Não Falta AMOR, Falta AMAR!
Acabo de ler a seguinte frase:
“Todos a procura do amor ou do significado da palavra, anote a receita é ser vc, viver cada instante, dar valor ao que tem, saber escutar, saber reconhecer e saber conquistar! Companheirismo, Ouvinte e Conquistar! Enfim namorar ou casar é fácil quero ver partilhar”.
Minha resposta a ela: DISCORDO!
E discordo em quase tudo!Sou a rainha da generalização e isso não é lá nenhuma novidade, mas quando vejo uma frase em que diz que TODOS estão à procura do amor me dá calafrios.
Não nos falta amor! Falta amar! O amor está esparramado por todos os cantos, voando por aí aos quatro ventos, só esperando que nós o enxerguemos, que coloquemos em prática o tal verbo da primeira conjugação: AMAR!
Já sabemos o que significa o amor, mas confundimos sempre com outras coisas. Confundimos a vontade de ter um amor com a vontade de não estarmos sozinhos. Isso não é amor. Isso é carência! Todo mundo procura um colo. Todo mundo precisa de um. Não resta dúvidas que quando o meu mundo treme eu corro para o telefone e busco quem? Meu colo! Uma companhia agradável, que se dispõe a me ouvir e a dividir um café. Só isso!
Confundimos o amor com a vontade de termos motivo pra viver. Isso também não é amor. É falta de inspiração! Todo mundo precisa de uma inspiração pra viver: meu filho, meu livro, minha carreira, são todos elementos de minha inspiração, claro, configuram um amor, mas essa inspiração pode ser só o sol brilhando indecentemente vivo pela minha janela!
Dar valor ao que se tem não é amor. É, sobretudo, reconhecimento. Seja uma pessoa que esteja ao seu lado, seja um trabalho, um objeto, um fruto de um desejo. Reconhecer que cativou alguém ou conquistou algo é o primeiro passo para ter consciência de seu lugar no mundo e na vida (na sua e na dos outros).
Saber escutar é uma virtude muito pouco desenvolvida nos dias de hoje e vem, pelo menos pra mim, muito atrelada à ideia de compreensão. Para se compreender o outro, o mundo, é preciso escutar. Isso também não é amor. É só uma prática de vivência que torna o mundo muito mais leve, nos leva ao exercício da tolerância, afinal, compreender não é entender e respeito é bom e conserva as nossas relações.
Viver intensamente é questão de coragem, de ter sua autoconfiança lá em cima, nas tabelas, e bancar cada uma de suas ações. Longe de ser amor – a não ser o por si próprio e respeito aos seus desejos – entregar-se às sensações da vida de peito aberto é muito mais um estilo do que outra coisa. A vida é curta demais pra vivermos entre o morno e o frio e acrescentar calor e pimenta em nossos dias cabe só a nós mesmo e demanda muito jeito, uma pitada de petulância e muita, muita competência para se manter nessa contracorrente.
E sobre saber conquistar... bom, não sei bem até que ponto o amor pode ser efetivamente considerado só como uma conquista. Embora não pareça eu sou um pouco (mentira! Sou muito, eu acho) romântica e acredito que o amor acontece. Exatamente naqueles três segundos em que o seu cabelo desgrenha, tudo o que você quer é chegar em casa porque está cansada e seu ônibus atrasa... claro que mantê-lo e, sim, realizá-lo é uma outra história, mas que ele acontece, ah, isso não tenho dúvidas.
Por fim, sobre a facilidade de namorar ou casar, acho outra balela. Nem uma nem outra coisa são tão simples assim. A menos que não se tenha o menor parâmetro, que só se busque alguém pra preencher um espaço do lado da cama ou um número conhecido pra ligar no fim da tarde.
Acredito que namorar e casar está cada dia mais difícil porque raras são as pessoas que ainda querem passear à noite só pra ver a lua, escolher um filme e assistir enquanto divide a mesma bacia de pipoca ou dividir a conta do restaurante, porque pra mim estar junto é dividir tudo: meus sonhos, minha alegria, meus planos, a escolha do programa de domingo e a entrada de cinema.
Se praticarmos um pouco mais de gentileza, se olharmos mais nos olhos e apreciarmos todas as singelezas que nos rodeiam veremos que o amor está no ar como sempre esteve e que ele não nos falta. O que nos falta mesmo é amar!
1. A frase inicial, entre aspas foi retirada de um perfil de um amigo no Facebook, no dia 31 de janeiro de 2013, mantendo-se a grafia original.
Dy Eiterer. Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. Edylane é Edylane desde 20 de novembro de 1984. Não ia ter esse nome, mas sua mãe, na última hora, escreveu desse jeito, com "y", e disse que assim seria. Foi feito. Essa mocinha que ama História, música e poesia hoje tem um príncipe só seu, seu filho Heitor. Ela canta o dia todo, gosta de dançar - dança do ventre - e escreve pra aliviar a alma. Ama a vida e não gosta de nada morno, porque a vida deve ser intensa. Site:Dy Vagando
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