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QUEM ESPERA SEMPRE CANSA! [Geraldo Trombin]

QUEM ESPERA SEMPRE CANSA!

Pontualidade britânica? Apesar de citada pelos quatro cantos do Brasil, pelo jeito só deve ser respeitada no seu país de origem. E olha lá, se não for mais uma invenção de marqueteiro, que sempre cria promessas camufladas que as empresas nunca vão cumprir. Talvez seja obra do mesmo que criou o gerundismo no telemarketing como forma de “embromation” ou “enrolation” para esquivar a responsabilidade de qualquer problema.

Voltando à questão da pontualidade, marquei dia e horário com um fornecedor para visitar um cliente: sexta-feira, às nove. Deu nove e quinze, nove e meia, dez para as dez, dez horas e um minuto, e nada. Deu a maior raiva, viu! Sequer uma ligação para uma desculpa esfarrapada qualquer. O Fábio, meu sócio e amigo, virou e disse: – Ou você dá risada ou tá fu...! No começo, confesso, fiquei com a maior bronca: que tamanha falta de respeito! Depois, pensando melhor, resolvi transformar minha ira nestas linhas de indignação e desabafo.

Ah! Dez e cinco toca o interfone, era o fulano: mais de uma hora de atraso. Mal entrou, comentei com certa ironia: – Sua pontualidade me estimulou a escrever uma crônica! Ele ficou todo sem graça. Mas sem graça, extremamente preocupado e inseguro fica quem vive esperando! Esperando a punição do político corrupto que anda cada vez mais descarado. Esperando que a justiça seja feita contra o motorista embriagado que sobe na calçada, atropela e ceifa parte do corpo ou tira a vida da inocente vítima. Esperando a ação efetiva do governo para acabar com a onda crescente de violência, que rouba, sequestra, estupra e até fogo ateia em gente (índio, dentista, morador de rua), e fica impune. Esperando solução para que o sistema público de saúde atenda com decência seus pacientes. Esperando que o relacionamento humano resgate seus verdadeiros valores. Esperando respeito, esperando honestidade, esperando dignidade... É, isso realmente cansa!


 19.07.13 - Jornal O Liberal - Americana - SP


Geraldo Trombin, publicitário, é colunista do blog ContemporArtes e colaborador do jornal “O Liberal”, de Americana/SP.Lançou em 1981 “Transparecer a Escuridão”, produção independente de poesias e crônicas, e em 2010 “Só Concursados - diVersos poemas, crônicas e contos premiados”.
Tem classificações em inúmeros concursos literários realizados em várias partes do país e também em Portugal, além de trabalhos publicados em jornal e diversas antologias.


6 comentários

Gladis disse...

Belíssima crônica Geraldo. A gente continua esperando aquele trem...que "já" vem....
Sucesso!
Gladis

Cinthia Kriemler disse...

Eu tenho muita esperança, ainda, de que esse cansaço nosso vire uma cobrança persistente em cima dessa cambada de corruptos e assassinos e irresponsáveis. Bela crônica, consciente, pontual, enxuta e honesta! Muito boa!

Cinthia Kriemler disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
cecilia disse...

Olá, Geraldo Trombin! Mas uma crõnica super bem escrita. E, olha, também cansa esperar por suas crônicas, viu? Gostaria que fossem mais frequentes, tão boas são!

geraldo trombin disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
geraldo trombin disse...

Oi, Meninas, obrigado! Esse tipo de cansaço-esperança irrita muito a mim, ariano, que vira e mexe tem que rodar a baiana pras coisas acontecerem... vamos rodar então... sempre!