Dança, vinho e deuses
Amanhã tudo estará vestido de azul! Digo isto com o
mesmo entusiasmo quando vejo o céu pesado e cinzento, o que para mim é o
despertar do choro e das angústias celestes. Mas, não só! É a beleza escondida
por trás do universo revelando sua dança triste, o que para os poetas e
apaixonados, não passa do choro pesado do deus enigmático à espera de sua musa
que ainda não voltara da grande viagem - aquela em que os deuses desaparecem
embriagados, tomando formas mortais e provando das angústias humanas.
Bem sabemos que a dança representa não só o encontro de
dois mundos, mas a troca de experiências inacabadas, o toque entre corpos
envolvidos pela mágica da substância vívida e mortal.
As notas musicais soam como o sopro dos deuses, gelando
a espinha e corrompendo a alma, mas, que em sua essência é o rito, a
composição, o arranjo exato que dá o ritmo aos amantes embriagados pelo vinho
cortesão. Belo acompanhamento para falarmos de sensações da carne, e assim como
o sangue, sua leveza se faz cristalina, aguda e doce, outras vezes, parece que
seu efeito corta a alma, trazendo à tona um sabor amargo e uma cor turva que confunde
a composição das uvas.
Porém, fora a bebida predileta, servida nos banquetes e
ofertada aos deuses das antigas e poderosas civilizações. Da Grécia à Roma
Antiga, onde Dioniso e Baco se camuflavam em esperados dias e longas
bebedeiras, realizando as vontades do
instinto humano, seja nas festas dionisíacas ou nas bacanais, o que simbolizava
dias de lazer, descanso e luxo! Sim, porque satisfazer os desejos da carne, sem
proibições ou leis, é um luxo de valor inestimável. Além disso, existiam as
deusas, musas, semideusas, dentre tantas mulheres de beleza incontestável para
enlouquecer e rodopiar em arrebatadores suspiros as inspirações dos homens;
aquelas, metade humana e a outra, divina.
Foi assim que os homens começaram a beirar o precipício
da loucura para a realização de seus amores plurais, o que não quer dizer que
tais desejos surgiram a partir desse culto ao vinho e seus deuses, mas de
inquietações maiores, inescrupulosas e carentes de linguagens vulgares; estava
lá apenas a expressão purificada dos laços humanísticos que enganam e
transformam o que denominamos sanidade ou pudor da carne.
Patrícia Dantas - Amante da arte de escrever e descobrir nas histórias a construção das palavras.
Possuo, desde 2010, uma página atualizada no Recanto das Letras:
Participei da Focus - Antologia Poética VII, pela Cogito Editora:
http://www.cogitoeditora.com/patricia-dantas-focus-antologia-poetica-vii/
Meu Blog: Intimidades de uma Escritora
Portal BVEC (Biblioteca Virtual do Escritor Contemporâneo:
http://www.portalbvec.net/Patricia_Dantas/
Vem ai a ANTOLOGIA MUNDO, da Cogito Editora! Vou participar!!
Um brinde ao encanto das palavras!
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