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Quem grita não quer conversa [Paulo Tedesco]

Quem grita não quer conversa

É recente a notícia, mas verídica por certo. A França, dos países listados em pesquisa, foi o único país que não teve redução na participação no mercado das pequenas e médias livrarias. Enquanto Estados Unidos e o Reino Unido, para ficar em exemplos mais marcantes, aconteceu um forte recuo das pequenas e médias, na França ocorreu, inclusive, um leve incremento nas vendas bem como na abertura de lojas. E agora, José?

A imprensa brasileira canta aos quatro ventos que é inevitável o definhamento desse segmento livreiro, essa mesma imprensa, alardeia que o livro digital, associado ao poder de barganha de grandes conglomerados varejistas, muitos que se utilizam do produto livro somente para atrair clientes para outros produtos, como os eletroeletrônicos, irá transformar num inferno a vida de quem tem o livro diretamente como principal sustento e que capilariza a distribuição, segmentando e atendendo públicos diferenciados, a exemplo dos universitários e profissionais.

Quer saber? Isso não passa de outro golpe, sabe, coisa de gralha que grita sem motivo, ou se motivo há é porque lhes pagam para assim gritar. Melhor, tudo não passa da preocupação em “ensaboar” seus anunciantes e desta forma condicionar a clientela a comprar somente nas grandes redes, afinal é nelas o melhor preço e nelas as melhores oportunidades, enquanto nas demais para o consumidor é perda de tempo consumir, pois estão em decadência.

A explicação para o fenômeno verde-amarelo talvez esteja na história, nela veremos que a nação se formou através de monopólios extrativistas e escravocrata e que, muito possivelmente, seus arautos privados repetem a cantilena, protegendo e dizendo que os monopólios são bem-vindos diante dos dispensáveis pequenos e médios segmentos da economia.

Não escrevo, no entanto, para falar em economia, que, aliás, é assunto maltratado e esquecido quando se fala de cultura, como se produto cultural fosse feito detergente e sabão em pó numa prateleira, pequenas mudanças nas fórmulas e rótulos e o consumidor se dará por satisfeito com a aquisição. O objetivo é, de fato, trazer para o centro das atenções que o sistema literário na França e seus desdobramentos comerciais e educacionais, são vistos como patrimônio cultural da nação, tendo lei que regulamenta e uma definitiva e eficaz ação do estado. Em outras palavras, lá não se atira o mundo literário quase que exclusivamente à mão cega e voraz da livre iniciativa, lá se entende a importância do livro e sua relação estreita com a cultura de um povo. Em resumo, proteger o livro e os pequenos e médios livreiros é proteger também a educação e a riqueza do país.


 Paulo Tedesco é escritor premiado em concursos de poesia entre os anos de 1996 e 1998 pelas prefeituras municipais de Farroupilha e Caxias do Sul. Residiu em Fort Lauderdale / Flórida, Estados Unidos, onde colaborou intensamente com jornais e sítios eletrônicos da comunidade brasileira. Atualmente participa na Oficina Literária Charles Kiefer em Porto Alegre/RS, cidade onde exerce a profissão de consultor gráfico-editorial
www.oficinadolivro.net.br/
www.facebook.com/oficinadolivro/info

Um comentário

sérgio disse...

Paulo,
Adorei o texto, pois um só um país com a tradição cultural como a França pode dar esse exemplo.
Pobres países, povos que mergulham na mediocridade da cultura/lixo do "mundo descartável".