Caderno de Perguntas e Respostas
Tenho
mania de buscar respostas. Tenho a cabeça cheia de perguntas e para o caso de
esquecê-las, e esqueço sempre, uso um caderninho. Anoto tudo e volto nele
frequentemente pra saber o que eu me perguntava e como me respondi. É bom pra
saber até que ponto as respostas continuam valendo.
Descobri
há pouco que as respostas que tenho não tem um prazo de validade muito
estendido. Na verdade elas se perdem pelo caminho muito rápido, com a
velocidade de um tic e um tac.
Tenho
perguntas que duram um inverno inteiro, me fazem companhia debaixo do edredom,
me fazem queimar horas de pensamentos, reflexões e as respostas acabam vindo
com a beleza da primavera e a rapidez do verão. (Por mais que saibamos que as
estações têm o mesmo período, teimamos em achar que o verão passa rápido
demais).
Algumas
de minhas perguntas surgem como tempestades: sacodem tudo, movem meu eixo, me
atormentam e se desfazem com o arco-íris da resposta, uma calmaria profunda de
puro encantamento. Sim! Eu disse encantamento! E só! Por que um dia essas
respostas passam!
Um
dia tudo vai passar: tudo aquilo que eu quero que passe, mas parece durar uma
eternidade. Tudo o que eu não quero que passe, mas que se desvanecerá como
espuma do mar. Tudo passa! E talvez essa seja a nossa dor e o nosso maior infortúnio:
saber que tudo passa. Deve ser por isso que tentamos, muitas vezes, deixar
nossas marcas nas paredes da vida! Ninguém quer simplesmente passar. No fundo
todo mundo, como eu, quer só deixar a sua marca em algum lugar. Saber que vai
ser lembrado dá alento para a alma.
Eu
ainda busco respostas. Mesmo sabendo que elas vão passar. Mesmo sabendo que vou
reler meu caderninho e rir do que está escrito porque agora enxergo o mundo de
maneira diferente e aquela resposta que demorei uma estação inteira pra formular
não me serve mais, porque como a estação, eu também mudei.
Tenho
mania de fazer perguntas e já me acostumei a anotá-las todas no caderninho,
porque sei que as minhas perguntas também mudam. E gosto de ver essas mudanças
muito bem definidas pela linha do tempo, muito bem marcadas no meu rosto nas
rugas que já começam a se formar ou nos cabelos que daqui a pouco irão
branquear.
Sou
uma questionadora nata e gosto disso. Gosto de me questionar e de questionar a
vida porque sei que toda questão tem uma resposta e que as duas irão se
modificar e a grande sacada desse momento é perceber que eu vou crescendo a
cada pergunta, a cada resposta, a cada mudança.
O
que sobra no meu caderninho de perguntas e respostas no final das contas é só
um mapa: o mapa do meu crescimento, da minha evolução e do caminho danado de
bonito que fiz até chegar aqui, com todos os seus precipícios e vontades de
desistir, com todos os labirintos sem minotauros, com todas as florestas sem
ninfas, com todas as cartas escritas pra ninguém, com todos os passos dados em
vão ou não. Se é que nessa vida damos passos em vão. Eu acho que não, já
que com todos eles eu aprendo uma lição.
Dy Eiterer.
Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. Edylane é Edylane desde 20 de
novembro de 1984. Não ia ter esse nome, mas sua mãe, na última hora,
escreveu desse jeito, com "y", e disse que assim seria. Foi feito. Essa
mocinha que ama História, música e poesia hoje tem um príncipe só seu,
seu filho Heitor. Ela canta o dia todo, gosta de dançar - dança do
ventre - e escreve pra aliviar a alma. Ama a vida e não gosta de nada
morno, porque a vida deve ser intensa. Site:Dy Vagando
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2 comentários
Belo texto, vou experimentar um caderninho de perguntas e respostas também.
Ah, obrigada, Giovannia!
Meu caderninho tem dado certo! rs
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