seria fácil, ainda mais em uma sociedade conservadora. Mas foi neste contexto histórico que Taquara se transformou em uma lenda na cultura local.
Contraventora das normas vigentes de então, Maria Taquara foi a primeira mulher a abolir as saias. Ela viu na calça comprida a sua marca registrada. Naqueles tempos, a calça comprida só era utilizada pelos homens. Era peça exclusiva do vestuário masculino. No entanto, Maria não pensou duas vezes em usar a peça durante suas andanças pelas ruas de Cuiabá. Dizem alguns historiadores que ela causou escândalo à sociedade por seus hábitos. Não era proposital. Foi a necessidade que a levou a usar roupas mais resistentes para a labuta nos córregos e rios da capital. Maria era lavadeira.
Maria Taquara, Maria meu bem
Tinhosa, sisuda, esperta, suja, maltrapilha, negra, horrenda e desembaraçada. Qualificativos ou não, estes são alguns dos adjetivos que a história cuiabana tratou de injetar em Maria Taquara. Foi o biótipo, alta e magra, que lhe rendeu o apelido de Taquara. E a história ainda reservou outros capítulos para a personagem lendária. Taquara morava em uma cabana localizada no bairro Goiabeiras. Ela residia mais precisamente nos fundos do 44° Batalhão do Exército. Nesse período, as más línguas contam que Maria Taquara não rejeitava o carinho dos aspirantes ao Exército. Desta constatação, ela ficou assim denominada: "de dia Maria Taquara e, de noite, Maria meu bem".
As andanças de Maria pelas ruas da capital davam um sabor a mais na vida de comerciantes e trabalhadores da região central, que a conheceram. Por trás da lata d'água na cabeça e do pé descalço havia uma denúncia social. Maria representou em cenas da vida real a marginalização de uma grande parcela da sociedade cuiabana que estava alheia ao processo de transformação social que vigorou fortemente em meados dos anos 50, em Cuiabá.
A lata de querosene sempre vazia era mais um símbolo de que aquela gente encarnada por ela queria melhorar de vida. Indignada ou até avessa ao processo histórico, Maria recorria a longos momentos de abstração com seu cigarro de palha, debaixo das árvores de Cuiabá.
Foram muitos estes momentos registrados por alguns que confessam ter visto Maria desta forma. Para o poeta e membro da Academia Mato-grossense de Letras Moisés Mendes Martins, Taquara se tornou uma lenda. "Eu cheguei a conhecer Maria Taquara pelas ruas de Cuiabá. Era uma figura e tanto. Alta, magra, pele negra e cabelos esvoaçados", confirma o poeta.
Mas quando Maria deixou de perambular pelas ruas de Cuiabá? Não há registros na história local que comprovem o desaparecimento de Taquara. O que existe são alguns depoimentos de pessoas mais próximas a ela, mas que nada acrescentam. Talvez a atemporalidade presente na história de Maria explique a sensação de que ainda teremos a oportunidade de conhecê-la durante suas andanças pelas ruas da capital.
Escultura do artista plástico Haroldo Tenuta
Depois de chegar às páginas dos livros de cultura regional em Mato Grosso, Maria Taquara foi homenageada com uma praça em Cuiabá. Hoje Taquara não caminha como antes pelas ruas e becos. Ela está em pé e descalça sobre uma estrutura de concreto no centro da cidade. Seu corpo é metálico, formado por uma estrutura de ferro forjado que pesa mais de 300 quilos. Segura de si, Maria está de olhos arregalados. É o espanto com tanto barulho e movimento de pessoas que passam apressadamente à sua volta. A velha trouxa de roupas na cabeça ainda é presente. São as marcas de um tempo que não volta mais.
Maria como Taquara. Taquara como Maria. Indissociáveis, estas figuras marcaram a cultura regional simplesmente porque foram únicas.
Moisés Martins, em um poema, presta homenagem à cuiabana:
"A sua presença é necessária sim! Maria Taquara, Maria Mulher, ou Maria, Pois desmascaras esta sociedade vazia De amor, hipócrita, promíscua e de festim!
(..) Aqueles que tratavam com desdém, Cujos espíritos eram mendigos e de tara, Para eles, de dia eras Maria Taquara, Entretanto, à noite eras Maria Meu Bem!"
Ivana Schäfer - Pedagoga com Habilitação em Orientação Educacional, Especialização em Psicopedagogia e Cerimonialista. Sou Cuiabana de "tchapa e cruz", amo minha terra, meu povo e a nossa cultura. Sou do Mato ....de Mato Grosso. Página na internet:
Os de antigamente somos saudosistas. A saudade tem preço muito caro. Como você, caríssima Ivana, pago qualquer preço pelas lembranças das coisas de minha terra. Beijão Romulo
são figuras folclóricas que mtas vezes escutava meus avós contar,apesar de so conhecer através dos livros,sinto mto orgulho de ser desta terra maravilhosa e poder partilhar neste espaço os personagens da minha terra, abraços Romulo
Por que ainda produzimos literatura? Cassio Pantaleoni Dia desses, um jornalista amigo meu me perguntou sobre o sentido ...
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2 comentários
Os de antigamente somos saudosistas. A saudade tem preço muito caro. Como você, caríssima Ivana, pago qualquer preço pelas lembranças das coisas de minha terra.
Beijão
Romulo
são figuras folclóricas que mtas vezes escutava meus avós contar,apesar de so conhecer através dos livros,sinto mto orgulho de ser desta terra maravilhosa e poder partilhar neste espaço os personagens da minha terra, abraços Romulo
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