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O mistério de Curitiba [Luiz Claudio Oliveira]

O mistério de Curitiba 

Luiz Claudio Oliveira - luizs@gazetadopovo.com.br 

Há um mistério rondando a música curitibana. Uma nova banda, cujo nome é “wekogoi” e os componentes são… Bem, este é justamente o mistério. A banda não divulga o nome dos componentes. Fica uma coisa assim meio Gorillaz, mas sem as representações animadas dos músicos. A única coisa que há de concreto para quem não conhece os componentes pessoalmente é o som, que pode ser ouvido pelo Soundcloud: soundcloud.com/wekogoi.

Pois eu fiz uma breve entrevista com um dos componentes, que só aceitou falar desde que não revelasse a sua identidade. Então, vou chamá-lo de Mister L., uma das iniciais do nome dele e do meu. E o outro músico será o Mister M.



O que é o wekogoi? 

‘Kogoi’ quer dizer ‘o que sustenta e alimenta o ser’. Então o projeto kogoi começou de experiências sonoras minhas e do Mister M. que tocava comigo na “xxxx” (nome da antiga banda deles, que também não pode ser mencionada). A “xxxx” nunca foi algo que nos sentíamos à vontade fazendo e nisso fomos conversando mais sobre ter bandas e “dar certo”, essas coisas. Chegamos à conclusão que nosso prazer é apenas fazer músicas e, nesse processo, aprender sobre nós mesmos e que não queremos sucesso e sim respeito. Queremos fãs de verdade, fãs das nossas músicas e nada mais. Não queremos nem lucrar ou ficar fazendo shows para pessoas desinteressadas em música! 

É por isso o mistério em torno do nome de vocês? 

O kogoi é tratado por nós como uma entidade. Não assinamos o projeto como indivíduos, somos o kogoi, daí vem wekogoi, que usamos como assinatura. Nosso objetivo era ser um coletivo de pessoas que pensam parecido e fazem qualquer tipo de arte, mas ninguém se animou, haha! 

Mas qual é o projeto, se é que tem projeto? Haverá lançamentos futuros? 

No fim das contas, o kogoi são quatro músicas cheias de referências de nossas infâncias com samplers do Sítio do Pica Pau Amarelo e jingles que marcaram alguma época da nossa infância. Enchemos de tantos detalhes as músicas e pensamos em cada timbre pra causar certas sensações. Fizemos músicas pra nós mesmos e nos divertimos muito produzindo dessa maneira. Se as pessoas gostarem, ótimo, mas foi um processo desgastante também e, por enquanto, não queremos e não temos conceito para um segundo EP! 

O som 

Como o Mister L. adiantou acima, o som é quase um prolongamento do conceito de desaparecer, de subtrair a identidade, pois há inúmeras referências. Na verdade há uma diluição em meio a referências e que constroem um pop eletrônico misturando guitarras distorcidas com sons de flautas japonesas, um ritmo dance, um vocal indie, meio post rock, meio rock. Ora dançante, ora reflexivo. Letras em inglês com nomes e motivos como “Sarajevo”, “Babauno”, “Foolish Laughs” e “Restless of Mature Candy”. Tudo o que eu ouvi e vi de Mister M., antes e agora, traz o frescor de algo novo, criativo. Certamente alguns vocais e algumas guitarras poderão conduzir as pessoas a desfazer o mistério da identidade dele.

Mais que reciclar, o que ele faz é uma recriação. Dali sai sempre algo com uma assinatura própria, surpreendente. Dá a impressão de que fará bem qualquer coisa artística. Desenho, cinema, teatro, literatura, gastronomia. Pela maneira com que se dedica aos detalhes e deixa tudo redondo, a impressão é que a arte estará com ele faça o que fizer. E de tempos em tempos vai nos presenteando com um pouco dela.

Lembremos o início da conversa, quando ele explica que “kogoi” quer dizer “o que sustenta e alimenta o ser”. No caso dele, sem dúvida, o que sustenta e alimenta o ser é a arte. E tudo o que fizer, fará com arte.



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