O PRAZER DA LEITURA
Acho uma tremenda bobagem as datas comemorativas. Todos os dias os dedico a alguma coisa boa e proveitosa. Para mim, todo dia é dia da leitura. Não consigo ficar longe de um bom livro. Há três dias terminei de ler John Steinbeck – uma biografia. Esta maravilhosa obra de quinhentas e cinquenta e uma páginas desnuda o autor de As Vinhas da Ira, A Um Deus Desconhecido, Vidas Amargas e mais duas dezenas de livros maravilhosos. Jay Parini assina a biografia. Confesso que um dos melhores presentes que já ganhei em minha vida. Esta obra abriu minha mente para a arte de escrever, escancarou a vida de um dos maiores gênios da literatura norte-americana. Expõe suas angústias, seus medos, sua temerosidade em não produzir o que de melhor a mente humana pode conseguir.
Agora estou diante de três livros e não sei qual devo começar. Se Puertas Abiertas, de Edwin Madri, poeta equatoriano, ou Fado Alexandrino, de António Lobo Antunes e, finalmente, A Menina que Roubava Livros, de Markus Zusak.
Minha fome de leitura é grande, talvez por isso mesmo comece pelos três. Tenho certeza que a mente não sentirá cansaço algum e ainda exigirá que, nos momentos de descansos pouse os olhos sobre Grande Sertão: Veredas, releitura obrigatória, a cada quarenta e cinco dias.
A leitura me satisfaz tanto quando o arroz e o feijão. Com um bom livro sinto-me remoçado, embora os anos já estejam avantajados, mas é na velhice, quando tudo pela frente parece nublar, quando os jovens teimam em praticar conosco o bullying, chamando-nos de velhos, nos desrespeitando, aí é que crescer a fúria indomável pela leitura. Os jovens não leem, parece que não nasceram para cultivar a proximidade com os livros. Tenho dó deles, não sabem o que estão perdendo.
Hoje, amanhã, depois de amanhã. Sempre será o dia da leitura. Passou o dia sete de janeiro e ele não passou em branco, estava debruçado sobre John Steibenck e sonhava com Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, João Ubaldo Ribeiro, Mario Quintana, Guimarães Rosa, Aníbal Machado, Dostoievsky, Hemingway, Baudelaire, Saramago, Garcia Marquez e centenas de outros autores. Eles também estavam comigo no dia da leitura, pois eles nunca me deixam sozinho. Bendita velhice que tem me proporcionado o prazer inusitado de viajar pelo mundo através das páginas dos livros. Leiamos, pois tudo mais é nada.
Romulo Nétto, mineiro radicado em Cuiabá há 35 anos. Graduado em Comunicação Social (Jornalismo) pela Universidade de Brasília, veio para o Estado em 1971 para trabalhar como jornalista na Universidade Federal de Mato Grosso. Desde então nunca mais saiu, só quando se aposentou, aos 47 anos, e passou um período no Nordeste. Escritor, muito mais que jornalista, ele é daqueles sujeitos que não esquecem de onde vieram.http://romulo-netto.blogspot. com
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