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NÃO FUI EU QUE INVENTEI O SIGNIFICADO DAS PALAVRAS [Geraldo Trombin]


gravura de: neuraurbana.wordpress.com
NÃO FUI EU QUE INVENTEI O SIGNIFICADO DAS PALAVRAS


Não sei se estive por aqui em outras épocas, mas, quando vim para cá (no outonal primeiro de abril de 1959), elas já habitavam alfabeticamente as páginas dos pais dos burros em seus mais variados formatos.

Hoje, algumas palavras como AMOR, CARÁTER, HONESTIDADE e RESPEITO não têm o mesmo valor que tinham nos tempos dos meus pais e dos meus avós. Desvalorizaram. Perderam o significado. Não significam mais nada!

Em vez de “forte afeição por outra pessoa, laços de amizade, devoção, adoração, admiração, benevolência ou relação amorosa”, AMOR poderia ser “jogo de interesses, traição, desafeto, ódio, briga, surra”, mas não é!

Em vez de “feitio ou firmeza moral, coerência nos atos, índole ou conjunto de atributos de um indivíduo”, CARÁTER poderia ser “pessoa de duas caras, hipocrisia”, mas não é!

Em vez de “qualidade de honesto, do que apresenta probidade, honradez ou decência, do que tem pureza e é moralmente irrepreensível”, HONESTIDADE poderia ser “aproveitar-se da ingenuidade e crença alheia, politicagem, enganação ou amoralidade”, mas não é! 

Em vez de “ato ou efeito de respeitar(-se), consideração, deferência, reverência, estima ou consideração por alguém”, RESPEITO poderia ser “desprezo, desapreço, desvalorização da vida”, mas não é! 

Como o Novo Acordo Ortográfico ainda não entrou em vigor oficialmente – e está sujeito a novas alterações –, sugiro que sejam extraídos das páginas reais e virtuais dos nossos dicionários esses e outros tantos vocábulos que não encontram mais lugar nem significado em nossa fala, em nossa mente, em nosso coração, em nossas atitudes. Enfim, em nosso mundo. Ou, então, que se crie um lugarzinho sagrado para acolher todos eles – a necrópole das palavras. Assim, de vez em quando, a gente poderia fazer uma visitinha para tentar matar a saudade, refletir e orar pelas suas almas. Aliás, para aonde vão palavras como essas quando elas morrem?

26.02.13 - Jornal O Liberal - Americana - SP
Título Original:
NÃO FUI EU QUE INVENTEI O SIGNIFICADO DAS PALAVRAS


GERALDO TROMBIN-Publicitário, autor de “Transparecer a Escuridão” e “Só Concursados –diVersos poemas, crônicas e contos premiados.
gtrombin@terra.com.br

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