Uili Bergamin-Nasci
em Bento Gonçalves e ainda criança mudei-me para Cotiporã. Já adulto,
estabeleci-me em Caxias do Sul, onde venci inúmeros prêmios literários,
nacionais e internacionais. Sou autor de seis livros: "O Sino do
Campanário" (contos), "Cela de Papel" (novela), "Do Útero do Mundo"
(poesias), "A Ilha Mágica" (juvenil), "Contos de Amores Vãos" (contos) e
"Tetraedro" (crônicas) em parceria com mais três autores caxienses.
Também escrevo para a Revista Acontece Sul, onde indico bons livros e
colaboro para jornais da região.
"O
difícil não é a gente ter boas idéias. Nem falar delas. Difícil mesmo é
encontrar alguém, especial, que as ouça. No entanto, pior do que não
ter a quem contar o que a gente sente, é contar o que a gente sente a
quem não sente o que a gente conta. É dolorido. É o diabo." Trecho do
livro "Cela de Papel".
Entrevista à Paula Cajaty - Rio de Janeiro
Uili Bergamin é um dos melhores exemplos da força
literária de Caxias do Sul. Além de se destacar ganhando inúmeras premiações
literárias na Serra Gaúcha, ele escreve para jornais e revistas, participa dos
eventos culturais das charmosas cidades sulistas, escreve livros que viram
best-sellers nas escolas caxienses e ainda tem fôlego para bancar um blog onde
ele conta suas andanças e informa o que há de novo Brasil afora. Longe dos
livros, Uili ainda mostra que é excelente anfitrião, conhece o Sul de olhos
fechados e faz questão de convidar seus amigos e escritores a provarem (e
lerem) o que Caxias tem de melhor.
Paula: Na biografia que consta em seu blog, você
destaca, em primeiro lugar, logo após sua mudança para Caxias do Sul, o fato de
ter vencido diversos prêmios nacionais e internacionais. Você acha que, para um
autor estreante, a disputa em concursos e premiações traz mais experiência
literária, ou apenas mais notoriedade?
Uili: No meu caso, posso dizer que trouxe as duas
coisas. O fato de escrever para concursos obriga a duas situações: primeiro,
achar um assunto original, depois escrevê-lo da melhor forma possível. Isso
acaba trazendo experiência e os prêmios indicam que você está no caminho certo.
Claro que não podemos levar isso à risca. Todo concurso é relativo. Mas no meu
caso, os prêmios acabaram me tornado conhecido antes mesmo de ter um livro
publicado. Já havia uma expectativa por parte do público e acredito que boa
parte da procura por meu primeiro título se deveu a isso.
Paula: Sua obra de estreia é uma coletânea de contos 'O
sino do campanário', que teve excelente repercussão de mídia e público,
alcançando inclusive as salas de aula (e de cinema) de toda a Serra Gaúcha. Há,
no entanto, autores e editores que desdenham da importância dos livros de
contos. O que o motivou a trilhar esse caminho e publicar contos em sua
estreia?
Uili: Foi puro acaso. Na verdade comecei escrevendo
poesias e sempre achei que meu primeiro livro seria em versos. O que aconteceu
foi que participei de uma espécie de concurso, cuja premiação era a publicação
da obra. Inscrevi “O Sino do Campanário”, coletânea de contos, e também uma
coletânea de poemas. Ganhei com os contos. Quanto ao desdém de alguns com
relação ao conto, isso é verdade. Todos vivem me cobrando um romance, embora um
de meus contos tenha sido adaptado para o cinema e muitos deles sejam estudados
em escolas. Adoro a narrativa curta, mas há um preconceito sobre ela,
infelizmente.
Paula: Após se aventurar por um texto mais complexo, a
novela 'Cela de papel', você surpreendeu aos seus leitores publicando um livro
de poesias. Afinal, em qual estilo o escritor Uili Bergamin se sente mais à
vontade? Na prosa curta, no livro de maior fôlego, ou na poesia?
Uili: Para ser sincero, ainda estou tentando descobrir
isso. A poesia me encanta pela concisão, pelo ritmo, pela sugestividade. O
conto é uma pancada seca, arrebatadora. A narrativa longa é a trama, a
resistência, um teste para qualquer escritor. Neste momento de minha vida posso
dizer que é o conto o que mais me fascina, até porque meu livro “Contos de
Amores Vãos”, coletânea de vinte narrativas curtas, teve ótima aceitação. É meu
melhor livro, até o momento. Sou apaixonado por ele.
Paula: A par das suas atividades literárias, você
também abraçou a comunicação: escreveu para jornais, apresentou programas de TV
e faz resenhas literárias para a Revista Acontece Sul. Conte como é sua pauta
nesses meios de comunicação: é mais voltada para a literatura e sua difusão,
divulgando autores e livros, ou também aborda as novidades do mercado
editorial?
Uili: Na verdade não tenho formação jornalística e em
todos esses casos aceitei convites para colaborar. Não me preocupo muito com as
novidades. Minha preocupação maior é com a qualidade literária do que vou
resenhar, do escritor que vou entrevistar. Meu compromisso é com a literatura e
sua difusão. Não importa se é lançamento ou se foi publicado.
Paula Cajaty. Carioca, nascida em 1975, iniciou a
carreira no Direito, mas encontrou na literatura o caminho para alcançar os
próprios sonhos e prazeres. Em 2008, lançou o primeiro livro, Afrodite in
verso, que tem como principais componentes a sensualidade, o romantismo e a
poesia. O livro ganhou orelha do poeta Fabrício Carpinejar, e elogios de
diversos escritores já consagrados por crítica e público. Outras informações em
seu site (clique aqui).
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Um comentário
Parabéns, Uili, parabéns Paula, pela excelente entrevista e pela divulgação da literatura da região!
Jussára
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