DESTINO OU ILUSÃO, DE
BÁRBARA CONTE
Um
pouco da história:
Tudo começa quando Cecília
(ou Ceci) precisa ir ao médico em razão de um gripe forte e, enquanto aguarda
pelo atendimento, vê Pedro, um garoto da sua escola que nunca havia chamado a
sua atenção. Porém, sem razão aparente, naquele momento eles trocam um olhar
intenso, firme e impactante, que deixa a garota confusa e sem graça, afinal,
ela namora Juca.
A partir daquele encontro
Ceci e Pedro começam a conversar com frequência e o vínculo entre eles se torna
cada vez mais intenso. Em meio a esse
contexto, o relacionamento dela e de Juca se torna insuportável e chega ao fim,
mas nesse período, Pedro estava nos Estados Unidos. Quando ele retorna da
viagem e os dois conseguem um encontro, todas as expectativas de Ceci vão por
água baixo e ela resolve se afastar daquele garoto que por tanto tempo
idealizou.
A vida deles toma rumos
diferentes: ela vai para São Paulo e ele para Minas Gerais, ela se envolve com
outros garotos e vive novas experiências, mas está sempre confusa em relação
aos sentimentos e desejos pelo garoto.
Acontece, que com todas as
mudanças, um único motivo os une: o fato de serem da mesma cidade do interior e
se encontrarem por lá nas férias e feriados. Os encontros por muito tempo
permanecem estranhos, um sem jeito com o outro, o que faz com que eles mal se
cumprimentam. No entanto, um dia, Pedro retorna o contato e eles começam um
jogo de atração e ódio que os cerca por um longo tempo, até que uma decisão
precisa ser tomada de forma definitiva.
Nossas
impressões:
Como sempre menciono aqui
no blog, gostar ou não de um livro envolve vários fatores: alguns diretamente
ligados à narrativa e outros que se relacionam com as diversas fases que
passamos na vida. Já repararam que algumas vezes lemos uma história e amamos e,
um tempo depois, relemos e percebemos que não é aquilo tudo? Pois é!
Acerca da
"fase", confesso que atualmente estou buscando histórias que me
permitem refletir, questionar e duvidar do que eu sei e que acredito. Quero
narrativas inquietantes e que me prendem não só pela leveza ou pelo encanto dos
personagens, mas sim pelos pontos complexos, controversos e possivelmente sem
resposta que apresentam. Acredito que esse fator (não isolado, mas somado a
outros) contribuiu muito para a minha opinião sobre esse livro.
No que se refere
especificamente à história, admito que não me senti envolvida. Apesar de
apresentar apresentar um ideia central interessante, a escritora narrou todos
os fatos com muita rapidez e optou por capítulos curtos (em média de 2 a 4
páginas), o que não permitiu uma real aproximação com os personagens. Eles
ficaram distantes e eu não consegui captar as suas razões ou a intensidade dos
seus sentimentos.
Além disso, grande parte
da narrativa se dá por meio de conversas em redes sociais, entre elas Orkut,
MSN, Twitter e Facebook, o que particularmente não me atrai. Primeiro porque
como em regra esse tipo de diálogo é superficial, o que impede a solidez da
história, segundo porque se torna cansativo e até mesmo repetitivo. Vou colocar
uma página do livro para exemplificar:
Ainda sobre a narrativa,
além do excesso de informalidade em razão da forma de diálogo travada entre os
personagens, a edição deixou passar alguns erros de pontuação.
Outra questão que merece
ser pontuada está relacionada ao amadurecimento da personagem central: Cecília
tem 15 anos quando a história começa. Ela conclui o segundo grau, muda de
cidade para fazer faculdade e faz um intercâmbio, o que pressupõe inúmeros
amadurecimentos. Porém, os seus pensamentos em relação a Pedro e até mesmo as
conversas que tem com o garoto continuam no mesmo nível de quando ela o
conheceu, o que de certa forma é incoerente. Não quero dizer que temos que
amadurecer de uma vez em todos os pontos, mas pelo menos alguma coisa na nossa
forma de enxergar a vida muda e, no caso do livro, nem a forma dela se comunicar
(ou se expressar) mudou.
Bom, em meio a tudo isso,
preciso mencionar alguns diferenciais válidos:
- Cecília é alegre, vê a
vida de forma positiva e mesmo diante dos problemas nos inúmeros relacionamentos
que tem, não se sente complexada, inferior ou deprimida;
- ela não larga todos os
seus planos e projetos de vida para correr atrás do relacionamento dos sonhos;
- o garoto que
"idealiza" não é perfeito, lindo, rico, cavalheiro e super romântico;
- o final não é previsível
e permite duas conclusões interessantes: 1) na vida nem sempre os nossos
desejos correspondem às nossas melhores escolhas; 2) amor e atração são figuras
diferentes e que não devem ser confundidas.
Por fim, a leitura é leve
e rápida (li em poucas horas), a capa é linda e a contracapa mais linda ainda.
Isabela Lapa e Kellen Pavão – Administradoras do blog Universo dos Leitores,
que fala de livros e de tudo que estiver relacionado a estes pequenos
pedaços de papel que nos transferem do mundo real para o universo dos
sonhos, das palavras e da felicidade!
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