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Nélida Piñon lança volume de ensaio onde cita sua relação de amizade com Clarice Lispector [Carlos Herculano Lopes]

Nélida Piñon lança volume de ensaio onde cita sua relação de amizade com Clarice Lispector

A escritora acredita que o passado é matéria viva para romances e reflexões sobre a existência. 


Se no clássico 'A república dos sonhos' a romancista, ensaísta e ex-presidente da Academia Brasileira de Letras Nélida Piñon volta à Galícia, na Espanha, para falar de suas raízes e de seus antepassados, em 'O livro das horas', com o mesmo encantamento, nos envolve em dezenas de histórias vividas ao longo dos anos. Logo nas primeiras linhas, com o coração aberto, confessa: “Não sou forte nem poderosa. Tampouco estou na flor dos 20 anos. Não faz falta enaltecer o meu retrato que a mãe Carmen outrora pendurou em seu quarto antes de morrer, com a intenção de eternizar a juventude da filha na sua retina... A cada dia aprendo a amar. A família, os amigos, as línguas, as instância da vida e da arte.”

Nascida em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio de Janeiro, há 76 anos, Nélida Piñon estreou na literatura em 1961, com o romance 'Guia-mapa' de Gabriel Arcanjo, primeiro passo na carreira literária que a levaria a se tornar uma das escritoras mais respeitadas do país. Na sequência vieram outros livros, como 'Madeira feita de cruz', de 1963; 'O fundador', de 1969; e 'Vozes do deserto', que lhe valeu o Prêmio Jabuti de 2005.

Como uma Sherazade moderna, à qual não falta o poder da sedução, em 'O livro das horas' – que ela lançou no dia 27/08 em Belo Horizonte no projeto Ofício da Palavra –, Nélida Piñon fala de coisas bem íntimas, como da sua relação de amizade com Clarice Lispector. As duas se conheceram em 1961 – Clarice já consagrada e Nélida uma estreante. “Clarice me faz falta, dói-me falar nela. Sua amizade me fez crescer”, diz. 

Às vezes costumavam ir juntas visitar uma cartomante chamada Nadir, na qual Clarice acreditava muito. Nélida lembra que a amiga, mesmo sendo de família judaica, gostava de ler o Novo testamento e se interessava pelo catolicismo, tendo inclusive revelado a uma amiga, Olga Borelli, que gostaria de ser enterrada como cristã.

Nélida não se furta também em dizer, com uma sinceridade tocante, que a memória é frágil e que às vezes consulta fontes, no afã de defender seus haveres. “Confundo a coroa de louros com a de espinhos. E quem será dono de mim? Eu ou minha memória, que funciona como um legado paralelo ao meu ser. Uma matéria que mal domino e com a qual não conto quando mais a necessito”, confessa. 


LIVRO DAS HORAS
AUTOR Nélida Piñon
EDITORA Record
QUANTO R$ 39,90 (208 págs.)











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