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Literatura também dá samba [Karine Pansa]

Literatura também dá samba

Escolas de Samba de São Paulo e do Rio homenageiam grandes nomes da literatura e estimulam o desenvolvimento de novos leitores

O brasileiro tem duas conhecidas paixões, o futebol e o carnaval. E essas paixões têm uma coisa em comum: a literatura. A cada ano as publicações sobre times, torcidas e conquistas vêm aumentando. No carnaval, os escritores e as obras também são fontes de inspiração para sambas enredos e se refletem em lindas homenagens.

A interatividade e a empatia entre as artes são importantes em vários aspectos, inclusive para o fomento à leitura. A divulgação de grandes livros e nomes nos sambas enredos atrai uma gama de leitores das mais diversas idades e convida outros a conhecer as obras. De acordo com a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Ibope Inteligência a pedido do Instituto Pró-Livro,  50% dos brasileiros são leitores e a grande maioria está na fase escolar - 36%, outros 16% estão na faixa dos 30 aos 39 anos. Iniciativas como essas das escolas de samba são um convite para arrebanhar novos leitores e fortalecer os que já amam a leitura.

Este ano uma escola de samba paulista e outra carioca vão exaltar grandes nomes nacionais. A Mancha Verde homenageará o poeta, compositor e ator Mário Lago, também chamado de  O Homem do Século XX. Autor dos sambas “Amélia” e “Aurora”, entre muitos outros, Lago ficou mais conhecido por suas participações em novelas e filmes, mas deixou um legado de obras como: Chico Nunes das Alagoas (1975), Na Rolança do Tempo (1976), Bagaço de Beira-Estrada (1977) e Meia Porção de Sarapatel (1986).

Já a União da Ilha do Governador, do Rio de Janeiro, homenageará Vinicius de Moraes. Dramaturgo, poeta, jornalista e compositor, ele fez grandes parcerias com Tom Jobim, o qual lhe chamava de poetinha. Foi autor dos livros O Caminho para a Distância (1933), Novos Poemas (1938), Pátria Minha (1949), entre inúmeros outros, totalizando 13 obras.

De forma lúdica o carnaval consegue exaltar os feitos desses grandes artistas, assim como já fizeram com Monteiro Lobato, Machado de Assis, Jorge Amado e Carlos Drummond de Andrade, justamente escritores que estão entre os mais admirados pelos brasileiros, segundo a pesquisa do IPL.

Obras também já foram enredos de sambas, como Invenção de Orfeu, de Jorge de Lima; Os Sertões, de Euclides da Cunha e O Manuscrito Holandês, de Manoel Cavalcanti Proença. Apesar de não constarem no estudo Retratos da Leitura no Brasil, são grandes marcos da literatura brasileira. De acordo com a pesquisa, os mais marcantes para os entrevistados são a Bíblia, A Cabana, Ágape, O Sítio do Pica-pau Amarelo e o Pequeno Príncipe.

O Instituto Pró-Livro foi criado para apoiar e promover a leitura, e a união da cultura brasileira, que é o caso do carnaval e da literatura. Estas parcerias só podem resultar em grandes progressos, aumentando o número de leitores por todo o país.

Matéria publicada no Diário da Manhã
(Karine Pansa é editora e presidente do Instituto Pró-Livro)

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